A casa construída sobre a rocha e a casa construída sobre a areia.
Neste Evangelho, Jesus nos conta a bela parábola da casa construída
sobre a rocha e da casa construída sobre a areia. A construção da casa é ouvir
a Palavra de Deus, portanto a diferença não está aí, pois os dois ouviam a
Palavra. O que faz a diferença – rocha e areia – é a prática ou não da Palavra.
De fato, principalmente hoje com os meios de comunicação, todo mundo ouve a
Palavra de Deus. No entanto, só uma minoria a segue.
A chuva, a enchente e a tempestade representam as dificuldades que
enfrentamos na vida, que querem nos derrubar e impedir a nossa caminhada para
Deus. Mas se a casa está construída sobre a rocha, isto é, se praticar a
Palavra que ouvimos, “tiramos de letra” todos esses obstáculos.
A Palavra de Deus tem uma força própria, mas supõe a nossa colaboração,
a nossa abertura a ela. Ela entra em nós pelos olhos ou ouvidos, mas não deve
parar por aí e sim ir até a nossa inteligência para assimilá-la e aplicá-la na
nossa vida, depois ir para o nosso coração, a fim de amá-la, e depois ela deve
sair pelas nossas palavras, mãos, pés etc, transformando a nossa vida e nos
fazendo agentes de transformação do mundo.
“Como a chuva e a neve que caem do céu para lá não voltam sem antes
molhar a terra e fazê-la germinar e brotar, a fim de produzir semente para quem
planta e alimento para quem come, assim também acontece com a minha palavra:
Ela sai da minha boca e para mim não volta sem produzir seu resultado, sem
fazer aquilo que planejei, sem cumprir com sucesso a sua missão” (Is 55,10-11).
Essa é a força da Palavra de Deus. Mas quem a ouve é livre, por isso precisa
colaborar, fazer a sua parte.
Jesus se refere àqueles que, no dia do juízo final, vão reclamar da sua
condenação: “Senhor, senhor, não foi em teu nome que profetizamos?... Então eu
lhes direi publicamente: Jamais vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que
praticais o mal”. Essas palavras são uma forte advertência para nós, pois a
nossa auto avaliação de santidade nem sempre coincide com a avaliação de Deus.
No nosso julgamento final, o que vai valer é se praticamos ou não sua Palavra.
Na parábola do fariseu e o publicano, o fariseu se julgava santo, no entanto
não era.
E Deus nos fala: A minha Palavra “não é difícil para ti nem está fora do
teu alcance” (Dt 30,11).
Nós praticamos a Palavra quando obedecemos os dez mandamentos da Lei de
Deus e os cinco mandamentos da Igreja, que aprendemos no catecismo. Cumprindo
também os nossos deveres de estado, na prática da justiça e da caridade.
Deus deseja transformar o mundo todo, usando a nós como seus instrumentos.
O primeiro passo nosso é ouvir a sua Palavra e a por em prática.
A nossa vida é como aquela caminhada que o povo hebreu fez no deserto,
do Egito até a terra prometida. Cada dia de manhã, eles desarmavam a sua tenda,
punham nas costas e caminhavam mais um pouco. Isso dura a nossa vida toda, pois
só no dia da nossa morte é que teremos chegado, ou não, à terra prometida, que
é o céu. Sempre há algo a melhorar, a aprender e a caminhar. Vivendo e
aprendendo, aprendendo e ensinando.
Havia, certa vez, um casal que morava na roça e não tinha filhos. Um
dia, a esposa resolveu abandonar o marido e fugir com outro homem. Ele ficou
muito abatido, mas levantou a cabeça. Como não tinha quem cozinhasse, deixou a
roça e foi morar na cidade. Arrumou emprego e morava numa pensão. Os anos se
passaram e ele nunca mais teve notícia da esposa. Um dia, ele viu na rua a sua
esposa. Estava magra, acabadinha, mal vestida e triste. E o pior: carregava uma
sacola e pedia esmolas. Ele foi seguindo-a, atrás, disfarçadamente, e a viu
entrar num bar. Ele foi depressa e entrou pela outra porta, sem que ela o
visse. Ela começou a pedir ajuda para todos os homens que estavam ali. Ele
então aproximou-se dela por trás e lhe deu todo o dinheiro que tinha. E logo se
escondeu atrás de uma coluna, para que ela não o reconhecesse. A mulher
estranhou a generosidade, mas aceitou a ajuda e agradeceu com um “muito
obrigado”, mesmo sem ver quem era. Ele procurou o dono do bar e lhe pediu que
desse para aquela mulher duas refeições por dia, que ele pagava. Mas, enquanto
ele fala isso, ela reconheceu a sua voz. Chorou de vergonha, mas o marido a
acalmou, dizendo-lhe: “O que passou, passou. Vamos reiniciar a nossa vida a
dois, conforme juramos no Altar.
Percebemos, neste casal, que ele construía a sua casa sobre a rocha, e
ela, sobre a areia. Felizmente ele agiu como Deus, mesmo após uma traição,
continua amando e protegendo a pessoa que ama.
Queremos ser como Maria Santíssima: olhar para Deus, abrir o braços e
dizer: “Eis aqui o escravo, a escrava do Senhor. Faça de mim como o Senhor
quiser”.
A casa construída sobre a rocha e a casa construída sobre a areia.
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