29 DE ABRIL
Festa de S.
Catarina de Sena
S. Catarina nasceu em Sena,
Itália, a 25 de Março de 1347. Dotada por Deus com graças especiais, desde a
sua infância, cortou o cabelo e cobriu a cabeça com um véu branco, em sinal de
consagração, quando tinha apenas 12 anos e pretendiam casá-la. Sofreu muito com
essa decisão, mas manteve-se fiel. Vestiu o hábito das religiosas dominicanas,
mantendo-se na família e na cidade, e dedicando-se ao exercício das obras de
misericórdia e procurando restabelecer a paz entre as famílias desavindas.
Sendo analfabeta, em breve começou a ditar a diversos amanuenses as suas
experiências místicas, reflexões e conselhos. Ditou cartas para prelados, pais
de família, magistrados, reis e até para o próprio Papa, que, nessa época, se
encontrava em Avinhão, incitando-o a regressar a Roma. A 13 de Outubro de 1376
Gregório XI iniciou a viagem de regresso a Roma, acompanhado por Catarina.
Depois da morte de Gregório XI, a santa foi conselheira do seu sucessor, Urbano
VI. O seu ideal era pacificar a Pátria (a Itália) e purificar a Igreja.
Faleceu, em Roma, a 29 de Abril de 1380. Com S. Brígida e S. Teresa Benedita da
Cruz, é padroeira da Europa.
Lectio
Primeira leitura: Primeira de João 1, 5 – 2, 2
Caríssimos:
esta é a mensagem que ouvimos de Jesus e vos anunciamos: Deus é luz e nele não
há nenhuma espécie de trevas. 6Se dizemos que temos comunhão com Ele, mas
caminhamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. 7Pelo contrário, se
caminhamos na luz, como Ele, que está na luz, então temos comunhão uns com os
outros e o sangue do seu Filho Jesus purifica-nos de todo o pecado. 8Se dizemos
que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós.
9Se confessamos os nossos pecados, Deus é fiel e justo para nos perdoar os
pecados e nos purificar de toda a iniquidade. 10Se dizemos que não somos
pecadores, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. 1Filhinhos
meus, escrevo-vos estas coisas para que não pequeis; mas, se alguém pecar,
temos junto do Pai um advogado, Jesus Cristo, o Justo, 2pois Ele é a vítima que
expia os nossos pecados, e não somente os nossos, mas também os de todo o
mundo.
Jesus
disse-nos que Deus é luz. O cristão deve caminhar na luz, que alegra, ilumina e
é símbolo de tudo o que há de bom e puro (cf. Jo 3, 19-20). O contrário, o mal,
é simbolizado pelas trevas. Mas, mais do que fazer especulações sobre a
natureza de Deus, o autor da Carta lança as bases necessárias para extrair as
implicações morais, que o fato de ser de Deus impõe ao cristão. Luz/trevas,
bem/mal, verdade/mentira, graça/pecado… são incompatíveis, não podem estar
juntos no mesmo sujeito. Mas, estar em comunhão com Deus e andar na luz não
significa ser impecáveis. Também o cristão peca e tem consciência disso. A
Igreja não é uma comunidade de puros e perfeitos, que nunca pecaram, mas uma
comunidade que acredita que os seus pecados não são obstáculo permanente para
nos aproximarmos de Deus. O pecado é superável pela ação de Deus em Cristo. É a
partir dessa ação que surge o imperativo de lutar contra o pecado. Se o cristão
se dá conta de que a sua comunhão com Deus foi quebrada pelo pecado, deve
recordar que Jesus Cristo é seu intercessor e defensor diante do Pai. Mais
ainda, que é o meio de expiação pelos pecados cometidos.
Evangelho: Mateus 25, 1-13
Naquele
tempo, Jesus disse aos seus discípulos: O Reino do Céu será semelhante a dez
virgens que, tomando as suas candeias, saíram ao encontro do noivo. 2Ora, cinco
delas eram insensatas e cinco prudentes. 3As insensatas, ao tomarem as suas
candeias, não levaram azeite consigo; 4enquanto as prudentes, com as suas
candeias, levaram azeite nas almotolias. 5Como o noivo demorava, começaram a
dormitar e adormeceram. 6A meio da noite, ouviu-se um brado: ‘Aí vem o noivo,
ide ao seu encontro!’ 7Todas aquelas virgens despertaram, então, e aprontaram
as candeias. 8As insensatas disseram às prudentes: ‘Dai-nos do vosso azeite,
porque as nossas candeias estão a apagar-se.’ 9Mas as prudentes responderam:
‘Não, talvez não chegue para nós e para vós. Ide, antes, aos vendedores e
comprai-o.’ 10Mas, enquanto foram comprá-lo, chegou o noivo; as que estavam
prontas entraram com ele para a sala das núpcias, e fechou-se a porta. 11Mais
tarde, chegaram as outras virgens e disseram: ‘Senhor, senhor, abre-nos a
porta!’ 12Mas ele respondeu: ‘Em verdade vos digo: Não vos conheço.’ 13Vigiai,
pois, porque não sabeis o dia nem a hora.”
