18 - de Junho-Quinta - Evangelho - Mt 6,7-15
Hoje
ousamos fazer para Jesus o mesmo pedido: “Senhor, nos ensine a orar,
como João ensinou os discípulos dele!”E ficamos à espera de que Ele
sussurre aos ouvidos do nosso coração as mesmas palavras daquele dia: “Quando
rezardes dizei: Pai nosso”.
“Pai nosso que estais nos céus”. Nas religiões antigas não era muito habitual
dirigir-se a Deus como Pai. Mas, no Antigo Testamento, Deus era invocado com
esse título, dada a Sua relação especial com Israel, salvo da escravidão e
protegido com evidentes sinais de intervenções divinas. Jesus é o Filho de
Deus. Aqueles que O seguem participam dessa filiação divina. Por isso, O podem
chamar Pai, “abbá”, ou seja, papá, paizinho, pai querido.
“Santificado seja o vosso nome”. Na linguagem bíblica, o nome é a pessoa.
Invocar o nome de Deus é invocar a Deus. Se Deus é o Santo por excelência, que
significa pedir que seja santificado? Significa pedir que se manifeste, se dê a
conhecer e cumpra as Suas promessas. Significa também pedir que a nossa vida
cristã coerente leve outros à fé. Uma vida cristã incoerente pode levar à
blasfêmia do nome de Deus.
“Venha a nós o vosso Reino”. O Reino ou reinado de Deus significa a nova
ordem ou estado das coisas, na qual a Sua soberania é reconhecida e aceita.
Este Reino é atualidade e presença, a partir da presença de Jesus. Mas pede-se
o seu reconhecimento no presente, e a sua plena revelação no futuro.
“O pão nosso de cada dia nos dai hoje”. Pede-se a Deus poder para satisfazer as
necessidades de cada dia e, provavelmente, o pão que é o próprio Cristo
assimilado pela fé, o Pão da Eucaristia.
“Perdoai-nos as nossas faltas”. Todos temos faltas para com Deus, isto é,
culpas ou pecados. Uma que vivemos sob a Sua graça e não lhe somos sempre
fiéis. Mas o perdão que pedimos é condicionado pelo perdão que concedemos, ou
não, aos nossos devedores.
“Não nos deixeis cair em tentação”. Aqui, “tentação” significa provação. Seremos
julgados tendo em conta as nossas reações às provações da nossa vida.
“Livrai-nos do mal”. Há duas formas de traduzir esta petição:
livrai-nos do mal ou livrai-nos do Maligno. Nos tempos de Jesus, considerava-se
que o Maligno, o demônio, estava por detrás de qualquer mal. Hoje não se pensa
assim. Mas o confronto com o demônio é algo que faz parte da nossa experiência.
O ensinamento de Jesus é de rezar bem e
sempre. A Bíblia nos diz: “Quem pede com persistência recebe; quem bate com
insistência, abrir-se-lhe-á a porta; rezai para não cairdes em tentação; buscai
em primeiro lugar o Reino dos Céus e a sua justiça e o resto vos será dado por
acréscimo”.
O “Pai Nosso” é a oração de Jesus. Rezá-lo é
comungar na oração do nosso Salvador. A oração do Filho tornou-se a oração dos
filhos. Há que reaprender a rezá-lo com a emoção com que o rezam os
recém-batizados nos primeiros tempos da Igreja. Há que rezá-lo, quanto isso é
possível, com a emoção e o afeto com que o rezava o Filho de Deus feito homem.
Jesus nos
ensina que – no nosso diálogo com o Pai – podemos enfrentar muitas tentações e
que o silêncio de Deus pode nos parecer distante até o ponto de levantar os
olhos e gritar: “Meu Deus, meu Deus, por que me
abandonaste?” ou “Se for possível afasta de mim
este cálice!” Mas não
podemos desfalecer. Em tudo devemos gritar: “Pai nosso que estais nos céus!”
Padre Bantu Mendonça
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