25
Janeiro 2019
Tempo Comum - Anos Ímpares - II Semana -
Sexta-feira
Lectio
Primeira leitura: Hebreus 8, 6-13
Irmãos: 6Jesus obteve um ministério tanto mais
elevado, quanto maior é a aliança de que é mediador, a qual foi estabelecida
sobre melhores promessas. 7Se, na verdade, a primeira fosse perfeita, não
haveria lugar para a segunda. 8De facto, censurando-os, diz: Eis que vêm dias,
diz o Senhor, em que farei com a casa de Israel e com a casa de Judá uma
aliança nova, 9não como a aliança que fiz com os seus pais no dia em que os
tomei pela mão, para os fazer sair do Egipto; porque eles não permaneceram na
minha aliança, também Eu me desinteressei deles - diz o Senhor. 10Esta é a
aliança que estabelecerei com a casa de Israel, depois daqueles dias. Diz o
Senhor: Porei as minhas leis na sua mente e as imprimirei nos seus corações;
serei o seu Deus e eles serão o meu povo. 11Ninguém ensinará o seu próximo nem
o seu irmão, dizendo: 'Conhece o Senhor'; porque todos me conhecerão, do mais
pequeno ao maior, 12pois perdoarei as suas iniquidades e não mais me lembrarei
dos seus pecados. 13Ao falar de uma aliança nova, Deus declara antiquada a
primeira; ora, o que se torna antiquado e envelhece está prestes a desaparecer.
Depois de centrar a atenção no sacerdócio de
Cristo, o autor da Carta aos Hebreus passa para o tema da Nova Aliança. Um
sacerdócio novo implica uma lei nova. Por sua vez, uma lei nova implica uma
aliança nova, uma aliança que substitua a antiga. Jesus é o mediador dessa nova
aliança: «este cálice é a nova Aliança no meu sangue, que vai ser derramado por
vós» (Lc 22, 20), disse o Senhor na última Ceia. Em cada eucaristia, no momento
da consagração, revivemos admirados e comovidos o mistério da «Aliança nova»
(v. 13): «Este é o cálice do meu Sangue, do Sangue da nova e eterna aliança,
que será derramado por vós e por todos, para remissão dos pecados». O autor
detém-se a descrever a «aliança nova» servindo-se de Jr 31. Com a «aliança
nova», Deus ultrapassa a Aliança antiga, que fora selada por ritos exteriores.
O povo quebrou essa aliança. Mas Deus náo se rendeu e estipulou outra aliança
destinada a penetrar no íntimo do homem, na sua mente e no seu coração. Deus
nunca desiste de Se dar a conhecer ao homem nem de ser por ele amado. Na
Aliança nova, finalmente, cada um «conhecerá», isto é amará Aquele que é
misericórdia e perdão (Ex 34, 6s.) A cruz do seu Filho muito amado, Jesus, será
o lugar da suprema manifestação de Deus.
Evangelho: Marcos 3, 13-19
Naquele tempo, 13Jesus subiu a um monte,
chamou os que Ele queria e foram ter com Ele. 14Estabeleceu doze para estarem
com Ele e para os enviar a pregar, 15com o poder de expulsar demónios.
16Estabeleceu estes doze: Simão, ao qual pôs o nome de Pedro; 17Tiago, filho de
Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais deu o nome de Boanerges, isto é,
filhos do trovão; 18André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de
Alfeu, Tadeu, Simão, o Cananeu, 19e Judas Iscariotes, que o entregou.
Deus não desiste de ligar mais intimamente a
Si a humanidade, como já vimos na primeira leitura. Por meio de Jesus, escolhe
alguns que experimentem mais profundamente o seu amor e se tornem testemunhas,
arautos na nova Aliança junto dos irmãos. É para isso que Jesus forma a sua
nova família, um grupo de pessoas dispostas a acolhê-lo, que também devem
converter-se. Falar de família, é acentuar a relação pessoal e afectiva que
deve existir entre Jesus e os seus discípulos, que são o germe do novo Israel,
os fundamentos da futura Igreja.
