20- de
julho- Segunda - Evangelho - Mt 12,38-42
Alexandre
Soledade
Bom
dia!
Imagino
o quanto Jesus era questionado ou indagado pelos mestres e doutores da lei. Sua
sabedoria deixava bem clara o quanto era superior a de Salomão. Os fariseus
sabiam disso e talvez como um dia a sabedoria de Salomão foi traída por seu
humano, testavam Jesus para ver até onde podia ir sem tropeçar em suas
palavras.
Quantas
vezes nossas palavras não acompanharam nossos atos e nem foi preciso sermos
questionados para o tropeço. Acho profundamente interessante nossa humanidade:
recebemos o perdão no ato penitencial, mas nossos pensamentos e nossa boca já
nos traem antes da benção final da missa. Se isso é verdade também na sua vida,
seria verdade então que não temos mais solução? Será que Deus estaria investido
em vão numa criatura que não consegue ficar uma hora completa sem pecar?
NÃO!
É verdade que somos frágeis, mas é intrigante a determinação de Deus em nos oportunizar
uma nova chance de remissão. E estranhamente uma criatura tão propensa ao erro,
ao buscar a verdade através da fé, mesmo do tamanho de um grão de mostarda,
conseguiria mover montanhas.
“(…)
Em verdade, em verdade, vos digo: quem crê em mim fará as obras que eu faço, e
fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai”. (João 14, 12)
Paulo
um dia mencionou que conseguia encontrar muita força na fraqueza e que
precisamos diferenciar bem o fato que essa fragilidade era NO RECONHECER a sua
(nossa) própria impotência em meio às dificuldades e não uma fragilidade
sinônimo de pecado.
A
comparação feita com Nínive é muito providencial, pois ela era a cidade capital
do império assírio. Como pôde então um povo pagão e descrente mudar, mesmo por
medo e por um instante, se render a imensidão de Deus e pessoas ditas
“doutoras” da lei não conseguir ver que a frente dos seus olhos estava à
própria razão de se sonhar descrita no livro de Isaias?
Jesus
não desejava fazer milagres para se auto-promover, na verdade fica bem claro
que Ele desejava a descoberta individual, prova é que todos aqueles que o
descobriam como o Filho de Deus, solicitava silêncio e pouco alarde. Elias um
dia entendeu que o reino de Deus viria numa brisa suave e não no vendaval
“(…)
O Senhor desse-lhe: Sai e conserva-te em cima do monte na presença do Senhor:
ele vai passar. Nesse momento passou diante do Senhor um vento impetuoso e
violento, que fendia as montanhas e quebrava os rochedos; mas o Senhor não
estava naquele vento. Depois do vento, a terra tremeu; mas o Senhor não estava
no tremor de terra. Passado o tremor de terra, acendeu-se um fogo; mas o Senhor
não estava no fogo. Depois do fogo ouviu-se o murmúrio de uma brisa ligeira”.
(I Reis 19, 11-12)
No
começo da caminhada (coisa de jovem) me perguntava por que tanta gente na
igreja fala errado ou com certa dificuldade em se expressar ou na quantidade de
gente que serve a Deus e suas vidas fora da igreja não são nenhum modelo de
perfeição… Aos poucos a gente vai entendendo que os sábios querem sempre
entender aquilo que os simples já sabem.
Os
simples, como Nínive, se cobrem de cinzas. Reconhecem suas limitações, sabem
seus erros, buscam a reparação através do trabalho e da caridade. Desses irmãos
nossas comunidades estão repleta e muitos tijolos de nossas igrejas foram
colocados pelo suor deles. Muitos a idade os tornou ranzinzas, rabugentos e até
mesmos chatos.
São
como os bancos velhos da igreja que o tempo já os faz ranger por qualquer
coisa. Pela idade são colocados no fundo da igreja, pois novos naturalmente
tomaram os seus lugares à frente, mas algo o novo ainda não conseguiu superar o
antigo: bancos velhos são os primeiros que entram em igrejas novas.
Ano
após ano recebem pregos e tábuas novas e estão novamente prontos para um novo
ano litúrgico. Bancos novos ainda precisam secar sua madeira e parar de
empenar. Ainda receberão muitas plainadas e marteladas da vida. Bancos novos
veem os milagres de perto, mas são os bancos velhos que conhecem a história do
milagre. O banco velho viu o batizado daquele que anos após viria a ser curado.
A
todos bancos velhos e velhas que já não se prendem nos milagres para crer,
minha singela homenagem e admiração. Deus os abençoe enquanto eu ainda levo
minhas marteladas.
Escrevi
esse texto ano passado, mas ainda é muito válido.
Um
imenso abraço fraterno.
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