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domingo, 20 de novembro de 2016

1º DOMINGO DO ADVENTO-Dehonianos

27 Novembro 2016
ANO A
1º DOMINGO DO ADVENTO
Tema do 1º Domingo do Advento
A liturgia deste domingo apresenta um apelo veemente à vigilância. O cristão não deve instalar-se no comodismo, na passividade, no desleixo, na rotina; mas deve caminhar, sempre atento e sempre vigilante, preparado para acolher o Senhor que vem e para responder aos seus desafios.
A primeira leitura convida os homens – todos os homens, de todas as raças e nações – a dirigirem-se à montanha onde reside o Senhor… É do encontro com o Senhor e com a sua Palavra que resultará um mundo de concórdia, de harmonia, de paz sem fim.
A segunda leitura recomenda aos crentes que despertem da letargia que os mantém presos ao mundo das trevas (o mundo do egoísmo, da injustiça, da mentira, do pecado), que se vistam da luz (a vida de Deus, que Cristo ofereceu a todos) e que caminhem, com alegria e esperança, ao encontro de Jesus, ao encontro da salvação.
O Evangelho apela à vigilância. O crente ideal não vive mergulhado nos prazeres que alienam, nem se deixa sufocar pelo trabalho excessivo, nem adormece numa passividade que lhe rouba as oportunidades; o crente ideal está, em cada minuto que passa, atento e vigilante, acolhendo o Senhor que vem, respondendo aos seus desafios, cumprindo o seu papel, empenhando-se na construção do “Reino”.
LEITURA I – Is 2,1-5
Leitura do Livro de Isaías
Visão de Isaías, filho de Amós,
acerca de Judá e de Jerusalém:
Sucederá, nos dias que hão-de vir,
que o monte do templo do Senhor
se há-de erguer no cimo das montanhas
e se elevará no alto das colinas.
Ali afluirão todas as nações
e muitos povos ocorrerão, dizendo:
«Vinde, subamos ao monte do Senhor,
ao templo do Deus de Jacob.
Ele nos ensinará os seus caminhos
e nós andaremos pelas suas veredas.
De Sião há-de vir a lei
e de Jerusalém a palavra do Senhor».
Ele será juiz no meio das nações
e árbitro de povos sem número.
Converterão as espadas em relhas de arado
e as lanças em foices.
Não levantará a espada nação contra nação,
nem mais se hão-de preparar para a guerra.
Vinde, ó casa de Jacob,
caminhemos à luz do Senhor.
AMBIENTE
O texto de Is 2,2-4 encontra-se – com algumas variantes e uma adição – em Mi 4,1-3, o que parece favorecer a hipótese de uma fonte comum, anterior a Isaías e a Miqueias, na qual os redactores dos dois livros se teriam inspirado (embora haja quem defenda, mais simplesmente, que o texto original é de Isaías e que Miqueias apenas o reproduziu com variantes).
Pelo conteúdo estamos, provavelmente, diante de um oráculo inspirado nas grandes movimentações de peregrinos que, por alturas das festas, sobem para Jerusalém. Imaginemos, como hipótese, que o poeta contempla desde o monte Sião a chegada das caravanas israelitas que acorrem em peregrinação para celebrar uma festa popular – por exemplo, a festa das Tendas… Ele nota que essas caravanas procedem de todas as partes do território habitado pelo Povo de Deus; vê-las convergir para a cidade santa, subir pela colina em direcção ao Templo onde reside Deus; à medida que se aproximam, o poeta ouve distintamente os “cânticos de ascensão” com que os peregrinos saúdam o Senhor e pedem a paz para Jerusalém e para toda a nação… Subitamente, na fantasia do poeta, a cena transforma-se: ele vê, num futuro sem data definida, uma multidão de povos de todas as raças e nações que, atraídas por Jahwéh, se dirigem ao encontro da salvação de Deus. É, provavelmente, um “sonho” destes que dá origem a este oráculo escatológico. Estamos diante de um dos oráculos mais inspirados, mais profundos e mais bonitos de todo o Antigo Testamento.