Tudo acontece sobre um «monte». Os montes são lugares propícios para as revelações de Deus (cf. 6, 43; 9, 2). As grandes decisões de Deus sobre o seu povo foram tomadas sobre os montes (cf. Ex 1, 20; 24, 12; Num 27, 12; Dt 1, 6-8, etc). Aqui é Cristo que chama, escolhe e constitui a comunidade. Marcos não diria isto, se não acreditasse que Jesus era Deus. O grupo é convocado para «ir ter com Ele» (v. 13 e, em primeiro lugar, para «estar com Ele» (v. 14). O novo povo de Deus constitui-se à volta de Jesus, que se apresenta como referência absoluta, assumindo uma função que pertencia à Lei. Isto causava escândalo aos Judeus. Os discípulos recebem os próprios poderes de Jesus, actuando com a força do Evangelho. A vocação implica a missão de testemunhar o amor de Deus pelos homens.
Tudo acontece sobre um «monte». Os montes são lugares propícios para as revelações de Deus (cf. 6, 43; 9, 2). As grandes decisões de Deus sobre o seu povo foram tomadas sobre os montes (cf. Ex 1, 20; 24, 12; Num 27, 12; Dt 1, 6-8, etc). Aqui é Cristo que chama, escolhe e constitui a comunidade. Marcos não diria isto, se não acreditasse que Jesus era Deus. O grupo é convocado para «ir ter com Ele» (v. 13 e, em primeiro lugar, para «estar com Ele» (v. 14). O novo povo de Deus constitui-se à volta de Jesus, que se apresenta como referência absoluta, assumindo uma função que pertencia à Lei. Isto causava escândalo aos Judeus. Os discípulos recebem os próprios poderes de Jesus, actuando com a força do Evangelho. A vocação implica a missão de testemunhar o amor de Deus pelos homens.
Meditatio
Na primeira leitura, escutamos o belo texto de
Jeremias sobre a «aliança nova» (v. 8), que trará uma viragem na relação dos
homens com Deus. A «aliança nova» não será «como a aliança que fiz com os seus
pais no dia em que os tomei pela mão, para os fazer sair do Egipto» (v. 9), diz
o Senhor. A primeira aliança ficava pelo exterior, pela observância da Lei dada
por Deus. Mas, sendo exterior, a Lei tornava-se, sobretudo, um obstáculo para
muitos, porque, quando uma lei é imposta, a primeira reacção do homem é opor-se
a ela. Os hebreus veneravam a Lei, mas poucos a observavam de verdade. Aliás, o
profeta anuncia a aliança nova num tempo em que, por causa das graves violações
da Lei, Deus castigara severamente o seu povo com a destruição do Templo e com
o exílio em Babilónia. Mas é exactamente nesse momento dramático que Deus
surpreende com a promessa de uma aliança nova e de uma Lei, não já escrita em
tábuas de pedra, mas nas mentes e nos corações: «Porei as minhas leis na sua
mente e as imprimirei nos seus corações» (v. 10). Isto quer dizer que os homens
estarão intimamente de acordo com Deus, amarão a sua vontade, terão desejo de
cumpri-la, terão a mesma vontade e os mesmos desejos de Deus. É a aliança
instituída por Jesus com o seu sacrifício. Ele mesmo se torna a nossa lei na
caridade universal. Afirmamo-lo na eucaristia: «Este é o cálice do meu sangue,
o sangue da nova e eterna aliança». Esta aliança definitiva e perfeita, une-nos
definitivamente com Deus e une-nos entre nós. É bom lembrarmos isto, numa época
do ano em que as igrejas cristãs rezam pela unidade.
O evangelho apresenta-nos outra condição para a unidade: a eleição dos Doze, a instituição que exprime a pluralidade na unidade, a que se deve aderir para estar unidos a Deus. As divisões na igreja têm origem na falta de fé e de adesão à autoridade. Os pastores da Igreja são certamente homens fracos e imperfeitos. Mas Jesus constituiu-os para conservarem a unidade. Por há que rodeá-los de afecto e compreensão. Cristo Jesus está com eles!
