01 de julho-
Os Evangelhos mostram a Igreja como um
barco, no qual Jesus está presente, embora em alguns momentos pareça estar
dormindo (cf. Mt 8,23-27). O mar, que este barco atravessa, é a história, que
às vezes está calmo, outras, turbulento e ameaçador. Há quase dois mil anos o
barco saiu de seu porto. Não sabemos quando ele chegará ao seu destino, mas
temos certeza de que Jesus nunca o abandonará. Em
Pentecostes, “a Igreja se manifestou publicamente diante da multidão e começou
a difusão do Evangelho com a pregação” (Ad
Gentes, n.4).
Pentecostes dos anos 30, todos
reunidos: os apóstolos, a Santíssima Virgem Maria, parentes de Jesus, algumas mulheres.
Um ruído de ventania desce do céu. Línguas de fogo surgiram e se dividiram
entre os presentes. Todos ficaram repletos do Espírito de Deus e começaram a
falar em outras línguas.
Essa assembleia inicial, esta Igreja é
o princípio. Depois do prodígio das línguas, Pedro dirigiu-se à multidão
reunida na praça e fez uma memorável pregação. Muitos se converteram,
especialmente judeus vindos da Diáspora. Estes levaram a Boa Nova aos seus
locais de origem, o que provocou o surgimento, bem cedo, de comunidades cristãs
em Damasco, Antioquia, Alexandria e mesmo em Roma. Alguns helenistas, no
entanto, permaneceram em Jerusalém. Para cuidar de suas necessidades materiais,
os apóstolos escolheram sete diáconos. Dentre estes estava Estêvão, cujo
martírio celebramos hoje.
Temos, nesta narrativa de São Mateus,
um trecho do discurso atribuído a Jesus ao enviar os doze apóstolos em missão.
O texto é escrito em estilo literário-apocalíptico. No Evangelho de Marcos,
mais primitivo, ele faz parte do discurso escatológico de Jesus ao prenunciar a
destruição do Templo de Jerusalém, nas vésperas de sua Paixão (cf. Mc 13,9-13).
De fato, muitos dos primeiros cristãos sofreram perseguições tanto da parte dos
judeus como do Império Romano. A alusão à terrível tragédia no seio da família,
no texto acima, no seu estilo escatológico-apocalíptico, é uma referência à
tradição profética da injustiça universal no fim dos tempos (cf. Mq 7,6).
Após a perseguição e morte de Jesus, o
diácono Estêvão foi o primeiro dos discípulos a ser martirizado. Daí a razão
pela qual ele é chamado “protomártir”. Embora com uma função subalterna como
diácono, ele ousou fazer uma pregação de denúncia do Templo e das tradições do
Judaísmo e foi apedrejado.
Estêvão era o diácono que mais
se destacava. Por sua pregação incisiva, foi detido pelas autoridades judaicas,
julgado e apedrejado como blasfemador. Torna-se o primeiro mártir da história
da Igreja. Enquanto é assassinado, perdoa os seus perseguidores e entrega,
confiante, a sua vida nas mãos de Nosso Senhor Jesus Cristo!
O manto de Estêvão foi deixado aos pés
de um jovem admirador do ideal farisaico chamado Saulo (que depois se
converteria no grande apóstolo Paulo). Que Santo Estêvão interceda por nós a
fim de que não tenhamos medo de nada e de ninguém e anunciemos o Evangelho a
propósito ou a despropósito.
Padre Bantu Mendonça
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