23/07/2015
S. Brígida -
Tempo Comum - XVI semana
Santa
Brígida nasceu na Suécia em 1303. Casou muito jovem e teve oito filhos. Já
membro da Ordem terceira de S. Francisco, depois da morte do marido, iniciou
uma vida de grande austeridade e penitência, continuando a viver na família.
Acabou por fundar uma Ordem Religiosa e, partindo para Roma, foi para todos
exemplo de grande virtude. Fez diversas peregrinações e escreveu muitas obras
em que narra as suas experiências místicas. Morreu em Roma em 1373. É a santa
mais famosa dos países escandinavos. Com S. Catarina de Sena e S. Teresa
Benedita da Cruz, é padroeira da Europa.
Lectio
Primeira
leitura: Gálatas 2, 19-20
Irmãos: Eu pela Lei
morri para a Lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo. 20Já não sou eu que vivo,
mas é Cristo que vive em mim. E a vida que agora tenho na carne, vivo-a na fé
do Filho de Deus que me amou e a si mesmo se entregou por mim.
Paulo diz, “pela Lei
morri para a Lei, a fim de viver para Deus” (v. 19). Ele era um daqueles judeus
que afirmavam que a aceitação da Lei produzia por si mesma (ex opere operato) a
vinculação a Deus. Ao converter-se, morreu para essa conceção pelagiana do
religioso: considerar que, nas relações do homem com Deus, é o homem que tem a
iniciativa. Pelo contrário, a vida religiosa está, por assim dizer, acima do
“eu”: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim.” (v. 20). Não se
trata de nenhuma substituição. Paulo não está a fazer antropologia, mas a expor
a sua experiência religiosa. Se a presença de Deus no homem fosse o resultado
de um esforço puramente humano, “a graça de Deus” seria como que “inútil”. A fé
é sempre um dom gratuito. Não há mecanismo catequético ou evangelizador que,
por si só, produza a graça nos crentes. A “graça” é mesmo gratuidade de Deus.
Compete-nos “apenas” acolhê-la e corresponder-lhe.
Evangelho: João
15, 1-8
Naquele tempo, Jesus
disse aos seus discípulos: “Eu sou a videira verdadeira e o meu Pai é o
agricultor. 2Ele
corta todo o ramo que não dá fruto em mim e poda o que dá fruto, para que dê
mais fruto ainda. 3Vós
já estais purificados pela palavra que vos tenho anunciado. 4Permanecei em mim, que Eu
permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só
permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes
em mim. 5Eu sou
a videira; vós, os ramos. Quem permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto,
pois, sem mim, nada podeis fazer. 6Se
alguém não permanece em mim, é lançado fora, como um ramo, e seca. Esses são
apanhados e lançados ao fogo, e ardem.7Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem
em vós, pedi o que quiserdes, e assim vos acontecerá. 8Nisto se manifesta a
glória do meu Pai: em que deis muito fruto e vos comporteis como meus
discípulos.”
A alegoria da videira
e dos ramos garante-nos que a promessa da presença de Jesus no meio de nós está
cumprida. Há que “permanecer” n´Ele para produzir os frutos que Deus espera de
nós, ou melhor, permitir ao Espírito, a “seiva” divina, que produza em nós os
seus frutos. Por nós mesmos, não podemos produzi-los. A obra de Jesus, que
culminou na sua morte, “limpou-nos”. No nosso texto é a Palavra que aparece
como meio de purificação. Esta Palavra é a comunicação de Jesus aos seus
discípulos através da sua vida, da sua morte, da sua pessoa. Há que permanecer n´Ele.
Meditatio
Santa Brígida
deixou-se purificar pela Palavra. Na capela do SS. Sacramento, na Basílica de
S. Paulo, em Roma, há uma estátua de mármore da santa em atitude de quem escuta
a voz de Jesus Cristo, que lhe fala da cruz. Aos pés da estátua há uma legenda
que diz: “Com o ouvido atento recebe as palavras do seu Deus Crucificado;
recebe o Verbo de Deus no seu coração”. Efetivamente, uma caraterística de S.
Brígida foi a sua intimidade constante com Jesus, a sua familiaridade, as suas
íntimas comunicações, e a sua docilidade infantil. O que mais nos espanta nela
é a união extraordinária da vida interior e exterior. É uma santa mística que
vivia no céu e também uma santa peregrina, em constante movimento de fundações
e visitas a santuários.