A parábola
de Jesus encerra uma dinâmica que leva a um evento culminante: o encontro das
virgens com o esposo, decisivo para a sua felicidade ou infelicidade,
irrevogável. Não sabemos quando será esse encontro, mas sabemos como
prepará-lo. A parábola pretende ajudar-nos na preparação.
As virgens, prudentes ou imprudentes, adormecem todas. A nossa vida tem momentos de flexão, de abaixamento do fervor, de relaxamento espiritual. Quando o Senhor não está presente é sempre noite, e é fácil que as provações e as preocupações da vida nos distraiam, dificultando-nos estar vigilantes. Mas a vigilância, mais do que um estado físico ou mental, é uma atitude do coração. É o que nos indica o Cântico dos Cânticos: “Durmo, mas o meu coração vigia!” (5, 2). Para estar prontos, de lâmpadas acesas, havemos de frequentar o Evangelho, para com ele alimentarmos os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, a nossa ação, para vivermos a Palavra e perseverarmos na fé.
As virgens, prudentes ou imprudentes, adormecem todas. A nossa vida tem momentos de flexão, de abaixamento do fervor, de relaxamento espiritual. Quando o Senhor não está presente é sempre noite, e é fácil que as provações e as preocupações da vida nos distraiam, dificultando-nos estar vigilantes. Mas a vigilância, mais do que um estado físico ou mental, é uma atitude do coração. É o que nos indica o Cântico dos Cânticos: “Durmo, mas o meu coração vigia!” (5, 2). Para estar prontos, de lâmpadas acesas, havemos de frequentar o Evangelho, para com ele alimentarmos os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, a nossa ação, para vivermos a Palavra e perseverarmos na fé.
Meditatio
O v.1 do
segundo capítulo da 1 Jo parece-nos particularmente adequado à memória de Santa
Catarina de Sena, que hoje celebramos: “escrevo-vos estas coisas para que não
pequeis” (2, 1). Como S. João, Santa Catarina de Sena escreveu para que fosse
evitado o pecado. Entre as muitas cartas que escreveu, também se dirigiu aos
padres para os incitar a viver em maior fidelidade ao Senhor, evitando as
desordens, que ela notava, tais como a procura dos prazeres, o apego ao
dinheiro… Ansiava por reconduzir todos à vivência da vida cristã, à fidelidade
a Cristo: “escrevo-vos estas coisas para que não pequeis”. Mas, sobretudo,
estava convencida de que Jesus nos salvou pelo seu sangue, que temos um advogado
junto do Pai, Jesus Cristo justo, vítima de expiação pelos nossos pecados: “o
sangue do seu Filho Jesus purifica-nos de todo o pecado” (1 Jo 1, 8). Catarina
tinha uma grande devoção ao sangue de Cristo, e falava dele muito
frequentemente: fogo e sangue, fogo e sangue… Fogo do amor, alusão ao sangue de
Cristo que nos cobre para nos lavar dos nossos pecados e nos unir na caridade
divina.
“Se caminhamos na luz, como Ele, que está na luz, então temos comunhão uns com os outros” (1 Jo 1, 7). Santa Catarina caminhava na luz. Mas a sua vida impecável não a separou dos pecadores, mas uniu-a profundamente a eles. Como aconteceu com tantas Santas, Catarina de Sena soube unir em si mesma a vocação de Marta e de Maria. Ao mesmo tempo, estava aos pés de Jesus, e mergulhada nas necessidades e lutas dos homens do seu tempo. Rezava, mas também se ocupava na reconciliação das fações em luta no seu país, de lançar a paz na igreja italiana, de fazer regressar o Papa de Avinhão a Roma, de que era bispo. Cuidou pessoalmente dos encarcerados, dos condenados, e andou por todo o lado. Vivia na paz do Senhor e na agitação do mundo.
Hoje apetece-nos deixar-nos iluminar pela sua luz e permanecer aos pés de Santa Catarina, reconhecer nela a “filha da luz” de que nos fala a Escritura, para que “vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu” (Mt 5, 16). Gostamos de contemplá-la na sua incansável caminha ao encontro da Igreja e de Cristo, para nos deixarmos envolver nesse mesmo movimento. Olhando-a, parece-nos repetir, ela mesma, como que um convite ou mandato: “Ide ao seu encontro!” (v. 6).