MENSAGEM
O nosso oráculo é o poema da paz universal e da convergência de todos os povos à volta de Deus.
Na visão do profeta, o “monte do Senhor” (o monte do Templo) eleva-se e transforma-se no centro do mundo, sobressaindo entre todos os montes, não por ser o mais alto, mas por ser a morada de Jahwéh (vers. 2a.b). De todas as partes do mundo vêem-se convergir caravanas de povos e de nações que avançam, confluem e sobem montanha acima, ao encontro do Senhor (vers. 2c-3a)… Quem foi que os convocou, que força os atrai?
A resposta está no próprio cântico que acompanha a caminhada de toda esta gente: eles vêm atraídos pela força irresistível da Palavra de Deus; querem conhecer o ensinamento (Torah) e ser instruídos nos caminhos de Jahwéh (vers. 3b.c.d.e). A Palavra salvadora e libertadora de Jahwéh atrai e agarra todos os povos que percorrem os caminhos do mundo, lança-os num movimento único e universal, reúne-os à volta de Deus.
À medida que todos se juntam à volta de Deus, escutam a sua Palavra e aprendem os seus caminhos, as divisões, as hostilidades, os conflitos da humanidade vão-se desvanecendo. Primeiro, eles aceitam a arbitragem justa e pacífica de Deus (vers. 4a); depois, compreendem que não são necessárias armas: as máquinas de guerra transformam-se em instrumentos pacíficos de trabalho e de vida (vers. 4b.c.d). Do encontro com Deus e com a sua Palavra, resulta a harmonia, o progresso, o entendimento entre os povos, a vida em abundância, a paz universal.
Este quadro é o reverso de Babel… Na história da torre de Babel (cf. Gn 11,1-9), os homens escolheram o confronto com Deus, o orgulho e a auto-suficiência; e isso conduziu à divisão, ao conflito, à confusão, à falta de entendimento, à dispersão… Agora, os homens escolheram escutar Deus e seguir os caminhos indicados por Ele; o resultado é a reunião de todos os povos, o entendimento, a harmonia, o progresso, a paz universal. Quando se realizará esta profecia?
ACTUALIZAÇÃO
Para a reflexão pessoal, considerar os seguintes elementos:
• O sonho do profeta começa a realizar-se em Jesus. Ele é a Palavra viva de Deus, que Se fez carne e que veio habitar no meio de nós, a fim de trazer a “paz aos homens” amados por Deus (cf. Lc 2,14); da escuta dessa Palavra, nasce a comunidade universal da salvação, aberta a todos os povos da terra (cf. Act 2,5-11), de que fala a leitura que nos é proposta. Se é verdade que todo o processo tem a marca da iniciativa divina, também é verdade que o homem tem de responder positivamente à acção de Deus: tem de escutar essa proposta, acolhê-la no coração e na vida, partir ao encontro de Deus (a nossa leitura fala de uma peregrinação à montanha sagrada). Estamos a começar o tempo de preparação para acolher Jesus (Advento) e a proposta de salvação que, através d’Ele, o Pai quer fazer aos homens: estamos dispostos a ir ao seu encontro, a acolhê-l’O, a escutar a sua Palavra, a aderir a
essa proposta de vida que Ele veio fazer?
• Um olhar, ainda que desatento, ao mundo que nos rodeia, revela que estamos muito longe dessa terra ideal de justiça e de paz, construída à volta de Deus e da sua Palavra – apesar de Jesus, a Palavra viva de Deus, ter vindo ao nosso encontro há já dois mil anos… O que é que está a impedir ou, pelo menos, a atrapalhar a chegada desse mundo de justiça e de paz? Nisso, eu não terei a minha parte de responsabilidade? Que posso eu fazer para que o sonho de Isaías – o sonho de todos os homens de boa vontade – se concretize?
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 121 (122)
Refrão: Vamos com alegria para a casa do Senhor.
Alegrei-me quando me disseram:
«Vamos para a casa do Senhor».
Detiveram-se os nossos passos
às tuas portas, Jerusalém.
