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sexta-feira, 24 de abril de 2015

Cristianismo iniciado pelos discípulos-José da Cruz, Diácono

SÃO JOSÉ OPERÁRIO SEXTA FEIRA DEPOIS DA PÁSCOA  01/05/2015
1ª Leitura Atos 13, 26-33
Salmo 2,7 a “Vou publicar o decreto do Senhor”
Evangelho São João 14, 1-6
No evangelho de João estamos diante de um Jesus que fala muito, os discursos ocupam a maior parte, é sempre bom lembrar que os escritos Joaninos situam-se mais ou menos nos anos 90, quase final do primeiro século, marcado por intensa perseguição aos cristãos.
O quadro que se apresenta é de insegurança e perturbação, certamente o grupo dos discípulos também viveu essa mesma experiência nos dias que antecederam a paixão e morte do Senhor, no coração dos pobres e simples, os ensinamentos de Jesus eram bem acolhidos, mas nas Lideranças Religiosas, ao contrário, a rejeição e a incredulidade eram evidentes.
As comunidades do final do primeiro século também estão inseguras, todos se perguntam que destino terá o Cristianismo iniciado pelos discípulos de Jesus, como sobreviver em um ambiente tão hostil ao evangelho, onde os cristãos são considerados membros de uma seita perigosa ao sistema.
Os cristãos têm consciência da missão que fora confiada á igreja, pelo próprio Senhor, mas por outro lado sentem-se impotentes e nada podem fazer para reverter o quadro.
Nossas comunidades cristãs neste terceiro milênio, embora em outro contexto vivem o mesmo drama, o que fazer diante de um mundo cada vez mais hostil ás coisas de Deus Pai ? Como agir em uma sociedade que ainda não conhece de fato a Jesus Cristo, seu Reino e seu evangelho. Filipe não conhecia o Pai, e hoje em nossas comunidades, muitos também não conhecem a Deus, fazendo dele uma imagem distorcida.
Muitos vivem em comunidade, recebem um Batismo, tem contato com Deus nos Sacramentos, ouvem a Deus na Palavra, comungam Deus na Eucaristia, mas não sabem ao certo quem é Deus, e essa  fé em Jesus nem sempre os  faz ser, pensar e agir diferente. Crêem em Jesus mas não o aceitam como Senhor de suas Vidas, aliás, nem admitem que ele interfira em suas vidas, é a chamada Religião onde as pessoas se “sentem bem”, sem qualquer compromisso com a moral ou ética, Filipe não conseguia ligar Fé e Vida, sua relação com Deus se fundamentava em revelações e manifestações grandiosas, por isso irá dizer a Jesus “Senhor, mostra-nos o Pai e isso basta!” A queixa de Jesus procede, no caso de Filipe e para nossas comunidades também “Há tanto tempo estou convosco e não me conhecestes!” Por isso que as vezes há cristãos que nos surpreendem negativamente, leigos, religiosos, membros do clero,  quando se envolvem em escândalos que são um contra testemunho,  e dizemos cheios de espanto “Nossa ! Mas ele não saia da igreja...” O que fez todo esse tempo ? O mesmo que Filipe, sonhando com um Messias poderoso e celestial, que de vez em quando vem interferir em nossas misérias....
Nós cristãos corremos dois grandes riscos nos dias de hoje, podemos, a exemplo de Filipe, querer viver uma religião das manifestações milagrosas, vivendo então só na Mística, Deus nos revela seu mistério, que contemplamos e adoramos, e fica nisso. É Deus quem faz, é Deus quem age, é Deus que soluciona, Ele tudo pode e tudo quer, quanto a nós, em nossa pequenez nada temos a contribuir, e assim, fugimos do mundo que não aceita Deus, e nos acercamos dele, até o dia em que formos arrebatados para o céu.
Esse é um primeiro perigo, deixar tudo por conta de Deus, mas há outro perigo, e hoje esse é muito maior: o de buscarmos soluções no homem, no racionalismo que tem resposta para tudo, e nesse caso, a salvação vem do homem, Deus é apenas uma entre muitas outras opções do modo de se viver.
Há obras que precisam ser feitas, e Jesus garante que estas serão maiores do que aquelas que ele realizou, mas é preciso saber ocupar o nosso lugar, que não é em uma esfera celestial, flutuando ao encontro do céu, mas o lugar do Cristão é na terra, com os pés firmes caminhando em Comunidade, semeando a Boa Nova e cultivando sempre a esperança que não é vã, porque Jesus está com o Pai, mas também caminha á nossa frente mostrando-nos o caminho a tomar, para que não nos percamos nos atalhos que não nos levam a lugar nenhum.
O caminho é bem conhecido, não podemos dar a mesma desculpa de Filipe “Senhor, não sabemos para onde vais”! Não sabemos o que fazer, ou que estilo de vida adotar enquanto cristãos. Essa é uma desculpa esfarrapada demais, o nosso caminho é o mesmo de Jesus, é o caminho do serviço, percorrido sempre com amor e entusiasmo, ainda que diante de nós, tenhamos muitas vezes as cruzes dos fracassos, o tormento das nossas limitações. A Fé no Pai que se revelou em Jesus, aquele a quem seguimos, sempre nos reanima as forças, nos faz olhar á frente  e seguirmos adiante, para uma Vida além de tudo o que hoje vemos, sentimos e somos. Esse lugar que já está reservado ao homem de Fé, é ao lado de Deus, para isso Ele nos fez e nisso consiste a Salvação... Ele já está a disposição, ainda nesta vida, para quem se dispuser a Ser Discípulo Fiel de Jesus.

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  cruzsm@uol.com.b


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