02 de Maio - Sábado
-Evangelho - Jo 14,7-14
Quem me viu, viu o
Pai.
Este Evangelho narra
um pedido do Apóstolo Filipe a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos
basta! Jesus respondeu: Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces
Filipe? Quem me viu, viu o Pai”. “Jesus é a imagem de Deus invisível” (Cl
1,15). Ele é imagem de Deus Pai porque tem as mesmas características e
qualidades de Deus Pai: amor, misericórdia, poder, sabedoria, ciência infinita
etc. Jesus é o rosto humano de Deus Pai. Aliás, nós sabemos que Jesus é a
Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que se encarnou.
“Quem me viu, viu o
Pai.” Mas este “ver” não é físico. Os fariseus viam fisicamente a Jesus e no
entanto não conheciam a Deus Pai. Contemplavam os milagres que Jesus realizava,
a sua conduta transbordante de bem, a sua doutrina espalhando a verdade e no
entanto não viam nele a imagem de Deus invisível. Isso porque não é possível
“ver” Jesus na sua identidade divina, a não ser com os olhos do coração. Várias
vezes Jesus pediu para contemplarmos as suas obras a fim de vermos nelas a sua
união com o Pai e assim nos salvarmos: “Acreditai-me: eu estou no Pai e o Pai
está em mim. Acreditai, ao menos, por causa destas mesmas obras”.
“Muitas vezes e de
muitos modos, Deus falou outrora aos nossos pais, pelos profetas. Nestes
dias..., falou-nos por meio do Filho... Ele é o resplendor da glória do Pai, a
expressão do seu ser” (Hb 1,1-3).
O evangelista S. João,
no início do seu Evangelho, chama Jesus de Palavra de Deus Pai, justamente
porque a palavra, que é sensível, expressa a idéia que não é sensível. Jesus é
a expressão de Deus Pai para nós.
“Eu estou no Pai e o
Pai está em mim... Quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda
maiores do que estas.” Jesus nos faz entender que ele pertence à Família
divina, e que esta Família não está longe de nós, e sim conosco, através de
Cristo. Nós entramos, de modo misterioso, na vida das Pessoas Divinas.
“O primeiro homem,
formado da terra, era terrestre; o segundo homem veio do céu. Qual foi o homem
terrestre, tais são os terrestres; e qual é o homem celeste, tais serão os
celestes. E como já trouxemos a imagem do terrestre, traremos também a imagem
do celeste” (1Cor 15,47-49). Assim como Cristo é a imagem de Deus Pai, nós
somos chamados a ser imagens de Cristo. S. Paulo conseguiu realizar plenamente
nele essa vocação que é de todos nós: ser uma imagem de Cristo no mundo. “Não
sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
Certa vez, um monge e
um noviço caminhavam em uma estrada no meio do mato. Quando atravessavam um
rio, por uma pinguela, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas. O monge
correu pela margem do rio, jogou-se na água e estendeu o dedo para o bichinho.
Quando o trazia para fora, o escorpião o picou. Devido à dor, o monge sacudiu o
dedo e o animalzinho caiu novamente no rio. Ele foi depressa à margem, quebrou
um ramo, correu mais embaixo e o salvou.
Continuando a
caminhada, o noviço lhe disse: “Por que o senhor quis salvar o bicho novamente,
se ele o picou?” O monge respondeu: “Cada um dá o que tem. Ele agiu conforme a
sua natureza, e eu agi conforme a minha!”
De fato, na primeira
vez, o monge não devia ter estendido o seu dedo para o escorpião, e sim ter
providenciado uma pequena vara.
A nossa natureza não é
só humana, mas temos uma “janela aberta ao infinito”, participamos da natureza
divina. Só nos realizamos plenamente no amor, na doação, na união com Deus e
pertença à Igreja que Jesus fundou.
Peçamos a Maria
Santíssima que nos ajude a reproduzir em nós a imagem de Cristo, porque assim
seremos realmente participantes da natureza divina.
Quem me viu, viu o
Pai.
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