Casada com o príncipe
Merício, descendente dos reis da Suécia, levou, com o marido, uma vida feliz,
no cumprimento fiel dos seus deveres de esposos e de pais. Deus, todavia, tinha
um outro projeto de vida para ela. O marido morreu muito mais cedo do que ambos
imaginavam. Então, Brígida repartiu equitativamente os bens pelos filhos e
consagrou-se inteiramente a Deus, numa vida austera de oração e penitência. Em
1349, Brígida seguiu para Roma com uma filha, a futura S. Catarina da Suécia.
Praticou uma vida de grande pobreza, chegando a pedir esmolas. A quem a
repreendia, por causa da sua condição nobre, respondeu: “Como Jesus se abaixou
sem pedir o vosso consentimento, porque não havia eu de prescindir dele quando
me esforço por imitá-lo?”.
Uns dez anos antes de
morrer, fundou a ordem de S. Salvador, que ainda hoje existe em diversos
países. Depois de peregrinar à Terra Santa, com a filha Catarina e outros dois
filhos, regressou a Roma, onde faleceu a 23 de Julho de 1373. Da peregrinação à
Terra Santa, dizia: “Foram os mais belos quinze meses da minha vida”. Foi na
Terra Santa que “se cumpriu o mistério da nossa redenção e donde a Palavra de
Deus se difundiu até aos confins do mundo… As pedras sobre as quais caminhou o
nosso Redentor permanecem para nós carregadas de recordações e continuam a
“gritar” a Boa Nova”. É uma espécie de “quinto evangelho”. (Exortação
Apostólica pós-sinodal Verbum Dei, 89). Como tantos outros cristãos, ao longo
dos séculos, S. Brígida, fez essa experiência, no século XIV.
Oratio
“Bendito sejais, meu
Senhor Jesus Cristo, que, para nossa salvação, permitistes que o vosso Lado e o
vosso Coração fossem trespassados pela lança e fizestes brotar abundantemente
do vosso peito sangue e água para nossa redenção… Honra sempiterna vos seja
dada, meu Senhor Jesus Cristo, que ao terceiro dia ressuscitastes dos mortos e
Vos manifestastes vivo àqueles que escolhestes… Louvor e glória eterna a Vós,
Senhor Jesus Cristo, que enviastes o Espírito Santo aos corações dos discípulos
e comunicastes às almas o vosso imenso amor. Louvor e glória eterna a Vós,
Senhor Jesus Cristo”. Ámen. (S. Brígida).
Contemplatio
Permaneçamos unidos à
videira. O agricultor corta da videira os ramos mortos e aqueles que não dão
frutos. Limpa os sarmentos que dão frutos, para que produzam ainda mais. «É
assim que fará o Pai celeste, diz-nos Nosso Senhor: todo o ramo que não der fruto
em mim, cortá-lo-á; atirá-lo-á para longe de mim, será privado da seiva que é a
graça e cairá na morte espiritual. Mas os que prometem fruto, podá-los-á,
purificá-los-á através de alguma prova e curá-los-á das suas inclinações
depravadas, para que deem ainda mais frutos». «Quanto a vós, dizia ainda Nosso
Senhor, estais todos podados e purificados pelas instruções que vos dei; mas
para que esta purificação se conserve e complete, para que a vossa fecundidade
em obras de salvação se desenvolva, uni-vos sempre mais intimamente a mim,
permanecei em mim e eu, por minha parte, permanecerei em vós. Como o ramo não
pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na vinha, se não está aderente à
cepa donde tira a seiva vivificante, assim não podeis produzir nada, se não
permanecerdes em mim». Sim, Senhor, quero permanecer em vós. Sinto que é a
condição da vida, da fecundidade e da felicidade. Quero permanecer em vós pela
fidelidade da minha recordação, da minha ternura e da minha dedicação, pela
conformidade dos meus pensamentos aos vossos pensamentos, dos meus sentimentos
aos vossos sentimentos, das minhas alegrias às vossas alegrias, das minhas
tristezas às vossas tristezas, do meu querer à vossa vontade. Só quero ter
convosco uma existência, um fim, uma felicidade: a glória de Deus, o reino do
Sagrado Coração e a salvação das almas. (Leão Dehon, OSP 3, p. 457s.).
Actio
Repete muitas vezes e
vive hoje a palavra:
“Permanecei em mim,
que Eu permaneço em vós” (Jo 15, 4).
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S. Brígida, Religiosa,
Padroeira da Europa (23 Julho)
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