24- de
julho- Sexta - Evangelho - Mt 13,18-23
Alexandre
Soledade
Bom
dia!
“(…)
As sementes que foram semeadas em terra boa são aquelas pessoas que ouvem, e
entendem a mensagem, e produzem uma grande colheita“. Não há o que comentar
nesse evangelho. Eu não me atreveria a colocar qualquer “vírgula” na explicação
do Senhor, pois como Ele mesmo diz: “(…) Quem tem ouvidos que ouça”.
Ouvir…
Um pré-requisito?
Todos
que se empenham em levar essa mensagem em um determinado momento também
precisarão parar somente para ouvir. Vejo-nos muitas vezes como Marta do
Evangelho de domingo… Inquietos. Na missa estamos no canto, nas leituras ou no
comentário; nos grupos a qual participamos nos empenhamos na condução, no
louvor, na intercessão, (…) A palavra que esta sendo semeada “nas pessoas”
também deve atingir a nossa terra.
Lembro
quando participava do núcleo do meu grupo de oração, éramos lembrados
constantemente que aquele local era onde o servo deveria se reabastecer para
que no grupo, no encontro, na reunião principal, estivéssemos empenhados apenas
ao serviço. Ainda questiono muito isso. Se isso fosse 100% verdade não teríamos
os evangelhos.
O
que Jesus fazia, dizia, operava, (…) virou motivo de ser registrado. Aquilo que
acontecia no pé de uma montanha, as margens de um lago ou em meio a multidão
geravam um aprendizado constante. Esse evangelho de hoje é um dos poucos
momentos em que se é registrado um ensino particular, onde Jesus, sondado por
seus amigos, explica o significado da parábola do semeador.
A
maior parte do que foi ensinado por Jesus se deu em meio ao povo, sem
separações, ou distinções e é por isso que TODOS que participam, por exemplo,
de uma missa ou celebração devem entender que são testemunhas de um milagre, e
não os construtores dele. Um ministério de música imaturo, um comentarista
aparecido que resolve “dar um show” precisam rever como anda sua terra, pois se
assim o persistirem logo logo a terra não será tão fértil como antes.
Se
a condição da semente é ouvir, porque não nos calamos um pouco?
“(…)
Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com
muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa
parte, que lhe não será tirada“. (Lucas 10, 41-42)
Deus
fala conosco do jeito melhor que Ele encontra para que isso aconteça, visto que
encontra dificuldade em nos ver parar para escutá-lo. Às vezes uma frase solta no
ar, uma mensagem num pára-choque de carro, email de internet ou até mesmo algo
que ouvimos de uma pessoa que pouco conhecemos. Quantas vezes “desprezamos” a
mensagem que era ensinada ou pregada por um irmão de comunidade, pois alegamos
que “já sabemos” o que ele(a) vai dizer?
Jesus
nos convida a apresentar nossas mazelas, sonhos, dificuldades e nos promete
ajudar a carregá-las, mas por vezes também nos chama a reflexão, a
introspecção, ao silêncio que brota da HUMILDADE. Conheço pessoas que não se
deixaram ser curadas por Deus, pois estavam “servindo”, pessoas que cantam
lindamente, mas não se deixam ser tocadas pela canção…
É
claro que um padre não vai se lançar em prantos em meio a uma homilia, pois
Deus sabe o momento que deve lançar a semente, sendo assim tão pouco o nosso
“testemunho de bolso” ou nossa canção converterá a ninguém que não tenha sua
terra revirada e adubada pela palavra. Não adianta forçar a graça se ela não
acontece em mim.
“(…)
Assim reunidos, eles o interrogavam: Senhor, é porventura agora que ides
instaurar o reino de Israel? Respondeu-lhes ele: Não vos pertence a vós saber
os tempos nem os momentos que o Pai fixou em seu poder, mas descerá sobre vós o
Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em
toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo.”. (Atos 1, 6-8)
Nossas
palavras, nosso canto, nossas pregações produzem frutos à medida que OUVIMOS,
ENTENDEMOS e OPORTUNIZAMOS outros encontros. Com as novas técnicas da
agronomia, algumas plantas crescem em um lugar, mas quando viram mudas, são
plantadas em outro. Deixemos a semente de hoje virar uma muda em nosso coração
para que seja plantada no coração daqueles a quem seremos enviados.
Abramo-nos
mais a graça de Deus em todas as ocasiões. Deixe Deus escolher o momento de
arar a NOSSA terra. Se for hoje, assim seja.
Um
imenso abraço fraterno.
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