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Outubro 2020
Tempo Comum - Anos Pares
XXIX Semana - Sexta-feira
Lectio
Primeira leitura: Efésios 4, 1-6
Irmãos: 1Eu, o prisioneiro no Senhor, exorto-vos a que procedais de um modo
digno do chamamento que recebestes; 2com toda a humildade e mansidão, com
paciência: suportando-vos uns aos outros no amor, 3esforçando-vos por manter a
unidade do Espírito, mediante o vínculo da paz. 4Há um só Corpo e um só
Espírito, assim como a vossa vocação vos chamou a uma só esperança; 5um só
Senhor, uma só fé,um só baptismo; 6um só Deus e Pai de todos, que reina sobre
todos, age por todos e permanece em todos.
Depois da contemplação admirada do mistério de Deus, realizado em Jesus Cristo,
em favor dos homens, Paulo passa à exortação. Tem autoridade para o fazer, não
só porque é apóstolo, mas também porque está «prisioneiro» por causa da sua
obediência às exigências da vocação cristã.
Desta vez, a exortação não vai ao encontro de situações concretas. Trata-se de
um apelo genérico ao cristão como tal, em qualquer situação sociopolítica e
temporal em que se encontre. É também para nós, hoje. Paulo convida a uma
resposta total e coerente à vocação que acabara de descrever. Notemos que as
qualidades de uma vida empenhada na realização da vocação cristã têm em vista a
unidade. A humildade, a mansidão, a paciência, a aceitação recíproca e cordial
(v. 2) são elementos necessários na caminhada que é a obra de unificação
realizada pelo Espírito em cada um e em todos, a todos os níveis: pessoal,
comunitário e eclesial.
O Apóstolo insiste no tema do «uno» em perspectiva trinitária, e não dos
filósofos neoplatónicos. Uno é «o corpo» místico (= a Igreja); una é «a
esperança» - horizonte de luz aberto em nós pela vocação -; uno é «o baptismo»
e una é «a fé»; uno é «o Senhor» Jesus, uno é «o Espírito» e um só é «o Pai de
todos», fonte de amor que actua em todos e por meio de todos. A unidade na
Trindade é fundamento e exigência da unidade visível a que devem tender todos
os cristãos, em todo o tempo e lugar.
Evangelho: Lucas 12, 54-59
Naquele tempo dizia Jesus às multidões: 54«Quando vedes uma nuvem levantar-se
do poente, dizeis logo: 'Vem lá a chuva'; e assim sucede. 55E quando sopra o
vento sul, dizeis: 'Vai haver muito calor'; e assim acontece. 56Hipócritas,
sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu; como é que não sabeis reconhecer
o tempo presente?» 57«Porque não julgais por vós mesmos, o que é justo? 58Por
isso, quando fores com o teu adversário ao magistrado, procura resolver o
assunto no caminho, não vá ele entregar-te ao juiz, o juiz entregar-te ao
oficial de justiça e o oficial de justiça meter-te na prisão. 59Digo-te que não
sairás de lá, antes de pagares até ao último centavo.»
Jesus repreende os seus contemporâneos, que sabem distinguir os sinais
meteorológicos, mas não o sinal que Ele mesmo é: o Filho unigénito enviado pelo
Pai para salvação de todos. Compreender o tempo que vivemos é compreender as
intenções de Deus que, em todo o tempo, sobretudo pelo mistério da Igreja e dos
sacramentos, torna actual o mistério de Jesus com toda a sua eficácia salvífica.
Saber fazer previsões do tempo, analisando os dados da meteorologia, implica
uma atenção interessada. Se não estivermos realmente interessados e atentos
para nos darmos conta da importância do tempo como tempo para exercer a justiça
e a caridade, corremos sério risco. Há que reconciliar-se radialmente com
aqueles com que estamos em conflito. Caso contrário, podemos cair no remoinho
do não-perdão, donde não sairemos indemnes. É como se Jesus apontasse o sinal
do tempo por excelência, que é Ele mesmo, como sinal de salvação, mas só para
quem se compromete a viver como reconciliado, isto é, na paz, na justiça e na
bondade.
Meditatio
É na história que podemos compreender as intenções de Deus, e não fora dela.
Daí a atenção que devemos dar aos sinais dos tempos. Deus actua dentro do
tempo. É também no tempo que responde às nossas interrogações. Quantas vezes
Lhe fazemos perguntas na oração, e encontramos as respostas na vida.
É, pois, no tempo que havemos de ler os sinais de salvação e de perdição. O
sinal de salvação por excelência é sempre Cristo, com o seu mistério pascal.
Ele salva-nos à medida que, lendo os sinais dos tempos e confrontando-os com a
Palavra, deixamos que ela mesma, a Palavra, produza frutos em nós e no nosso
tempo. Pondo em prática a Palavra, permitimos a Deus fazer muito mais do que
podemos esperar.