Para lá sobem as tribos, as tribos do Senhor,
segundo costume de Israel, para celebrar o nome do Senhor;
ali estão os tribunais da justiça,
os tribunais da casa de David.
Pedi a paz para Jerusalém:
«Vivam seguros quantos te amam.
Haja paz dentro dos teus muros,
tranquilidade em teus palácios».
Por amor de meus irmãos e amigos,
pedirei a paz para ti.
Por amor da casa do Senhor,
pedirei para ti todos os bens.
LEITURA II – Rom 13,11-14
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos:
Vós sabeis em que tempo estamos:
Chegou a hora de nos levantarmos do sono,
porque a salvação está agora mais perto de nós
do que quando abraçámos a fé.
A noite vai adiantada e o dia está próximo.
Abandonemos as obras das trevas
e revistamo-nos das armas da luz.
Andemos dignamente, como em pleno dia,
evitando comezainas e excessos de bebida,
as devassidões e libertinagens, as discórdias e os ciúmes;
não vos preocupeis com a natureza carnal,
para satisfazer os seus apetites,
mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo.
AMBIENTE
Quando Paulo redige a Carta aos Romanos, está em Corinto, no termo da sua terceira viagem missionária… Prepara-se para partir para Jerusalém com o produto da colecta que organizou na Macedónia e na Acaia em benefício dos “santos de Jerusalém que estão na pobreza” (1 Cor 16,1; cf. Rom 15,25-26). Paulo acha que terminou a sua missão no oriente (cf. Rom 15,19-20) e quer, agora, levar o Evangelho ao ocidente. Estamos no ano 57 ou 58.
O pretexto da carta é preparar a ida de Paulo a Espanha (cf. Rom 15,24)… Na realidade, Paulo aproveita para contactar a comunidade de Roma e para apresentar aos romanos (e aos crentes, em geral) os principais problemas que o preocupam… Estamos numa altura em que o perigo da divisão ameaça a Igreja: de um lado estão as comunidades de origem judeo-cristã e de outro as comunidades pagano-cristãs; uns e outros têm algumas dificuldades de entendimento e há um perigo real de cisão. Paulo escreve, então, sublinhando a unidade da fé e chamando a atenção para a igualdade fundamental de todos – judeo-cristãos e pagano-cristãos – no processo da salvação.
A primeira parte da Carta aos Romanos (cf. Rom 1,18-11,36) é de carácter dogmático e procura mostrar que o Evangelho é a força que congrega e que salva todo o crente; a segunda parte (cf. Rom 12,1-15,13) é de carácter prático e exorta judeo-cristãos e pagano-cristãos a viver no amor.
O texto que hoje nos é proposto pertence à segunda parte da carta. Depois de exortar os cristãos que pertencem à comunidade de Roma ao amor mútuo (cf. Rom 13,8-10), Paulo pede-lhes que estejam vigilantes e preparados, a fim de acolher o Senhor que vem.
MENSAGEM
Referindo-se à “hora” que os cristãos estão a viver, Paulo pede-lhes que se levantem “do sono, porque a salvação está mais perto”. Ao dizer que a salvação está perto, o que é que Paulo está a sugerir?
Paulo pensava, certamente, na vinda mais ou menos iminente de Jesus Cristo, a fim de concluir a história da salvação; no entanto, a ausência de especulações apocalípticas mostra claramente que o interesse de Paulo não é no “quando” e no “como”, mas no significado e nas consequências dessa vinda. O facto que aqui interessa é, portanto, que os cristãos estão a viver os “últimos tempos” (que começaram quando Jesus deixou o mundo e encarregou os discípulos de serem testemunhas da salvação diante dos homens) antes da vinda de Jesus… Quais as consequências disso?
Antes de serem baptizados, os cristãos viviam nas trevas e a sua vida estava pontuada pelo egoísmo (excessos de comida e de bebida, devassidões, libertinagens, discórdias e ciúmes); mas, com o baptismo, eles nasceram para uma nova realidade… É para essa realidade de uma vida nova, liberta do egoísmo e do pecado, que eles devem acordar definitivamente, enquanto esperam o Senhor que vem: quando o Senhor chegar, deve encontrá-los despidos do velho mundo das trevas; e deve encontrá-los atentos e preparados, revestidos dessa vida nova que Cristo lhes ofereceu, vivendo na fé, no amor, no serviço.
