João é o seu nome.
Hoje nós celebramos com alegria a festa da Natividade de S. João
Batista. O Evangelho narra o seu nascimento e o nome que lhe deram.
A nossa vocação começa cedo, começa na nossa concepção, pois fomos
criados já em vista de uma sublime e bela vocação dada por Deus. É interessante
os pais colocarem nos filhos e filhas um nome que já expresse aquilo que eles
querem que a criança seja mais tarde. E é aconselhável nós chamarmos as pessoas
pelo seu nome de batismo, pois assim estamos lembrando a ela o seu batismo, que
foi o acontecimento mais importante de sua vida, e lembrando também os
compromissos que receberam no batismo.
“A Boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a
louvar a Deus.” João Batista recebeu de Deus a vocação de ser profeta. E o seu
primeiro gesto profético foi, logo após o seu nascimento, abrir a boca do pai.
O profeta deve abrir a boca e faz com que os outros também a abram, para
anunciar a verdade e denunciar a mentira e a exploração.
Logo que cresceu, João Batista dedicou-se à penitência, à oração e à
leitura da Palavra de Deus. Vivia nos lugares desertos. O deserto é um lugar
árido, monótono e sem vegetação. Quem está no deserto não tem distrações, por
isso olha para o céu e se lembra de Deus. O deserto é o lugar ideal para se
fazer retiro.
Sobre João Batista, um dia Jesus perguntou ao povo: “Quem fostes ver no
deserto? Um caniço agitado pelo vento? Que fostes ver? Um homem vestido com
roupas finas? Olhai, os que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis.
Que fostes ver então? Um profeta? Sim, eu vos digo, e mais do que profeta. Este
é de quem está escrito: ‘Eis que envio meu mensageiro à tua frente, para
preparar o teu caminho diante de ti” (Mt 11,7-10).
Nós também somos chamados a ser mensageiros de Jesus, indo à sua frente
a fim de abrir as estradas para ele chegar. A Igreja não é um simples verniz na
sociedade, mas deve penetrar fundo nas culturas e organismos sociais, a fim de
transformá-los por dentro.
Nas festas de S. João, nós costumamos erguer bem alto a bandeira dele,
para dizer que ele é o maior profeta do Antigo Testamento. E a bandeira traz a
frase: “Ecce agnus Dei”: Eis o Cordeiro de Deus. Para nos lembrar que o profeta
aponta para Jesus.
A fogueira nos lembra que João Batista chamou Jesus de “Luz que ilumina
as nações”. E disse também que Jesus batizará no Espírito Santo e no fogo.
Jesus não nos dá sombra e água fresta, ele nos joga no fogo, o fogo do amor,
mas também do conflito e da cruz. Lá no céu sim, teremos sombra e água fresca.
Que a fogueira de S. João queime as nossas mediocridades e nos torne profetas.
João Batista, no deserto, vestia-se com pele da camelo e comia
gafanhotos. O profeta não só fala, mas vive o que fala.
Certa vez, estava havendo um encontro de jovens de três dias. Eram
aproximadamente cinqüenta participantes, uma turma difícil. Logo no início,
eles já começaram a fazer críticas, dizendo que os dirigentes eram profissionais
e que não viviam o que falavam. Isso, apesar de não os conhecerem antes. Já
estava no segundo dia à tarde e a turma fechada, ninguém se confessava, nada.
Os dirigentes preocupados. Chegou a vez de uma garota de dezessete anos fazer
uma palestra sobre fé. Era a primeira vez que ela ia falar em público e estava
nervosa. Mas criou coragem e foi. Entretanto, ao chegar à frente dos
participantes, sua voz sumiu. Não conseguia falar. Após um breve tempo, ela
pediu desculpas dizendo: “Vocês me desculpem, eu nunca falei em público; esta é
a primeira vez”. E começou a falar. Após fazer a introdução, dizendo que ia
falar sobre fé, a voz sumiu novamente. Aí ela começou a chorar e foi sentar-se
numa cadeira lá atrás. Foi só choradeira na sala. E depois fizeram filas nas
salas onde estavam os três padres presentes, para se confessarem.
Aquela menina, sem dizer quase nenhuma palavra, fez a melhor palestra do
encontro, porque mostrou que não era profissional de encontros. Mostrou também
que não estava ali por nenhum outro interesse, senão o seu amor a Cristo. E
ainda fazendo um esforço enorme para cumprir sua missão.
Esta foi a melhor mensagem sobre fé. Sem dizer quase nenhuma palavra,
ela falou melhor do que todos os demais palestrantes do encontro.
O Espírito Santo acompanha os profetas e os trabalhos missionários. Ele
quer apenas que sejamos dóceis e disponíveis às suas inspirações.
Que S. João Batista e Maria Santíssima, a Rainha dos Profetas, nos
ajudem a ser bons profetas e boas profetizas.
João é o seu nome.
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