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terça-feira, 21 de abril de 2015

Veremos a Deus tal qual é-Claretianos

DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015
Quarto Domingo de Páscoa
Nelson, Marcelino, Isidoro

Atos4,8-12: Nenhum outro pode salvar
Salmo 117: A pedra que os pedreiros rejeitaram é agora a pedra angular
La piedra que desecharon los arquitectos es ahora la piedra angular
1Jo 3,1-2: Veremos a Deus tal qual é
João 10,11-18: O bom pastor dá a vida pelas ovelhas

11 Eu sou o bom pastor. O bom pastor expõe a sua vida pelas ovelhas. 12 O mercenário, porém, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, quando vê que o lobo vem vindo, abandona as ovelhas e foge; o lobo rouba e dispersa as ovelhas. 13 O mercenário, porém, foge, porque é mercenário e não se importa com as ovelhas. 14 Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim, 15 como meu Pai me conhece e eu conheço o Pai. Dou a minha vida pelas minhas ovelhas. 16 Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor. 17 O Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar. 18 Ninguém a tira de mim, mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a reassumir. Tal é a ordem que recebi de meu Pai.

COMENTÁRIO

Com a palavra “pastor” designa-se no Antigo Oriente com frequência também os reis. Entre os egípcios, os reis eram representados com os dois distintivos do pastor: o açoite (espanta moscas) e o cajado. Tanto na arte da Mesopotâmia como no grego se encontra a figura do pastor levando nos ombros o cordeiro. O deus grego Hermes foi representado levando um carneiro. Os cristãos utilizaram esta imagem para representar Jesus como bom pastor.
No Antigo Testamento Deus encomenda a Davi a tarefa de pastorear seu povo Israel (2Sm 5,2) e os príncipes do povo se comparam com frequência a pastores. Ezequiel contrapõe os dirigentes de Israel – que se apascentam a si mesmos em lugar de apascentar suas ovelhas – com o Senhor, como modelo de pastor: “Como o pastor segue o rastro de seu rebanho quando as ovelhas se dispersam, assim seguirei eu o rastro de minhas ovelhas e as livrarei tirando-as de todos os lugares onde se dispersaram em dia de nuvens e obscuridade” (Ez 34, 1-10.12).
O evangelista João apresenta Jesus como o “bom pastor” ou “modelo de pastor”. O pastor modelo se define porque dá sua vida em função das ovelhas. Quem não ama as ovelhas até o extremo não é bom pastor. O pastor aparece no evangelho de hoje em oposição ao assalariado ou mercenário que apascenta as ovelhas por dinheiro; o assalariado quando se vê em perigo (lobo) deixa que morram as ovelhas.
A relação do pastor-Jesus com as ovelhas-povo é uma relação pessoal e recíproca de conhecimento profundo e íntimo (conheço minhas ovelhas e elas me conhecem). Conhecer Jesus significa experimentar seu amor e identificar-se com sua pessoa e atividade. Esta relação de conhecimento-amor é tão profunda que Jesus a compara à que existe entre ele e o Pai, baseado também na comunidade de Espírito que cria a unidade de desígnio e de propósito.
Porém, o rebanho de Jesus não se limita ao povo de Israel, pois Jesus proclama que tem outras ovelhas que não são deste recinto, palavra que designa o átrio do templo ou, mais amplamente, a instituição judaica, na qual na qual estavam instalados nos postos de poder indivíduos que carecem totalmente do direito para isso e que são na realidade exploradores (ladrões) que usam de violência (bandidos) para submeter o povo, mantendo-o em estado de miséria (cf. Jr 2,8; 23,1-4; Ez 34,2-10; Zac 11,4-17). Essa gente converteu a casa do Pai em casa de negócios (Jo 2,16).
Ele tem outras ovelhas que não são do povo de Israel, pois pertencem ao mundo pagão e ele veio para formar uma nova comunidade humana que não se limita já aos judeus mas que se estende a todos sem distinção de raça, credo ou estatuto social.
Jesus é modelo de pastor, demonstra que é o verdadeiro pastor por que entrega sua vida pelas ovelhas. Ante seu auditório de dirigentes judeus (v. 19) que o odeiam e tentam mata-lo, Jesus afirma que é precisamente sua prontidão para desafiar a morte o que faz manifestar-se nele o amor do Pai.
Jesus se entrega a si mesmo e assim se recupera a si mesmo, pois ao dar-se ele mesmo faz seu o dinamismo de amor do Pai e desta maneira realiza sua condição de filho, adquirindo a plenitude própria do próprio ser. A demonstração contínua de amor do Pai se realiza na presença e atividade incessante do Espírito em Jesus e se manifesta em seu agir.
