QUINTA FEIRA DA XII SEMANA DO TC 26/06/2014
1ª Leitura 2 Reis 24,8-17
Salmo 78(79), 9b “Livrai-nos e perdoai-nos os nossos pecados pelo
amor do vosso nome”
Evangelho Mateus 7, 21-29
A PERIGOSA FÉ DAS APARÊNCIAS
Nada mais frustrante nesta
vida do que quando uma pessoa nos decepciona, porque aparentava ser uma coisa e
era outra. Isso é algo que pode ocorrer na vida conjugal-familiar, no âmbito
profissional, comércio, negócios, no mundo da política, esportes e nas artes em
geral, as pessoas vendem uma imagem que nos cativa e depois um dia se revelam
realmente quem são. Pais que se desencantam com os filhos, maridos que se
frustram com as esposas, esposas com os maridos, amizades sinceras que de
repente se rompem, sociedades sólidas que acabam de maneira inesperada, sonhos
que se desmoronam, belos projetos que se acabam da noite para o dia, ideais
nobres que se banalizam, crentes que perdem a fé, cristãos que abandonam suas
igrejas, amores que se vão. Enfim, do ser humano pode se esperar tudo, pois o
homem nem sempre é aquilo que aparenta ser.
Jesus neste evangelho de São
Mateus ensina que a nossa relação com Deus não pode ser apenas de aparência,
mas tem que estar bem enraizada em nossas entranhas, como dizia Moisés ao seu
povo, que a lei de Deus deverá ser escrita no coração, no mais profundo do ser
humano.
A primeira interpretação
desse evangelho nos leva a pensar que Jesus está falando da necessidade de
termos uma fé bem consistente, para que possamos “aguentar firme” os trancos da
vida, os problemas, os maus momentos, as tribulações, as crises e tudo mais que
possa nos desestabilizar, mas será que a nossa fé é apenas isso: um amortecedor
para diminuir o impacto das revezes dessa vida? Será que crer, significa apenas
ter em nós uma força misteriosa que neutraliza a natureza humana dos impactos
inesperados desta vida? Parece que não!
O catecismo da Igreja define
o ato de crer, como uma resposta do homem a Deus que o convida à uma comunhão
de vida, “pela Fé” o homem submete completamente sua inteligência e sua vontade
a Deus. Com todo o seu ser, o homem dá seu assentimento ao Deus Revelador. A
Sagrada Escritura denomina “obediência da Fé” esta resposta do homem ao Deus
que se revela, que não pode se resumir a uma bela expressão verbal, ou em uma
aparência religiosa, para convencer o próximo de que se pertence a Cristo e
tudo se faz em nome dele, mas sim em ouvir a palavra de Deus e colocá-lo em
prática.
Há muitos que se iludem,
achando que para ter fé, basta ouvir a Palavra de Deus de vez em quando, em
meio a tantos compromissos quando na verdade, é fazer tudo a partir da palavra.
Nas Bodas de Cana, Maria disse aos que serviam “Fazei tudo o que ele disser”.
Portanto, é “Tudo” e não um ou outro texto mais tocante para nós. Vida e
Palavra têm de estar sempre juntas, pois a palavra de Deus em nossa vida não
pode ser apenas uma decoração na parede, mas sim o alicerce, a rocha de
sustentação.
Por isso não basta dizer
“Senhor...Senhor!” para se entrar no reino de Deus, mas colocar toda nossa vida
nas mãos do nosso Senhor, cuja vontade tem que ser para nós soberana, como foi
a vontade do Pai na vida de Jesus. Senhor significa “Nosso Dono”, no sentido
estrito de submissão.
Haverá um dia em que toda
humanidade estará diante de Deus, quando o seu reino tornar-se visível e todo o
mistério de Deus e do homem for então revelado. Esse dia será desolador para
quem edificou sua vida sobre a mentira, pois não irá resistir ao impacto da
Verdade de Deus, e a casa irá cair... convicções, princípios e ideologias
humanas, que não estiverem em sintonia com o projeto de Deus, irão sucumbir
para sempre, e todos os que alimentaram o mal oculto em seu coração, irão se
sentir envergonhados e desmascarados. “Não vos conheço, afastai-vos de mim”!
Mas os que construíram sua
vida e sua razão de ser em Jesus Cristo, caminho, verdade e vida, cujos atos
coerentes revelaram o ser cristão em todos os momentos e ocasiões, estes ao
contrário, se alegrarão com a Verdade, pois serão confirmados na regeneração,
com a ressurreição prometida e preparada para os justos desde toda eternidade.
Perguntemo-nos então, se a
nossa casa, isso é, a nossa vida em todas as suas dimensões, mesmo aquelas mais
ocultas e inacessíveis para os homens, está solidamente construída sobre a rocha
firme que é Jesus Cristo, ou se a nossa casa, apesar de aparentar tão bela, foi
construída sobre a areia. Nesse caso, ainda dá tempo de demolir e fazer outra
fundação, com uma conversão sincera e profunda, e assim, iremos não só resistir
à Verdade de Deus, como também s experimentaremos uma incontida alegria diante
dela, quando chegar o grande dia.
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