03 de julho-Quinta-Evangelho - Jo
20,24-29
Alexandre Soledade
Bom dia!
Como sou lembrado? Como é que somos vistos? Isso importa
para mim? Chega ao ponto de me incomodar? Será que meus erros passados pesam
ainda sobre meus ombros?
Costumo dizer que o diabo é o melhor paparazzo que existe.
Ele sempre esta presente quando fazemos grandes ou pequenas burradas. Ele
“tira” fotos dos nossos deslizes em todas as posições e ângulos possíveis
esperando o momento certo – quando bate em meu coração o desejo do
arrependimento puro e sincero.
Queremos voltar a caminhar, fazer, portanto o que é correto
(…) então ele “revela” as “fotos” dos nossos equívocos em nossa mente. É um
mini flashback. Lembramos de tudo nos mínimos detalhes e envergonhados, fugimos
do perdão. Quem nunca passou por isso? As “fotos” uma após outra “se revelam”
em nossa mente e a tristeza toma o lugar da vontade de voltar.
Não sei bem, mas surge então um dos nossos mecanismos de
defesa (ou seria de agressão?): passo a avalizar e julgar também os outros!
-“Eu sei que fiz”, mas ele (a) também não é santo (a) porque fez isso e isso
(…). Fazemos muito isso sem pensar.
O que isso tem haver com Tomé? Como ele é lembrado? A ele é
dado o estigma da incredulidade. O engraçado que esse mesmo homem, em meio à
dúvida dos apóstolos, sugere que todos acompanhem Jesus à Jerusalém e, se for o
caso, morram com Ele. Não lembramos Tomé por isso e sim pela sua fraqueza!
“(…) A isso Tomé, chamado Dídimo, disse aos seus
condiscípulos: Vamos também nós, para morrermos com ele”. (João 11, 16)
Pedro é lembrado pela tríplice negação, por não ter
conseguido andar sobre as águas, por ter cortado a orelha de Malco, mas José
Prado Flores apresenta uma perspectiva interessante desse apóstolo: Ele foi o
único que teve coragem de TENTAR caminhar nas águas; de fato Ele negou, mas ele
estava lá, onde estavam os outros? Pedro agride o soldado, pois reconhecia
aquele ato infundado como um ato contra o filho de Deus, sendo ele o primeiro a
reconhecer isso. E nós como somos lembrados? Como nos lembramos dos que nos
acompanham?
É, pois tão difícil fazer o caminho de volta, reconhecendo
seus próprios erros e terrível encontrar alguém se pondo num trono de vaidade e
soberba a apontar nossos defeitos que o paparazzo já fez questão de revelar!
Nesse momento alguém pede apenas uma chance! O perdão não deve ser negado ou
condicionado. O resgate da confiança, sim vai depender dos próximos atos, mas
não devemos negar o perdão.
“(…) É por isso que o Senhor está desejoso de vos perdoar; é
por isso que ele se ergue para vos poupar; porque o Senhor é um Deus justo;
ditosos aqueles que nele esperam”. (Isaias 30, 18)
Começamos a viver uma convocação do papa Bento XVI – o ano
sacerdotal. Algo que, nesse evangelho é devidamente apropriado. O padre ou
presbítero é, em bom coloquial, “gente como a gente”. Alguém que busca, como
nós, fazer mais coisas certas que não certas. E como é lembrado? Vejo alguém
jogando futebol e quero participar. O jogo tem regras, mas desejo que elas se
adaptem a mim. Advinha quem é o juiz do jogo?
Em algum momento já escutamos que a igreja não deixa isso,
isso e isso (…) mas é a regra da igreja, o que chamamos de tradição e deve ser
respeitada. Não é culpa do padre! Se levássemos a sério o casamento não
casaríamos por fogo de palha ou evento social (respeito as exceções
particulares); se levássemos a serio a catequese, creio eu que teríamos mais
crianças e adultos com amor ao próximo, pois temos católicos que vemos no
batismo e depois no casamento.
Se levássemos mais a serio o Pai Nosso não teríamos perdido
tantos irmãos e irmãs para outras religiões e se lá estão bem e reconhecem a
Deus: Glória a Deus! Gostaria, sinceramente, que estivessem aqui em só rebanho,
mas “nossos dedos” os empurraram pra longe.
São Tomé sou eu, você, nós que no fim das nossas mazelas,
reconhecemos nossas fraquezas e dizemos: “(…) Meu Senhor e meu Deus”! Somos
chamados a ver as chagas do mundo dentre elas as nossas.
Um imenso abraço fraterno!
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