Fundamentalmente, há aqui um convite a que os crentes vivam este “tempo” como um tempo último e definitivo, que tem de ser um tempo de caminhada ao encontro de Jesus Cristo e ao encontro da salvação.
ACTUALIZAÇÃO
Considerar as seguintes questões:
• A questão fundamental que está em jogo neste texto é a da conversão: os crentes são convidados a deixar a vida das trevas e embarcar, decididamente, na vida da luz… As “trevas” caracterizam essa realidade negativa que produz mentira, injustiça, opressão, medo, cobardia, materialismo (e que é uma realidade que toca tantas vezes, directa ou indirectamente, a nossa existência); a “luz” é a realidade de quem vive na dinâmica de Deus… Falar de “conversão” implica falar de uma transformação profunda das estruturas e dos corações… Quais são, na sociedade, as estruturas que são responsáveis pelas “trevas” que envolvem a vida de tantos homens? O que é que na Igreja é menos “luminoso” e necessita de conversão? O que é que em mim próprio é necessário transformar com urgência?
• Quase todos nós somos pessoas razoáveis e sérias e não andamos todos os dias em bebedeiras, devassidões, libertinagens e discórdias; mas, apesar da nossa bondade e seriedade, é possível que o cansaço, a monotonia, a preguiça nos adormeçam, que caiamos na indiferença, na inércia, na passividade, no comodismo; é possível que deixemos correr as coisas e que esqueçamos os compromissos que um dia assumimos com Jesus e com o “Reino”… É para nós que Paulo grita: “acordai!; renovai o vosso entusiasmo pelos valores do Evangelho; é preciso estar
preparado – sempre preparado – para acolher o Senhor que vem”.
• Há também, neste texto, um convite à esperança: “o Senhor vem! A noite vai adiantada e o dia está próximo”. Deus não nos abandona; Ele continua a vir ao nosso encontro e a construir connosco esse mundo novo de justiça e de paz… Por muito que nos assustem as trevas que envolvem o mundo, a presença de Deus garante-nos que a injustiça, a exploração, a morte não são o final inevitável: a última palavra que a história vai ouvir é a Palavra libertadora e salvadora de Deus.
ALELUIA – Salmo 84,8
Aleluia. Aleluia.
Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia
e dai-nos a vossa salvação.
EVANGELHO – Mt 24,37-44
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Como aconteceu nos dias de Noé,
assim sucederá na vinda do Filho do homem.
Nos dias que precederam o dilúvio,
comiam e bebiam, casavam e davam em casamento,
até ao dia em que Noé entrou na arca;
e não deram por nada,
até que veio o dilúvio, que a todos levou.
Assim será também na vinda do Filho do homem.
Então, de dois que estiverem no campo,
um será tomado e outro deixado;
de duas mulheres que estiverem a moer com a mó,
uma será tomada e outra deixada.
Portanto, vigiai,
porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.
Compreendei isto:
se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão,
estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa.
Por isso, estai vós também preparados,
porque na hora em que menos pensais,
virá o Filho do homem.
AMBIENTE
Os capítulos 24 e 25 do Evangelho segundo Mateus apresentam o último grande discurso de Jesus antes da sua paixão e morte. Para compô-lo, Mateus reelaborou o chamado “discurso escatológico” de Marcos (cf. Mc 13), ampliando-o e mudando substancialmente o tema central: se no discurso transmitido por Marcos a questão principal é a dos sinais que precederão a destruição de Jerusalém e do Templo, no discurso reelaborado por Mateus a questão central é a da vinda do Filho do homem e das atitudes com que os discípulos devem preparar a dita vinda.
