A vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus.
Neste Evangelho, Jesus nos faz um forte apelo a nos abrirmos à sua
Palavra. E ele explica por que muitos não o entendem; é porque o coração deles
se tornou insensível, ouvem com má vontade, fecham os olhos para não ver e os
ouvidos para não ouvir, e assim não se convertem nem se salvam.
Em outras palavras, Jesus fala que a nossa abertura do coração, isto é,
a nossa boa vontade, influi, e muito, no nosso entendimento da Palavra de Deus.
Na parábola do semeador, ele fala a mesma coisa usando a figura do semeador.
Muitos corações são como terreno de beira de estrada, ou pedregoso, onde a
semente não nasce, ou se nasce não produz fruto.
A afirmação de Jesus: “À pessoa que tem, será dado ainda mais, e terá em
abundância; mas à pessoa que não tem, será tirado até o pouco que tem”
significa que quem é aberto à Palavra de Deus já tem virtudes e ganhará ainda
mais. Já quem é fechado á Palavra de Deus, no dia do julgamento vai perder até
o pouco que tem de bom.
Como pano de fundo está a liberdade humana, que é respeitada por Deus.
Deus não quer isso, mas respeita a direção que damos para a nossa vida.
A conclusão que tiramos é que é fundamental sermos humildes e dóceis
diante da Palavra de Deus.
“O coração deste povo se tornou insensível. Eles ouviram com má vontade
e fecharam seus olhos... de modo que não se convertam e eu os cure”. É por isso
que Jesus usa parábolas. Os mistérios de Deus são realidades transcendentes e
exigem que os ouvintes estejam muito abertos, senão não entendem. A parábola se
torna uma ponte, para que essas pessoas que vivem completamente por fora dos
mistérios de Deus possam entendê-los. Senão quem lhes anuncia o Evangelho acaba
falando para as paredes.
As parábolas são histórias que nos ajudam a entender os mistérios de
Deus. Ajudam principalmente os que não estão familiarizados com esses
mistérios. A parábola tem dois planos: o direto e o figurado. O direto todos
entendem: como semear, a ação do fermento na massa, o sabor do sal... Assim, o
sentido figurado fica bem próximo e mais fácil de ser captado. Por isso, a
parábola se torna um gesto de amor de Jesus para com as pessoas que, por um
motivo ou outro, não receberam nem os primeiros rudimentos da catequese cristã.
Mas Jesus é positivo, ele afirma que seus discípulos têm o coração
aberto e por isso vêem, ouvem e entendem o que ele fala. “Felizes sois vós,
porque vossos olhos vêem e vossos ouvidos ouvem.” Afinal, os discípulos
entregaram suas vidas a Jesus e ao seu seguimento, e receberam dele boa
formação sobre os mistérios transcendentes e sobre as coisas da fé. Agora os
discípulos estão preparados para receber um alimento mais sólido
Certa vez, um sacerdote foi chamado para visitar um acidentado que
estava desenganado pelos médicos. O padre veio, atendeu-o em confissão e
deu-lhe o sacramento da unção dos enfermos e finalmente a Eucaristia.
Terminada a oração, o doente pediu para cantar. Ele disse a todos os que
estavam presentes: “Gente, vamos cantar, glorificando a Deus!” E ele mesmo
iniciou um canto.
Aí está um exemplo de como a unção dos doentes, unida à confissão e à
Eucaristia, transforma as pessoas. A graça de Deus vem a nós de muitas formas.
O que nos falta, muitas vezes, é a abertura a essa graça.
Maria Santíssima tem sido, através de seus santuários pelo mundo, uma
grande porta de entrada para o Reino de Deus e para aos mistérios da fé. Junto
dela, aprendemos o seu jeito de amar a Jesus, o seu jeito de amar a Igreja.
Santa Maria, rogai por nós!
A vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus.
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