22/07/2015
S. Maria Madalena
- Tempo Comum - XVI semana
Maria,
presumivelmente nascida em Magdala, pequena povoação nas margens do lago de
Tiberíade, é uma das mulheres que seguiram e serviram o Senhor durante a sua
vida pública (cf. Mt 20, 55s.). Diz-se que, libertada por Jesus da opressão dos
demónios, O seguiu fielmente até aos pés da cruz. Quando, no primeiro dia da
semana, foi ao túmulo de Jesus, e o encontrou vazio, permaneceu junto dele a
chorar e a perguntar pelo seu Mestre. Encontrou-O quando O ouviu chamar pelo
seu nome: “Maria!”. E tornou-se a primeira testemunha da Ressurreição, levando
a Boa Notícia aos próprios Apóstolos.
Lectio
Primeira
leitura: Cântico dos Cânticos 3, 1-4a
Eis o que diz a
esposa: No meu leito, toda a noite, procurei aquele que o meu coração ama;
procurei-o e não o encontrei. 2Vou
levantar-me e dar voltas pela cidade: pelas praças e pelas ruas, procurarei
aquele que o meu coração ama.Procurei-o e não o encontrei.3Encontraram-me os guardas que
fazem ronda pela cidade: «Vistes aquele que o meu coração ama?» 4Mal me apartei deles,
logo encontrei aquele que o meu coração ama.
O livro do Cântico dos
Cânticos, não só consagra o amor entre o homem e a mulher, mas é, sobretudo, a
expressão simbólica do amor de Deus pelo seu povo. Também aquele e aquela que
têm sede de Deus experimentam longas noites de silêncio, de incompreensível
ausência, que lhes purificam os desejos, por vezes bastante redutivos. E,
então, reacende-se o desejo de Deus, mais ardente, mais desinteressado, mais
vital. É preciso perseverar na ânsia de encontrar a Deus, pedir ajuda e
conselho a quem possa ajudar a encontrá-lo, sabendo que Ele é maior do que os
nossos desejos e do que aqueles que nos ajudam a procurá-lo. Se não desistirmos
de O procurar, Ele aparecerá quando e onde menos O esperarmos.
Evangelho:
João 20, 1.11-18
No primeiro dia da
semana, Maria Madalena foi ao túmulo logo de manhã, ainda escuro, e viu
retirada a pedra que o tapava. 11E
ficou junto ao túmulo, da parte de fora, a chorar. Sem parar de chorar,
debruçou-se para dentro do túmulo, 12e
contemplou dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha estado o corpo de
Jesus, um à cabeceira e o outro aos pés. 13Perguntaram-lhe: «Mulher, porque choras?» E ela
respondeu: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram.» 14Dito isto, voltou-se
para trás e viu Jesus, de pé, mas não se dava conta que era Ele. 15E Jesus disse-lhe:
«Mulher, porque choras? Quem procuras?» Ela, pensando que era o encarregado do
horto, disse-lhe: «Senhor, se foste tu que o tiraste, diz-me onde o puseste,
que eu vou buscá-lo.» 16Disse-lhe
Jesus: «Maria!» Ela, aproximando-se, exclamou em hebraico: «Rabbuni!» - que
quer dizer: «Mestre!» 17Jesus
disse-lhe: «Não me detenhas, pois ainda não subi para o Pai; mas vai ter com os
meus irmãos e diz-lhes: ‘Subo para o meu Pai, que é vosso Pai, para o meu Deus,
que é vosso Deus.’» 18Maria
Madalena foi e anunciou aos discípulos: «Vi o Senhor!» E contou o que Ele lhe
tinha dito.
Maria de Magdala, com
o seu ardente amor por Jesus, permanece fiel mesmo depois da tragédia do
Calvário. Procura-o obstinadamente, e nem o sepulcro vazio a fazem desanimar.
Esta mulher é símbolo da Igreja/Esposa, e de toda a alma que procura a Cristo,
sabendo que não tem para Lhe oferecer senão lágrimas de amor. O Senhor
Ressuscitado e Glorioso deixa-se encontrar por quem assim O procura. Mas só O
reconheceremos quando Ele nos chamar pelo nome e nos der a perceber que nos
conhece mais a fundo do que pensamos. O encontro encher-nos-á de alegria e
far-nos-á viver uma vida nova transfigurada pelo Senhor.
