DOMINGO - 22 de Junho de 2014 - Evangelho - Mt
10,26-33
"Todo aquele que se declarar a meu
favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu
Pai que está nos céus".
O Evangelho de hoje, em continuidade com
aquele anunciado no domingo passado, que nos lembrava o grande compromisso que
cada um de nós tem, de sermos anunciadores, em virtude do nosso batismo, da boa
nova de Jesus, da sua salvação para as multidões cansadas e abatidas de nosso
tempo; nos lembra que esse anúncio vai exigir de nós muita coragem e
perseverança. Jesus sabe que a missão dos seus discípulos será também como a
sua, marcada por provações e perseguições. Ele mesmo não encontrou acolhida
entre os seus. Foi criticado, blasfemado, insultado, rejeitado e, por fim,
morto por ter sido testemunha da Verdade, por ter desmascarado o mal e buscado
levar a luz onde só existiam trevas. Jesus, portanto, adverte aos seus
discípulos que também para eles a missão de anunciadores não será fácil. A eles
esperam as mesmas dificuldades que também Ele encontrou na sua missão.
Portanto, não devem pretender anunciar o Reino de Deus sem dificuldades.
O próprio Jesus já diz: "O discípulo não está acima do mestre".
Mas por que, poderíamos nos perguntar, o
anúncio das coisas de Deus deve ser deste modo, no meio de tantas perseguições
e dificuldades, se são coisas boas? Porque a Palavra que anunciamos é uma
palavra de Verdade, que desmascara os enganos, as falsidades, as dores e as
feridas profundas de quem não quer se converter ao amor. Por sermos justamente
anunciadores dessa verdade não só com as palavras, mas sobretudo com a nossa
vida, é que seremos perseguidos e rejeitados. Todo autêntico profeta deve
traçar este caminho de provação na sua missão de anunciar a Verdade; e muitas
vezes estas provações virão de pessoas que estão ao nosso lado, parentes e
amigos. De pessoas que amamos e que também nos amam, mas que não aceitam o
nosso anúncio.
Na primeira leitura temos um exemplo, na
confissão angustiada do profeta Jeremias, que por anunciar uma Verdade que
incomoda é perseguido até mesmo pelos próprios amigos. "Eu ouvi as
injurias de tantos homens e os vi espalhando o medo em redor: denunciai-o,
denunciemo-lo. Todos os amigos observam minhas falhas: talvez ele cometa um
engano e nós poderemos apanhá-lo e desforrar-nos dele".
Contudo, as dificuldades não devem fazer
calar a nossa voz. O que ouvimos e experimentamos de Jesus deve ser anunciado
claramente para todos: "O que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os
telhados!" Jesus exortou os seus discípulos e exorta-nos a ter coragem, a
não nos deixarmo-nos amedrontar pelas dificuldades e pelas perseguições, porque
Deus protege, sustenta e ama pessoalmente todo aquele que se faz seu porta-voz,
sua testemunha no mundo, assim como fez com o seu Filho, do qual nós somos
continuadores da sua missão. "Não tenhais medo daqueles que matam o corpo,
mas não podem matar a alma!
A confiança em Deus deve ser a nossa
primeira atitude na hora de anunciar a boa nova da vida, que destrói o poder do
pecado, do sofrimento que hoje faz padecer tantos dos nossos irmãos: "Mas
o Senhor está ao meu lado, como forte guerreiro; por isso, os que me perseguem
cairão vencidos."
Confiantes que Deus está ao nosso lado,
somos chamados hoje a ir contra a corrente do mundo e a ser a voz, os braços, o
coração, o olhar de Jesus que continua a levar para todos, com amor e jamais
com fanatismo, a esperança de que onde abundou o pecado na nossa vida,
superabundou a graça da misericórdia e do amor de Deus. E é isso, justamente, o
que experimentamos ao participar da Eucaristia, e o que pedimos ao Pai no
momento do Pai Nosso, quando rezamos: Venha a nós o vosso Reino. É nosso
compromisso estabelecer o Reino de Deus por meio do nosso testemunho. E este
testemunho, que somos chamados e enviados por Cristo a dar no meio das
tribulações, é um testemunho que possui um valor inestimável. No final terá a
sua recompensa: "Todo aquele que se declarar a meu favor diante dos
homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai".
Pelo fato de estarmos unidos a Cristo no sofrimento do anúncio, também
estaremos unidos a Ele na glória, por lhe termos sido fiéis.
"Vinde benditos de meu Pai, recebei
por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo". (Mt
25,34)
Diácono Antônio Oliveira
Parabéns e obrigado bela belíssima reflexão!!!
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