Um dos sinais do nosso tempo é a chamada globalização, em que passamos de um
mundo dividido e fragmentado, àquilo a que M. McLuhan chamou a «aldeia global».
Os meios de comunicação, que podem ser instrumentos de divisão e guerra, também
podem e devem tornar-se instrumentos de união e de paz. Para isso, todos os
homens de boa vontade, e particularmente nós, os crentes, havemos de superar a
tentação do individualismo, que fragmenta, e dar espaço à unificação da nossa
pessoa, e à união entre os homens. Como crentes, temos a certeza de que Cristo
habita no nosso coração e que, fundados e radicados na sua caridade, podemos
ser repletos da plenitude de Deus, e alcançar a unificação do coração e de
todas as nossas faculdades e forças, a unificação da nossa pessoa. S. Paulo
indica-nos os meios para isso: a humildade, a mansidão, a paciência, e a
suportação amorosa dos nossos caracteres.
A chave que temos ao alcance da mão, para contribuirmos para a unidade entre os
homens, é procurar tudo o que une e deixar de parte tudo o que divide, como
dizia e fazia João XXIII. Com essa chave chegaremos à unificação pessoal,
comunitária, eclesial, social e... planetária. Vivendo e realizando esse
projecto, o nosso tempo, que está sob o signo de Jesus, tornar-se-á um tempo de
claridade, iluminado pela luz da salvação. E, com Cristo e como Cristo,
tornar-nos-emos instrumentos de unidade e de paz. «A exemplo do Fundador,
sintonizando com os sinais dos tempos e em comunhão com a vida da Igreja,
queremos contribuir para instaurar o reino da justiça e da caridade cristã no
mundo» (Cst n. 32); queremos participar «na construção da cidade terrena e na
edificação do Corpo de Cristo... empenhando-nos sem reserva, no advento da nova
humanidade...» (Cst nn. 38.39; cf. Cst nn. 35-37).
Oratio
Senhor Jesus, torna-me atento aos sinais do meu tempo, como o Pe. Dehon esteve
atento aos sinais do seu tempo. Torna-me especialmente atento àquele sinal que
é a aspiração à unidade entre os homens, unidade na diversidade. Torna-me
atento, tolerante e solidário com todos os meus irmãos. Que a celebração e a
adoração da Eucaristia me façam ver o teu amor e fidelidade, presentes no mundo
de hoje, para que me una à tua acção de graças e à tua intercessão, e coloque
toda a minha vida ao serviço da Aliança e da promoção da unidade na Igreja e
entre todos os homens.
Ajuda-me a amar a todos em Ti e contigo. Que saiba esquecer tudo o que causa
divisão, e acolha e desenvolva tudo o que une no sinal do teu poder de salvação:
a tua morte e ressurreição. Amen.
Contemplatio
«Não vos deixarei órfãos, diz Nosso Senhor, deixar-vos-ei outro director, o
Espírito de verdade». - «Iluminados por ele, diz-nos Nosso Senhor,
reconhecereis que estou no meu Pai, que somos um só na unidade da essência
divina; e vós estareis em mim, estareis unidos a mim pela vida da graça, pela
docilidade do espírito; e eu estarei em vós para vos iluminar, para vos
dirigir, para vos santificar».
É o Espírito Santo que vos une ao Coração de Jesus.
«Não vos podia dizer tudo por mim mesmo», diz-nos Nosso Senhor. A minha morte,
a minha ressurreição, a minha ascensão deviam intervir para darem autoridade à
minha palavra. Dou-vos o meu Espírito, para continuar o meu ensinamento. Tem de
mim e de meu Pai toda a verdade. Ele há-de introduzir-vos depois de mim no
santuário das verdades reveladas. Iluminará o vosso espírito, dar-vos-á a
inteligência do que vos ensinei. Não vos há-de ensinar outra doutrina, porque
recebe tudo de meu Pai e de mim. Nós somos um. Falo-vos pelo Espírito Santo,
como meu Pai vos fala pela minha boca. Dará testemunho de mim. Ajudar-vos-á a
compreender a minha divindade, os meus mistérios, a minha vida, o meu Coração,
o meu amor por vós. (Leão Dehon, OSP 3, p. 431).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
«Que todos sejam um, na justiça e na caridade»
| Fernando Fonseca, scj |
Eu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, na Bahia da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe(José Salviano, Helena Serpa, Olívia Coutinho, Dehoniamos, Jorge Lorente, Vera Lúcia, Maria de Lourdes Cury Macedo, Adélio Francisco) colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que doaram um pouco do seu tempo para evangelizar, catequizar e edificar o reino de Deus, que o Senhor Jesus Cristo e Nossa Mãe Maria Santíssima continue iluminando a todos. Abraços fraternos.
ResponderExcluirObrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
ResponderExcluirDEUS te abençoe e te ilumine. Obrigado pela reflexão.
ResponderExcluirSanta Maria, Rio Grande do Sul.