Esta mudança de perspectiva pode explicar-se a partir da situação em que vivia a comunidade de Mateus e com as suas necessidades. Estamos na década de 80. Passaram dez anos sobre a destruição de Jerusalém e ainda não aconteceu a segunda vinda de Jesus. Os crentes estão desanimados e desiludidos… O evangelista contempla com preocupação os sinais de abandono, de desleixo, de rotina, de esfriamento que começam a aparecer na comunidade e sente que é preciso renovar a esperança e levar os crentes a comprometer-se na história, construindo o “Reino”. Nesta situação, Mateus descobre que as palavras de Jesus encerram um profundo ensinamento e compõe com elas uma exortação dirigida aos cristãos. Esta exortação fundamenta-se numa profunda convicção: a vinda do “Filho do homem” é um facto certo, ainda que não aconteça em breve; enquanto não chega o momento, é preciso preparar este grande acontecimento, vivendo de acordo com os ensinamentos de Jesus.
A linguagem destes capítulos é estranha e enigmática… Trata-se, no entanto, de um género usado com alguma frequência por alguns grupos judeus e cristãos da época de Jesus. É a linguagem “apocalíptica”, porque o seu objectivo é “revelar algo escondido” (“apocaliptô). Em muitas ocasiões, esta revelação é dirigida a comunidades que vivem numa situação de sofrimento, de desespero, de perseguição; o objectivo é animá-las, dar-lhes esperança, mostrar-lhes que a vitória final será de Deus e dos que lhe forem fiéis.
MENSAGEM
Para Mateus, a vinda do Senhor é certa, embora ninguém saiba o dia nem a hora (cf. Mt 24,36); aos crentes resta estar vigilantes, preparados e activos… Para transmitir esta mensagem, Mateus usa três quadros…
O primeiro (vers. 37-39) é o quadro da humanidade na época de Noé: os homens viviam, então, numa alegre inconsciência, preocupados apenas em gozar a sua “vidinha” descomprometida; quando o dilúvio chegou, apanhou-os de surpresa e impreparados… Se o “gozar” a vida ao máximo for para o homem a prioridade fundamental, ele arrisca-se a passar ao lado do que é importante e a não cumprir o seu papel no mundo.
O segundo (vers. 40-41) coloca-nos diante de duas situações da vida quotidiana: o trabalho agrícola e a moagem do trigo… Os compromissos e trabalhos necessários à subsistência do homem também não podem ocupá-lo de tal forma que o levem a negligenciar o essencial: a preparação da vinda do Senhor.
O terceiro (vers. 43-44) coloca-nos frente ao exemplo do dono de uma casa que adormece e deixa que a sua casa seja saqueada pelo ladrão… Os crentes não podem, nunca, deixar-se adormecer, pois o seu adormecimento pode levá-los a perder a oportunidade de encontrar o Senhor que vem.
A questão fundamental é, portanto, esta: o crente ideal é aquele que está sempre vigilante, atento, preparado, para acolher o Senhor que vem. Não perde oportunidades, porque não se deixa distrair com os bens deste mundo, não vive obcecado com eles e não faz deles a sua prioridade fundamental… Mas, dia a dia, cumpre o papel que Deus lhe confiou, com empenho e com sentido de responsabilidade.
ACTUALIZAÇÃO
A reflexão deste texto pode partir dos seguintes dados:
• O que é que significa para nós “estar vigilantes”, “estar atentos”, “estar preparados” para acolher o Senhor? Significa ter a “alminha” na “graça de Deus” para que, se a morte chegar de repente, Deus não consiga encontrar em nós qualquer pecado não confessado e não tenha qualquer razão para nos mandar para o inferno? Significa, fundamentalmente, acolher todas as oportunidades de salvação que Deus nos oferece continuamente… Se Ele vem ao meu encontro, me desafia a cumprir uma determinada missão e eu prefiro continuar a viver a minha “vidinha” fácil e sem compromisso, estou a perder uma oportunidade de dar sentido à minha vida; se Ele vem ao meu encontro, me convida a partilhar algo com os meus irmãos mais pobres e eu escolho a avareza e o egoísmo, estou a perder uma oportunidade de abrir o meu coração ao amor, à alegria, à felicidade…
• O Evangelho que nos é proposto apresenta alguns dos motivos que impedem o homem de “acolher o Senhor que vem”… Fala da opção por “gozar a vida”, sem ter tempo nem espaço para compromissos sérios (quanta gente, ao domingo, tem todo o tempo do mundo para dormir até ao meio dia, m
as não para celebrar a fé com a sua comunidade cristã); fala do viver obcecado com o trabalho, esquecendo tudo o mais (quanta gente trabalha quinze horas por dia e esquece que tem uma família e que os filhos precisam de amor); fala do adormecer, do instalar-se, não prestando atenção às realidades mais essenciais (quanta gente encolhe os ombros diante do sofrimento dos irmãos e diz que não tem nada com isso: é o governo ou o Papa que têm que resolver a situação)… E eu: o que é que na minha vida me distrai do essencial e me impede, tantas vezes, de estar atento ao Senhor que vem?