Meditatio
Maria Madalena é, para
nós, modelo de amor ardente, fiel, reverente, um amor que não sabe e não quer
estar longe d´Aquele que ama e que O procura mesmo depois da morte.
Há diversos tipos de
investigação, de procura. A investigação científica, a investigação literária,
a procura do sucesso. E todas dão algum sentido à vida. Mas a investigação mais
adequada ao homem, mais digna dele é a procura de Deus por amor. Tal procura
faz o homem sair de si mesmo em direção ao outro, ao amado, a Cristo, Deus
feito homem. “Procurei-o e não o encontrei”, diz a esposa dos Cantares. E teve
que sair de casa e da cidade para o encontrar. Maria Madalena poderia dizer o
mesmo, pois nem sequer encontrou o corpo do seu Senhor. Mas não desistiu de O
encontrar, como, tantas vezes, fazemos nós, nos momentos de desolação. Ficou
junto ao túmulo, a chorar, a fazer perguntas… E encontrou-O! Encontrou-O
quando, Ele mesmo, se deu a conhecer, chamando-a pelo nome: “Maria!”. Então,
abriram-se-lhe os olhos da mente e do coração: “Rabuni!”, exclamou. Os nossos
esforços são precisos. Mas não são suficientes para encontrar Jesus. A fé é um
dom, uma graça. Há que procurar persistentemente, tenazmente, na oração. Mais
tarde ou mais cedo o Senhor revela-nos a sua grandeza e poderemos gritar: “Vi o
Senhor!” e dar testemunho do Ressuscitado, como Madalena, os Apóstolos e tantos
irmãos ao longo da história, e ainda nos nossos dias. Quem conheceu a longa
noite da espera e do desejo tornou-se, muitas vezes, testemunha ardorosa e
eficaz da Ressurreição do Senhor.
Oratio
Santa Maria Madalena,
derramando lágrimas, e procurando Jesus, acabaste por encontrá-lo. Bebeste na
fonte da misericórdia, e foste saciada. Tornaste-te a primeira testemunha da
Ressurreição, e a evangelizadora dos próprios Apóstolos. Hoje, dirijo-me a ti,
confiando na tua poderosa intercessão junto do Senhor Jesus. Também eu sou
pecador. Também eu procuro o meu Senhor, no meio de muitas trevas. Alcança-me a
graça da compunção, a graça da humildade, e o desejo da pátria celeste. Que
lave os meus pecados nas lágrimas do arrependimento e seja saciado do amor e da
misericórdia que brotam do Lado aberto e do Coração trespassado do meu Senhor.
Ámen.
Contemplatio
Jesus pede o amor
puro, o amor desinteressado. Quer que aceitemos a aridez, se ela se apresenta,
e que mesmo procurando-o, saibamos prescindir da doçura da sua presença.
Procuremos Jesus com um amor desvelado, como Madalena, com um amor
verdadeiramente dedicado, com o desejo de lhe oferecer o perfume do nosso afeto
e da nossa compaixão. Não podemos estar sempre junto de Jesus na oração,
saibamos também servi-lo na pessoa dos seus irmãos. Jesus diz a Madalena: «Vai
ter com os meus irmãos para lhes participares a minha ressurreição». Vamos ter
com os seus irmãos para lhes sermos piedosamente úteis, edificando-os,
falando-lhes d’Ele, realizando junto deles algum ato de apostolado. Procuremos
Jesus fielmente e de todo nunca o abandonemos, nem por temor, nem por desânimo,
nem por causa da nossa vida passada, nem por causa das tentações e das
perseguições. Com que ardor Madalena procura o seu bem amado! Ela é a primeira
junto do sepulcro no dia de Páscoa. Lá está antes do nascer do dia. Corre a
informar-se junto de S. Pedro e de S. João. Volta, mantém-se lá à espera,
chora. Dirige-se àquele que ela julga ser o jardineiro, e é Jesus mesmo que a
recompensa com o seu afeto tão terno. Mas diz-lhe o «Não me toques!», para lhe
recordar que o nosso amor deve ser absolutamente puro, sobrenatural e
desinteressado. (Leão Dehon, OSP 4, p. 82s.).
Actio
Repete muitas vezes e
vive hoje a palavra:
“Se alguém está em
Cristo, é uma nova criatura” (2 Cor 5, 17)
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S. Maria Madalena (22
Julho)
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