XV DOMINGO DO TEMPO COMUM 13/07/2014
1ª Leitura Isaias 55, 10-11
Salmo Lucas 8,8 “A semente caiu em terra boa e produziu fruto”
2ª Leitura Romanos 8, 18-23
Evangelho Mateus 13, 1-23
"A HORTA DO SÊO JUSTINO"
O título é uma justa homenagem á meu saudoso Pai. Quando morávamos
á rua Antônio Fernandes, na minha adolescência (já faz tempo), meu pai mantinha
no fundo do nosso quintal uma modesta horta que se resumia a três canteiros,
porém muito bem cuidados, e em certas tardes de intenso calor, lembro-me dele,
armado com um velho pano de enxugar pratos, espantado borboletas amarelas e
pardais que insistiam em assentar sobre o canteiro. Eu me divertia em ver a
seriedade com que fazia essa tarefa e um dia, percebendo que era alvo da minha
atenção, fez um comentário que está bem ligado ao evangelho desse domingo “A
terra é boa, está bem regada e adubada, e a semente das verduras é de ótima qualidade,
mas se a gente abandonar o canteiro e não dar atenção, os passarinhos comem
tudo e as borboletas amarelas irão praguejar as folhas”.
E assim, o “Teólogo” Sêo Justino, me ensinava desta forma bem
simples, que tudo o que é bom, além de cultivado, deve ser mantido e
conservado, porque há fatores externos que destroem o que foi semeado. No tempo
de Jesus, a técnica de plantio de sementes sofria muita perda, pois o semeador
saia pelo campo, jogando as mesmas em todos os tipos de terreno, claro que
hoje, com toda a tecnologia disponível na agricultura, o aproveitamento das
sementes é cem por cento, e elas só são atiradas em locais preparados para o
plantio, não havendo mais esse perigo de cair em terra improdutiva.
Porém, o jeito tecnicamente errado de fazer a semeadura, por
aqueles tempos, mostra de maneira bem clara a bondade de Deus, que quer salvar
a toda humanidade e por isso, o seu Filho Jesus, lança as sementes do reino em
todos os tipos de terrenos, existentes no coração humano, a semente é eficaz, e
o semeador sabe muito bem o que está fazendo, pois se a terra árida, pedregosa
ou espinhenta, aonde foi lançada a semente, passar por uma transformação,
haverá grande chance da semente frutificar.
Jesus não fica escolhendo as pessoas para anunciar sua palavra e
plantar o reino em seu coração, todo homem tem acesso, e não passará por esta
vida sem conhecer a palavra que é a todos revelada, pois Deus busca, procura e
alcança a cada homem neste mundo. Uma outra comparação muito boa para
compreender esta parábola, é lembrarmos daquela brasinha de final de churrasco,
que sobrou na churrasqueira e tendo passado a noite inteira, no dia seguinte,
ao remexer as cinzas lá está ela, basta um sopro e se transformará em chama
nova que incendeia e aquece em redor, a semente está sempre plantada dentro de
nós a espera de quem a ajude a germinar.
Na verdade, o evangelho nos obriga primeiramente a olhar para
dentro de nós, onde iremos nos surpreender ao constatar que em nosso coração, a
semente da palavra de Deus sempre é jogada abundantemente em todas as
celebrações, e que apesar de sua eficácia e potencial para frutificar, muitas
vezes não germina, pois há muita terra seca, batida e pedregulhos, que não a
deixa brotar, há muito espinho que sufoca o anúncio dentro de nós, além dos
pássaros, que são aqueles ideais contrários ao reino de Deus, e que de maneira
furtiva, entram em nosso coração e roubam a semente do bem.
Mas se por um lado recebemos a semente continuamente, somos também
enviados como missionários para semear a Boa Nova no coração das pessoas, e aí
precisamos nos perguntar com muita honestidade, será que fazemos como Jesus, o
Filho de Deus, espalhando a semente em todos os corações, sem se importar com o
tipo de terreno que tem ali, ou só queremos semear em terra fértil? O
verdadeiro missionário está sempre arriscando, pois o que importa é espalhar as
sementes para que todo homem tenha a chance de conhecer a Jesus Salvador.
Só iremos dar conta dessa missão se primeiramente soubermos
cultivar em nós a boa semente da Palavra, estando atento a cada instante,
revolvendo a terra com o arado da oração, adubando-a com o verdadeiro maná que
é a Santa Eucaristia, para assim manter o nosso canteiro, vivendo na unidade e
a comunhão com todos, espantando, como fazia meu pai com aquele pano de prato,
qualquer mal que possa impedir a semente de brotar em nosso coração, estando
assim bem vigilante para fazer o bem, em todas as oportunidades que Deus nos
conceder nessa vida.
E por último, vamos também refletir e entender, que em todas as
nações, povos, culturas e religiões, Jesus, o Verbo Divino encarnado em nossa
história, semeou a palavra e o seu Reino, e assim, iremos reconhecer na
diversidade de culturas, nações e religiões, a presença fortalecedora e
restauradora do Bem supremo, que brota do coração de Deus, e em Jesus atinge o
coração de todo homem, transformando o que é seco em fertilidade, o pedregulho
em fertilizante de primeira qualidade, e os malfadados espinhos, em belas
flores que exalam para todos o perfume do amor de Deus, derramado em nós por
Jesus Cristo...
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mailcruzsm@uol.com.br
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