Como Jesus, quem se dá a si mesmo por amor não o faz com esperança de recuperar a vida como prêmio desse sacrifício (mérito), mas com a certeza de poder recuperá-la de novo, pela força do amor mesmo. Onde há amor até o limite há vida sem limite, pois o amor é força de vida. Dar a vida significa crer até o fim na verdade e potência do amor.
Jesus afirma sua absoluta liberdade em sua entrega. Ninguém pode tirar-lhe a vida, ele a dá por sua própria iniciativa. Indica assim que, ainda que sejam as circunstâncias históricas as que vão leva-lo à morte, isso pode acontecer porque ele fez sua opção de chegar até o fim.
O Pai, que ama Jesus, dá-lhe plena liberdade; como Filho, Jesus dispõe de seus atos (está em mim entregar a vida: v. 3,35). A relação entre Jesus e o Pai não é de submissão, mas de identidade no amor. O mandamento do Pai não é uma ordem, mas um encargo; formula o desígnio comum do Pai e Jesus que nasce de sua comunhão no Espírito (5,30). O evangelista utiliza o termo “mandamento” para estabelecer oposição aos da antiga Lei. Moisés recebeu muitos (Ex 24,12; Dt 12,28, etc.), Jesus um só, o do amor até o extremo, o mesmo que será proposto à humanidade (12,49; 13,34). E este pastor-modelo, que é Jesus, é também, segundo Pedro no livro dos Atos, “a pedra que os pedreiros rejeitaram, e que se converteu em pedra angular” da comunidade.
Queremos acrescentar uma “nota crítica” para evitar um perigo que pode inerente à primeira leitura de hoje. Refere-se ao versículo 4,12 de Atos: “Não há, debaixo do céu, outro nome que possamos invocar para sermos salvos”. Será uma tentação fácil, para as pessoas de mentalidade mais conservadora direcionar sua reflexão ou sua homilia como o comentário a essa fórmula tão altissonante e absoluta. Provavelmente não cairão no exclusivismo eclesiocêntrico (“fora da Igreja não há salvação”), porém talvez caiam no exclusivismo cristocêntrico (“fora de Cristo não há salvação”), ainda que seja por via inclusiva (“todos, ainda que não o saibam sequer, se salvam por Cristo”). É a mensagem de muitos fundamentalistas cristãos: “Somente Jesus salva! Não há salvação fora de Jesus!” Tal fundamentalismo estaria justificado “literalmente” a partir da própria Palavra de Deus...
O autor J.A.T. Robinson afirma que a interpretação exclusivista do texto (At 4,12) é enganosa. “O certo é que o termo “salvar” (e salvação) é o mesmo usado três versículos antes (4,9) ao falar do “enfermo” que foi curado. O contexto não é o da comparação das religiões, mas de caráter curativo da fé. O problema é “com que poder” o coxo teria conseguido “curar-se completamente” (3,16). Seria por algum poder inato, pela piedade dos apóstolos (3,12) ou em nome de Jesus, que é quem suscita a fé (3,16)?” Essas são as alternativas que o texto tem em mente, contexto do qual não se pode tirar a frase. A conclusão é que o versículo em questão não pode ser tomado como base para justificar o exclusivismo religioso universal frene a todas as religiões). A linguagem que aí se utiliza é uma linguagem “confessional” em relação a Cristo e sua ação curadora e não se pode obrigar que diga nada a respeito da validez das outras religiões do mundo nas quais nem de longe poderia pensar a comunidade.
Assim como “seria monstruoso continuar dando por válido hoje em dia o axioma “extra ecclesiam nulla salus”(Torres Queiruga, El diálogo de Religiones, pág. 7), é preciso considerar igualmente a superação das fórmulas cristológicamente exclusivistas). “Já não cabe falar se matizes ou reservas de simples “cristocentrismo”. Frases como “não existe conhecimento de Deus sem Jesus Cristo” podem ter sentido em uma linguagem interna, de natureza imediatamente “confessante” (18), porém, a rigor, devem ser descartadas, não somente por ser psicologicamente ofensivas para os demais, mas por ser objetivamente falsas, pois implicam a negação de toda a verdade nas demais religiões, incluindo o Antigo Testamento. O centro último e decisivo para todos, como acontecia com Jesus, está radicado em Deus”. Cuidado, pois, com os fervores exclusivistas cristocêntricos, dignos de melhor causa.
Oração: Bom Pai de misericórdia, dá-nos a profunda convicção de estar vivendo sob o cuidado do único e verdadeiro Pastor, que és tu mesmo, dentro do único grande rebanho humano, para que trabalhemos para que logo se expresse essa unidade no diálogo fraterno de todas as religiões. Nós te pedimos, inspirado por Jesus, nosso irmão e modelo. Amém.


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