• Neste tempo de preparação para a celebração do nascimento de Jesus, sou convidado a recentrar a minha vida no essencial, a redescobrir aquilo que é importante, a estar atento às oportunidades que o Senhor, dia a dia, me oferece, a acordar para os compromissos que assumi para com Deus e para com os irmãos, a empenhar-me na construção do “Reino”… É essa a melhor forma – ou melhor, a única forma – de preparar a vinda do Senhor.
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 1º DOMINGO DO ADVENTO
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 1º Domingo do Advento, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.
2. GESTO DE RECOLHIMENTO E DE ACOLHIMENTO:
O gesto-símbolo para este primeiro domingo poderia ser: começar por nos sentarmos em silêncio, depois do presidente da assembleia ter dito, por exemplo: “Irmãos e irmãs, façamos silêncio, é preciso vigiar, o Senhor vem…”. Depois, após um bom momento de recolhimento, entoa-se o cântico de entrada seguido da palavra de acolhimento; ou o presidente profere umas palavras de acolhimento, seguindo-se o cântico de entrada.
3. FAZER A PROCISSÃO DO LIVRO DA PALAVRA.
Depois da oração de colecta, que conclui o rito de abertura da celebração, o leccionário é trazido do fundo da igreja por um leigo, rodeado de quatro crianças com velas acesas ou lamparinas. Depois da leitura do Evangelho, o leccionário é colocado, aberto, num lugar preparado e visível para toda a assembleia.
4. BILHETE DE EVANGELHO.
Aos homens sem armas, Deus promete a vitória da Paz. Um homem desarmado é um homem vulnerável… mas ele pode também desarmar os violentos que lhe fazem face. Jesus veio precisamente desarmar os homens. Apresenta-Se como “Príncipe da Paz”. Proclama felizes os construtores de Paz, porque a Paz é uma obra: faz-se a Paz, infelizmente também se faz a guerra. Neste período da nossa história marcado pela violência, apresentemo-nos sem armas: apenas com a da reconciliação, dando um passo; a do diálogo, escutando e falando; a do respeito, olhando e ousando falar; a da solidariedade, estendendo a mão… Os desarmados não são gente que baixa os braços dizendo: “nunca se conseguirá!” A vitória é-lhes assegurada pelo próprio Deus: “Glória a Deus e paz na terra aos homens por Ele amados!”
5. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.
No final da primeira leitura:
Bendito sejas, Deus nosso Pai! Numa humanidade ferida pelas espadas e pelas lanças das querelas e das guerras, Tu revelaste o caminho da paz, comunicando a Palavra e instruindo o teu povo.
Nós Te pedimos pelas Igrejas espalhadas por todo o universo: que elas irradiem a tua luz para traçar no mundo o caminho da paz.
No final da segunda leitura:
Nosso Pai, nós Te bendizemos pelo tempo da salvação: Tu nos anuncias o fim da noite e a vinda do dia, e em cada domingo se torna presente a ressurreição do teu Filho, Jesus, nosso irmão.
Nós Te pedimos por nós mesmos: guarda-nos das actividades das trevas, reveste-nos para o combate da luz, reveste-nos do Senhor Jesus.
No final do Evangelho:
Nós Te damos graças pela tua vigilância e pela tua solicitude: mesmo nas infelicidades da nossa terra, Tu vigias os teus fiéis, com atenção e bondade.
