21- de Junho -DOMINGO
- Evangelho - Mc 4,35-41
Quem
é este, a quem até o vento e o mar obedecem?
Este
Evangelho, da tempestade acalmada, traz para nós dois ensinamentos: sobre Jesus
Cristo e sobre a Igreja.
Sobre
Jesus Cristo, o episódio revela-nos que o milagre é realizado por Jesus para
confirmar a fé dos seus discípulos n’ele. “Por que estais assustados? Ainda não
tendes fé?” Para a fé em Jesus se orienta também a pergunta final dos
discípulos: “Quem é este homem, que até o vento e o mar lhe obedecem?” A
resposta nos vem automaticamente: “Este homem é Deus”, pois só Deus pode
dominar a natureza.
A
Igrejas é representada na barca, com Jesus e os discípulos dentro. A barca é a
Comunidade cristã, atravessando o mar revolto da vida. Se a barca não afunda, é
porque Jesus vai com ela. Ainda que, por um momento, pensemos que Deus dorme,
deixando-nos sozinhos no meio do perigo. Deus não dorme, mas ele não tem
pressa. A pressa é própria do ser humano que é mortal e que não tem muito
poder. Deus é eterno e tem todo o poder, por isso não tem pressa. Nós não vamos
marcar hora para Deus fazer as coisas. O nosso nervosismo, por não receber logo
ajuda de Deus, é sinal de pouca fé.
Quando
a Igreja de Jesus é perseguida, quando sucessivas dores nos visitam, quando o
mal parece triunfar, vem-nos espontaneamente a pergunta: “Senhor, não te
importas que nos afundemos?” Se esse nosso grito é oração, tudo bem. Mas se é
desconfiança na providência divina, é falta de fé. Neste caso, merecemos a
correção de Jesus: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?”
“Vamos
para a outra margem!” Jesus nos manda jogar-nos no mar e fazer a travessia de
uma vida “velha” para uma vida nova, tanto para nós, como para a nossa família,
Comunidade e bairro. O Reino de Deus, que está na outra margem, precisa ser
construído e, com Jesus na barca, isso é possível sem perigo nenhum.
“Começou
a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de
modo que a barca já começava a se encher.” Esta ventania e mar agitado
representam os tropeços, as dificuldades e as tentações que encontramos na
vida, inclusive as nossas paixões pecaminosas.
“Jesus
estava na parte de trás, dormindo. Os discípulos o acordaram e disseram:
Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” Esta “sesta”de Jesus
representa também a aparente ausência de Deus que sentimos em nossa vida.
Devido à nossa pouca fé e ao pecado, muitas vezes não percebemos os sinais da
presença de Deus na nossa vida. Na verdade, somos nós mesmos que nos ausentamos
dele, e depois jogamos a culpa nele, dizendo que ele nos abandonou. “Estou
convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Deus nunca dorme. Mas
ele só intervém na nossa vida se pedirmos. Deus respeita a nossa liberdade. Se
queremos lutar sozinho, ele não faz nada. Daí a importância da oração.
Todos
os cristãos, mais cedo ou mais tarde, encontram fortes tempestades na vida. E o
temporal vem justamente quando nos parece que Deus dorme, sendo que na verdade
nós é que nos ausentamos dele. Se o “acordarmos” e lhe pedirmos ajuda, com
certeza chegaremos à outra margem, que é uma fé mais firme e clara e um mundo
mais justo e fraterno..
“Jesus
ordenou ao vento e ao mar: ‘Silêncio! Cala-te!’ O vento cessou e houve uma
grande calmaria.” Deus tem um poder infinito, ele vence as forças do mal,
venham de onde vierem: demônio, doença, morte...
“Por
que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” Precisamos ter fé em Deus. A fé
supera o medo e a dúvida. Uma das expressões mais repetidas por Jesus nos
Evangelhos é: “Não temais medo”.
“Os
discípulos diziam uns aos outros: Quem é este, a quem até o vento e o mar
obedecem?” Que nunca precisemos fazer esta pergunta, pois sabemos quem é este
homem. É o próprio Deus encarnado, que tem poder sobre todas as forças da
natureza, pois foi ele quem a criou. Ele consegue transformar qualquer
tempestades em bonança (Cf Sl 106 (105), 9ss). Na verdade, Jesus já se apresentou
largamente. Nós é que, por nosso descaso, ainda não o reconhecemos.
Certa
vez, um homem pulou de pára-quedas. Mas este era novo, e ele n sabia abri-lo.
Puxa aqui, puxa ali, nada. Nisto viu um rapaz subindo nos ares. Gritou para
ele: “Você entende de pára-quedas?” O outro respondeu: “Não. E você entende de
explosão de caldeira?”
Como
que um ia ajudar o outro, se os dois não sabiam resolver nem o próprio
problema?
Na
travessia do mar da vida, se acontecer alguma tempestade, vamos logo pedir
ajuda para Deus, a quem até o vento e o mar obedecem.
“Feliz
aquela que acreditou” (Lc 1,45), disse Isabel à Mãe de Jesus. Que ela nos ajude
a ter tanta fé, que nunca precisemos perguntar: “Quem é este...?” Santa Maria,
rogai por nós!
Quem
é este, a quem até o vento e o mar obedecem?
Padre Queiroz; que Deus dê ao senhor muita saúde para continuar com esta evangelização.
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