20 - de Junho-Sábado - Evangelho - Mt 6,24-34
Na leitura
de hoje, vemos que Cristo nos liberta do medo. Como as enfermidades, os temores
podem ser agudos ou crônicos.
Os medos
agudos são determinados por uma situação de perigo extraordinário. Como surgem
de improviso, assim desaparecem com o cessar do perigo, deixando apenas uma má
recordação. Não dependem de nós e são naturais.
Mais
perigosos são os medos crônicos, os que vivem conosco, os quais levamos desde o
nascimento ou a infância, pois se tornam parte de nosso ser e, por vezes,
acabamos até os “acariciando”.
Jesus deu um nome às ansiedades
mais comuns do homem: “Que vamos comer? Que vamos
beber? Com que vamos nos vestir?” (Mt
6,31). A ansiedade converteu-se na enfermidade do século e é uma das causas
principais da multiplicação dos infartos.
Vivemos na
ansiedade, no medo irracional do desconhecido. Temer sempre, esperar,
sistematicamente, o pior e viver sempre numa palpitação. Se o perigo não
existe, a ansiedade o inventa; se existe, agiganta-o.
A pessoa ansiosa sofre sempre duas
vezes: primeiro, na previsão; depois, na realidade. O que Jesus, no Evangelho,
condena não é tanto o simples temor ou a justa solicitude pelo amanhã, mas,
precisamente, a ansiedade e a inquietude. “Não vos preocupeis – diz – com o amanhã. A cada dia se
basta com seu próprio mal”.
O remédio para nossas inseguranças
se resume em uma palavra: confiança. Confiar em Deus, crer na providência e no
amor do Pai celeste. “Quanto a vós, até os vossos
cabelos da cabeça estão contados. Vós valeis mais que muitos pardais”. A verdadeira raiz de todos os temores
é o de encontrar-se só. Esse contínuo medo da criança de ser abandonada.
Jesus nos assegura justamente
isso: não seremos abandonados. “Se minha mãe e meu pai me
abandonam, o Senhor me acolherá” (Salmo
27,10). Ainda que todos nos abandonem, Ele não o fará. Seu amor é mais forte
que tudo.
O Senhor
quer nos libertar dos temores, mas Ele não tem um só modo para fazê-lo, mas
dois. Ele nos tira o medo do coração ou nos ajuda a vivê-lo de maneira nova,
mais livre, fazendo disso uma ocasião de graça para nós e para os demais.
Deus mesmo
quis fazer essa experiência. No Horto das Oliveiras, está escrito que Ele
experimentou a tristeza e a angústia. O texto original sugere a ideia de um
terror solitário, como de quem se sente isolado do consórcio humano, numa
solidão imensa. Ele as quis experimentar precisamente para redimir também este
aspecto da condição humana. Desde aquele dia, vivido em união com Ele, o medo –
especialmente o da morte – tem o poder de nos levantar em vez de nos deprimir,
de nos fazer mais atentos aos demais, mais compreensivos. Em uma palavra: mais
humanos.
Jesus
Cristo está comigo. A quem temerei? Assaltem-me as vagas e a cólera dos
grandes: tudo isso não vale, sequer, o peso de uma teia de aranha, porque Ele
está comigo e o Seu báculo me enche de confiança.
Padre Bantu Mendonça
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