Nós Te pedimos ainda: que o teu Espírito nos torne atentos e preparados, que o teu Filho Jesus nos encontre em situação de vigilância, na oração e na atenção ao próximo.
6. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
Pode-se escolher a Oração Eucarística III, por se relacionar mais explicitamente com os textos da liturgia da Palavra de hoje…
7. PALAVRA EXPLICADA 1: SIÃO.
SIÃO. É a antiga denominação do lugar de Jerusalém, antes da instalação dos Hebreus. Em sentido estrito, este nome designa a colina sul da cidade, mas foi estendido em seguida a toda a cidade (2Re 19,31). E aplicado, em particular, ao lugar do templo (Is 2,3, primeira leitura deste domingo), como lugar da presença de Deus (Am 1,2). A população da cidade era chamada “Filha de Sião”, como é indicado pelos Evangelhos para a entrada de Jesus em Jerusalém (Mt 21,5 e Jo 12,15, que citam Zac 9,9 e Is 62,11). Nas visões cristãs do mundo que virá, o monte Sião é transposto para o céu, para a grande reunião da multidão dos eleitos (os 144.000 segundo Ap 14,1), na cidade celeste do Deus vivo (Heb 12,22). Antigas tradições cristãs situavam igualmente nesta mesma colina de Sião, o local (chamado cenáculo) no qual Jesus tinha celebrado a Ceia e que se considerava também como o lugar onde se encontravam os apóstolos no Pentecostes (Ac 2,1). Nesta compreensão, Sião era, pois, o lugar de nascimento da Igreja. Na liturgia, isso orientou a compreensão dos salmos, que evocam Sião e a sua aplicação à Igreja.
8. PALAVRA EXPLICADA 2: VIGÍLIA.
VIGÍLIA. A oração na noite é uma originalidade cristã, como testemunham já os Actos a propósito da prisão de Pedro (12,12), depois de Paulo e de Silas (16,25), e a propósito do encontro de Troas (20,7). Por volta de 250, um regulamento de comunidade (“Tradição Apostólica” 41) justificava a vigília pela parábola do cortejo nupcial e o convite de Cristo a vigiar (Mt 25,6.13), para acrescentar: “os antigos que transmitiram a tradição ensinaram-nos assim que a esta hora toda a criação repousa um momento para louvar o Senhor: os astros, as árvores, as águas e todos os anjos, com as almas dos justos. Eis porque aqueles que crêem devem apressar-se em rezar a esta hora”. Do século IV veio-nos o testemunho de São Basílio de Cesareia: “Entre nós, durante a noite, o povo levanta-se para se dirigir à casa de oração. Depois de passar a noite numa salmodia repartida em vários coros e na qual intercalam orações, quando o dia começa já a aparecer, todos juntos, numa só boca e num só coração, fazem subir para o Senhor o salmo da confissão”.
9. ATENÇÃO ÀS CRIANÇAS: Pensar em Jesus!
Durante a celebração, se há a coroa de Advento com as quatro velas, pode-se pedir às crianças para acender a primeira vela, com uma palavra de introdução. Mas pode-se também pensar em algo relacionado com as palavras de Jesus no Evangelho: “na hora em que menos pensais…” No fundo, ao longo dos dias, pensamos regularmente em Jesus? Um modo de fazer as crianças pensar em Jesus é entregar a cada uma, no final da celebração, uma pequena carta, com o título: “Advento 2010 – Eu penso em ti, Jesus!” E, por baixo, as crianças anotarão durante a semana, os momentos em que terão pensado em Jesus.
10. PALAVRA PARA O CAMINHO.
Vigiai! Para esperar o quê? Ou quem? Que esperamos concretamente? Vigiai! Como no tempo de Noé ou de Jesus, estamos absorvidos por tantos interesses! Vigiai! A vida é curta! Paulo indica-nos alguns meios muito práticos para ficar vigilantes e reorientar a nossa espera. Vigiai! Em tempo de Advento, em cada dia da semana que nos é dada para viver!
UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org


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