A exemplo de Santa Catarina de Sena, e conforme o desejo do P. Dehon, “sejam profetas do amor e servidores da reconciliação dos homens e do mundo em Cristo” (Cst 7).
“Se caminhamos na luz, como Ele, que está na luz, então temos comunhão uns com os outros” (1 Jo 1, 7). Santa Catarina caminhava na luz. Mas a sua vida impecável não a separou dos pecadores, mas uniu-a profundamente a eles. Como aconteceu com tantas Santas, Catarina de Sena soube unir em si mesma a vocação de Marta e de Maria. Ao mesmo tempo, estava aos pés de Jesus, e mergulhada nas necessidades e lutas dos homens do seu tempo. Rezava, mas também se ocupava na reconciliação das fações em luta no seu país, de lançar a paz na igreja italiana, de fazer regressar o Papa de Avinhão a Roma, de que era bispo. Cuidou pessoalmente dos encarcerados, dos condenados, e andou por todo o lado. Vivia na paz do Senhor e na agitação do mundo.
Hoje apetece-nos deixar-nos iluminar pela sua luz e permanecer aos pés de Santa Catarina, reconhecer nela a “filha da luz” de que nos fala a Escritura, para que “vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu” (Mt 5, 16). Gostamos de contemplá-la na sua incansável caminha ao encontro da Igreja e de Cristo, para nos deixarmos envolver nesse mesmo movimento. Olhando-a, parece-nos repetir, ela mesma, como que um convite ou mandato: “Ide ao seu encontro!” (v. 6).
A exemplo de Santa Catarina de Sena, e conforme o desejo do P. Dehon, “sejam profetas do amor e servidores da reconciliação dos homens e do mundo em Cristo” (Cst 7).
Oratio
Oh abismo,
oh Trindade eterna, oh Divindade, oh mar profundo! Que mais podíeis dar do que
dar-Vos a Vós mesmo? Sois um fogo que arde sempre e não se consome. Sois Vós
que consumis com o vosso calor todo o amor profundo da alma. Sois um fogo que
dissipa toda frialdade e iluminais as mentes com a vossa luz, aquela luz com
que me fizestes conhecer a vossa verdade… Sois a veste que cobre toda minha
nudez; e alimentais a nossa fome com a vossa doçura, porque sois doce sem
qualquer amargor. Oh Trindade eterna. (S. Catarina de Sena).
Contemplatio
Contemplatio
O coração
da virgem de Sena partia-se diante dos crimes do mundo e das paixões humanas,
que se agitavam como ondas tumultuosas, nos tempos difíceis em que vivia… Ela
teria querido dar até à última gota do seu sangue pelos interesses de Nosso
Senhor. Consumia a sua vida nas austeridades e na oração, oferecendo-se como
que vítima das iniquidades da terra. Suportou longos sofrimentos, que somente a
comunhão acalmava um pouco. Da quarta-feira de cinzas ao dia da Ascensão, não tomava
nenhum alimento exceto a adorável Eucaristia. Nosso Senhor deu-lhe os seus
estigmas sem os deixar aparecer. Exercia a caridade com heroísmo para com os
pobres e os doentes. Um dia em que a sua natureza estava revoltada à vista de
uma úlcera repugnante, levou até lá os lábios para vencer a sua sensibilidade.
Nosso Senhor apareceu-lhe na noite seguinte, e para a recompensar descobriu-lhe
a chaga do seu lado e permitiu-lhe que lhe aplicasse a sua boca. Nosso Senhor
apresentou à sua escolha uma coroa de ouro enriquecida de pedrarias e uma coroa
de espinhos. Ela escolheu a coroa de espinhos, a coroa da reparação. A humilde
religiosa consumiu-se em caminhadas penosas para fazer cessar o cisma do
Ocidente. Convenceu o Papa Gregório XI a deixar Avinhão para voltar a Roma.
Ofereceu a sua vida pelo bem da Igreja e morreu santamente no dia 29 de Abril
de 1382. (Leão Dehon, OSP 2, p. 494s.).
Actio
Repete
muitas vezes e vive hoje a palavra:
“Escrevo-vos estas coisas para que não pequeis” (1 Jo 2, 1).
“Escrevo-vos estas coisas para que não pequeis” (1 Jo 2, 1).
S. Catarina
de Sena, virgem e doutora da igreja, padroeira da Europa (29 de Abril
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