Comentários Prof.Fernando*(2ºpósPent./10ºtempoComum
7junho2015
Os imperdoáveis
Que significa blasfemar?
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Sempre dizemos: Deus é bom e misericordioso, e tudo
é capaz de perdoar. No entanto o próprio Jesus de Nazaré declarou: todos os pecados serão perdoados aos filhos
dos homens, mesmo as suas blasfêmias; mas quem blasfemar contra o Espírito
Santo jamais terá perdão. “Blasfêmia” é uma palavra ou frase injuriosa contra
a fama do outro, e aplicada especialmente quando chama mentira o bem que vem de
Deus (todo bem vem de Deus). É sinônimo de praga ou maldição segundo o
dicionário. A atitude básica do blasfemador é a vontade de amaldiçoar o outro.
É o contrário da palavra boa que visa respeitar, elogiar ou bendizer (falar
bem) do outro, desejando bênção (não maldição ou praga) e “tudo de bom” como se
diz numa bonita expressão brasileira. Ou como se traduz em geral o Shalom, saudação judaica em que se
deseja a paz acompanhada de felicidade, prosperidade, alegria, esperança, vida
longa, saúde (=salvação), etc., etc.
“Quem blasfemar contra o Espírito Santo não terá perdão”
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(ver texto
do evangelho de Marcos 3, vv. 20 a 35). Analisemos o contexto dessa dura
afirmação de Jesus de Nazaré. Nazareno.
Quando aceitou dirigir-se como qualquer um do povo judeu diante do pregador
João, o Batista, ele é solenemente apresentado como o Filho de Deus. Apesar
disso era rejeitado tanto por parentes como pelos intelectuais (escribas) e
outros líderes do povo. Desde o começo (v. 40dias no deserto e batismo de João
no rio Jordão) ele tinha o Espírito como força interior que inundava todas as
suas palavras e todos os seus gestos. No entanto seus familiares o consideravam
louco ao vê-lo cercado pela multidão que nem lhe davam tempo de almoçar ou
lanchar.
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Ora, toda os gestos e palavras do Mestre eram do
Bem, livrando sobretudo os mais fracos da ameaça dos poderosos, dando-lhes
coragem, saúde, ânimo e integrando-os na fraternidade desejada por Deus. Estes
eram os Sinais (que nós em geral chamamos de “milagres”) do novo “Reino de
Deus” que anunciava. Viram Jesus dizendo e fazendo o bem, mas sem reconhecer
que com ele ou nele estava o Espírito. Isso equivalia a negar a presença do
Espírito. Essa rejeição da presença do Criador nas “evidências” ou sinais do
Bem e do Reino constituía ofensa contra a inocência divina. E torna-se blasfêmia
por atribuir seu poder à figura, não de Deus que une e reúne, mas de quem
divide (dia-bolos, também conhecido pelo nome de “imperador (príncipe) do mal”.
A pior praga que se pode rogar é chamar o bem de mal. Praguejaram chamando o Espírito
que agia em Jesus de “Belzebú”. Aí estava o “pecado contra o Espírito Santo“.
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Não há perdão para quem não aceita o Bem que está à
sua frente, a dois palmos do seu nariz. Não ter perdão significa não conseguir
salvação ( quem não crer já está
condenado, não acha sua salvação – cf.Marcos 16,16 – quem
não crê já está condenado (...) Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas
os homens amaram mais as trevas do que a luz, pois as suas obras eram más – cf.
João 3,18-19). Não é Deus que condena, é uma autocondenação: simplesmente não há como salvar quem escolhe fechar
os olhos para não enxergar o que apontam os “Sinais”, quem prefere as “trevas”
escolhendo fazer o mal.
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Na leitura de Gênesis vemos outra
parábola sobre o significado do termo “pecado”. O culpado (na figura de Adão)
não pode nem “escutar os passos” daquele que gostava de passear com o ser
humano à tardinha pelo jardim. Adão agora se esconde e tem medo de seu melhor
amigo e criador. Isso é o amar mais a
escuridão do que a luz. É, como dizemos, querer tapar o sol com a peneira.
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O contrário da blafêmia
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Lembremos que Jesus pedia a todos para “crer”,
confiar, olhar para seu rosto humano (nele se vê o próprio rosto de Deus – Felipe quem me vê, vê o Pai, cf.discursos
da última ceia). Era esse olhar confiante (crer) que ele pedia às pessoas procurando
cura. Tamanha fé Jesus encontrou num romano e esse Crer deve ser perceber os
Sinais – os dois exemplos: Lucas 7. Era a pergunta feita aos cegos que viviam
“à beira do caminho” e à margem da sociedade (idem, cap.18). Foram os
desprezados samaritanos e os “misturados”, quase pagãos, provenientes da
Galileia (cheia de “estrangeiros”) os que acreditaram e acolheram os Sinais
(cf. João 4). O mesmo “Crer” era pedido aos discípulos. Veja-se o diálogo –
típico – com o cego de nascença em João 9, onde também se apresenta a reação de
incredulidade – típica – na figura dos fariseus, “cegos” que não querem ver. O
mesmo Crer ele pede após superar a morte pela ressurreição (por ex.: Tomé e os
dois “desanimados” que voltavam para Emaús).
Cristãos e não cristãos: navegar é preciso, acreditar é preciso
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No segundo texto (2coríntios,cap.4)
lemos o que escreveu Paulo de Tarso: Possuindo
o mesmo espírito de confiança/fé, como está escrito (cf.salmo116,10): “eu
guardei confiança, então falei” também
nós CREMOS e por isso falamos sabendo que aquele que despertou da morte para a
vida o Senhor Jesus também nos chamará da morte para a vida com ele.
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Recordemos a reflexão do teólogo
e filósofo Agostinho de Hipona (séc.V), numa de sua obras (sobre o Batismo,
polemizando contra o movimento donatista de
seu tempo): no final do Livro 5 (cf. nº 27.38) ele conclui com a interpretação de
expressões contidas no Cântico dos
Cânticos aplicando-as Igreja de Cristo: “Há os que ainda vivem na maldade, nas
heresias e superstições dos pagãos; e, todavia, também entre eles o Senhor sabe quem são os seus. Com
efeito, na indescritível ciência divina, muitos que parecem fora, estão dentro,
e muitos que parecem dentro, estão fora”.
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Essa Fé, esse Crer, é o que Deus pede a todo ser
humano (como discursou Pedro em Atos 10: em
toda nação Deus se comprar com quem o reverencia e faz o que é justo). Esse
acreditar é não ficar fechado aos Sinais do Espírito no mundo, e é proposto a
todos. Mas, de modo particular aos cristãos, aos batizados, aos que assumem Crer.
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O resto é blasfêmia.
A que escancara os portões da corrupção e da guerra. E induz ao desprezo
pela vida, seja nos barcos que afundam milhares de refugiados e migrantes, seja
na roça ou nas cidades de nosso país.
oooooooooo (
* ) Prof.(1975-2012-Edu/Teo/Fil) fesomor2@gmail.com
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