«Que todos sejam um só. Como Tu, ó Pai, estás em Mim, e Eu em Ti, que também eles estejam em Nós, para que o mundo creia que Tu me enviaste», rezava Jesus (Jo 17, 21). Notemos a insistência do Senhor, não só sobre a unidade no amor, mas também so
bre a dimensão missionária da comunidade cristã unida no amor. O mesmo se pode dizer da comunidade religiosa. «Ut sint unum» é um dos motes caros ao Pe. Dehon.
O evangelho apresenta-nos outra condição para a unidade: a eleição dos Doze, a instituição que exprime a pluralidade na unidade, a que se deve aderir para estar unidos a Deus. As divisões na igreja têm origem na falta de fé e de adesão à autoridade. Os pastores da Igreja são certamente homens fracos e imperfeitos. Mas Jesus constituiu-os para conservarem a unidade. Por há que rodeá-los de afecto e compreensão. Cristo Jesus está com eles!
«Que todos sejam um só. Como Tu, ó Pai, estás em Mim, e Eu em Ti, que também eles estejam em Nós, para que o mundo creia que Tu me enviaste», rezava Jesus (Jo 17, 21). Notemos a insistência do Senhor, não só sobre a unidade no amor, mas também so
bre a dimensão missionária da comunidade cristã unida no amor. O mesmo se pode dizer da comunidade religiosa. «Ut sint unum» é um dos motes caros ao Pe. Dehon.
Oratio
Pai santo, nós Te bendizemos, por nos teres
dado o teu Filho Jesus. Ele levou até ao extremo o seu amor por nós e entregou
a sua vida para nos reunir na tua família. Escuta mais uma vez a sua oração
que, pela nossa boca, se ergue para Ti: «Pai, guarda-os no teu amor de modo que
sejam um só, como Tu estás em Mim e Eu em Ti». Aceita a oblação da nossa vida
fraterna, as alegrias e os sofrimentos que partilhamos, o compromisso de
vivermos reconciliados. Anima com o teu Espírito as nossas comunidades, para
que permaneçam no teu amor e experimentem a plenitude da tua alegria. Amen.
Contemplatio
O cenáculo e o calvário eram o ponto final dos
sacrifícios da antiga lei. Jesus era o verdadeiro cordeiro, sacrificado de uma
maneira mística no cenáculo e de uma maneira sangrenta no calvário. Dos dois
lados Jesus oferece o seu corpo e o seu sangue: «Eis o meu corpo que é entregue
por vós, diz no cenáculo; eis o meu sangue que será derramado por vós». É o
sacrifício novo, é a oblação pura que será oferecida por toda a parte segundo a
profecia de Malaquias. Todos os caracteres dos antigos sacrifícios encontram-se
aí reunidos. É o mais perfeito dos holocaustos, o único capaz de dar a Deus uma
glória infinita, porque um Deus nele se humilha até tomar as aparências mais
humildes. É um sacrifício eucarístico, onde Jesus Cristo mesmo se encarrega de
pagar a dívida do nosso reconhecimento. É um sacrifício propiciatório: o
Salvador tomou ele mesmo os nossos pecados no seu corpo, para que morrêssemos
para o pecado e vivêssemos na justiça (1Pd 2, 24). É um sacrifício
impetratório: Jesus é o nosso advogado junto de seu Pai (Jo 2, 1). É uma fonte infinita
de graças. Os sacrifícios da antiga lei não lhe podem ser comparados. Deus
dizia no Sl 49: Não tenho necessidade dos vossos gemidos nem dos vossos
carneiros, é um sacrifício de louvor, um sacrifício espiritual que desejo: e no
Sl 39: não quero mais os vossos holocaustos e as vossas oferendas. E o Verbo de
Deus respondeu ao seu Pai: Eis-me aqui, venho oferecer o meu corpo e o meu
sangue como um sacrifício voluntário que substituirá todos os da antiga lei.
(Leão Dehon, OSP 4, p. 241s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Que todos sejam um só» (Jo 17, 21)
«Que todos sejam um só» (Jo 17, 21)
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