01 de julho - Terça-Evangelho - Mt
8,23-27
Levantando-se, ameaçou os ventos e o mar, e fez-se uma
grande calmaria.
Este Evangelho narra a cena da tempestade que é acalmada por
Jesus. A barca com os discípulos representa a Igreja, a Comunidade cristã
atravessando o mar revolto da vida.
A outra margem é a nossa vocação, a nossa missão na terra, é
o Reino de Deus, que somos chamados a construir. Um mundo de mais justiça,
fraternidade, verdade, união com Deus e vida plena para todos..
Haverá tempestades na travessia. Seria muito mais seguro
ficarmos parados na praia, pois não teríamos de enfrentar as tempestades. Mas o
mundo não se beneficiaria dos dons que Deus colocou em nós, e estaria ainda
mais distante do projeto do Reino de Deus. A travessia é difícil, mas quando
chegarmos do lado de lá, veremos que Deus nos ajudou e compensou o sacrifício.
Afinal, Jesus está na barca.
Quem dorme não tem condições de ajudar ninguém. Deus não
dorme, mas, apesar de ver tudo e guardar na memória, ele age como se estivesse
dormindo, isto é, não interfere, devido ao seu respeito à nossa liberdade. Ele
não age, se não o chamarmos através da oração, abrindo a porta do nosso coração
para ele entrar.
Deus não interveio nem quando fizeram o maior pecado da
história, que foi matar o seu Filho. Hoje as maldades são também grandes:
aborto, guerras injustas, tráfico de pessoas e de drogas, a destruição da
natureza...
Mas vê tudo o que se passa, e um dia vai cobrar de nós, vai
perguntar de que lado estávamos diante dos pecados sociais.
“Por que tendes tanto medo, homens fracos na fé?” Os
discípulos deviam ter acordado Jesus antes, e sem ficar apavorados, pois Deus
estava com eles. Foi isso que Jesus repreendeu.
“Quem fechou o mar?Quem dominou a natureza e tudo o mais?”
(Jó 38,8-11). Deus é poderoso, qualquer problema é “fichinha” para ele. Com ele
dentro da barca estamos seguros e podemos entrar em qualquer tempestade.
Depois que os discípulos perceberam que todos os seus
esforços estavam sendo em vão, aí que recorreram a Jesus. Quantas vezes
acontece isso conosco. Deus está ao nosso lado, e não o procuramos, preferindo
lutar sozinhos para vencer. “Orai sempre e nunca cesseis de o fazer”, disse
Jesus. O cristão reza o dia inteiro. São jaculatória ou pequenas orações que
ele ou ela faz, quando aparecem as tentações. As tentações começam na nossa
cabeça, no nosso pensamento, e aí a enfrentamos logo com a oração.
Nós, como os discípulos, ainda não conhecemos bem a Deus,
nem sabemos andar na presença dele. Por isso que Jesus proibia as pessoas de
divulgarem seus milagres, que mostravam claramente a sua divindade. Ele queria
que os discípulos primeiro aprendessem a viver com Deus, para depois saberem
que ele é Deus.
Os Evangelhos sempre narram que, após um milagre, os
discípulos ficavam com medo. Imagine se todo mundo ficasse sabendo! Ninguém se
aproximaria de Jesus.
Deus é o Senhor de tudo, até do mar. Mas é principalmente
Pai, e quer seus filhos e filhas bem pertinho de si.
Há muitos modos de vivermos no mundo: 1) Ficar na margem. 2)
Ajudar a criar mais tempestades. 3) Entrar em outros barquinhos por aí, que não
levam à outra margem. 4) Ficar lutando sozinho contra as ondas, sem buscar
Jesus e a Comunidade. 5) Fazer o que fizeram os Apóstolos, isto é, indo atrás
de Jesus, que agiu e fez uma grande calmaria.
Certa vez, uma família distinta convidou uma noviça para
jantar com eles num restaurante de luxo. A madre superiora deixou, e a jovem
foi. Mas na hora da refeição, a noviça ficou tão chocada com a cena que viu,
que perdeu o apetite: do lado de fora do restaurante, havia várias crianças
sujas, maltrapilhas e certamente famintas olhando pela janela. Já a família,
que estava acostumada com aquilo, não se chocou; nem os demais comensais e os
garçons.
O noviciado é uma escola para se construir o mundo da outra
margem, isto é, o Reino de Deus levado a sério. E a tempestade surge justamente
quando começamos a dar passos na construção deste mundo novo, rompendo com o
mundo velho do pecado e da injustiça. Neste caso, a tempestade já começou
dentro da noviça, e essa tempestade só se acalmará quando ela, junto com a
Comunidade cristã, começar a colocar em prática as suas convicções, nascidas do
Evangelho.
Maria Santíssima foi a mulher de fé, que venceu todos as
tempestades e cumpriu de forma brilhante a sua vocação. Santa Maria, rogai por
nós!
Levantando-se, ameaçou os ventos e o mar, e fez-se uma
grande calmaria.
Padre Queiroz
Parabéns meu irmão de ministério, pe. Queiroz. Muito boa sua reflexão. Frei Augusto Ofm.conv. Paróquia S. Antônio de Pádua SLZ. MA.
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