DEUS CONVIDA TODOS PARA A FESTA DA VIDA-Maria de Lourdes Cury Macedo.

 

DEUS CONVIDA TODOS PARA A FESTA DA VIDA

Maria de Lourdes Cury Macedo.

Domingo, 11 de outubro de 2020.

Evangelho de Mt 22, 1-14.

        

 

Nos últimos três domingos, a liturgia falava da imagem da videira, agora fala da parábola do banquete. Jesus está em Jerusalém vivendo seus últimos dias, fase tensa de seu ministério, pregando no Templo e sendo confrontado pelo poder religioso, que não O aceita e questiona sua autoridade de ensinar. Jesus, outra vez parte do texto de Isaías, que anuncia o convite de um rei para a festa de casamento de seu filho. Para o povo da Bíblia, o banquete é símbolo de amizade, abundância, vida, felicidade. Mas esse banquete tem algo de especial, pois será promovido pelo próprio Deus, que oferece como presente o fim das lágrimas e da tristeza para todo o povo. Sinal de esperança, de alegria, de salvação para o ser humano.

Jesus nos fala da resposta dada ao convite de Deus, representado por um rei, para participar do banquete de um casamento, que recorda a Aliança entre Deus e Israel. Festa é sinônimo de alegria e de vida plena e em se tratando de casamento, envolve aliança, compromisso. É a festa que Deus quer fazer de seu Filho com a humanidade, com a Igreja.

O rei da parábola é Deus. Ele prepara tudo, faz sua parte. Os primeiros convidados não quiseram ir, estavam ocupados com seus compromissos particulares. São as autoridades, não porque são os mais importantes, mas os que têm o poder de transformar o mundo. Jesus se refere aos sumos sacerdotes, que detinham o poder político e religioso, e os anciãos do povo, que representavam o poder econômico, eram ricos proprietários de terras e de escravos. Eles tinham autoridade e poderiam agir com justiça e fraternidade e assim transformar o mundo, mas nada disso foi feito. Repita-se: não quiseram ir.

Como os primeiros convidados não aceitaram o convite, o rei mandou que convidassem outros, abriu-se a porta para todos que quisessem participar.

Os servos, que vão procurar convidados para a festa, são os profetas que Deus enviou ao longo dos anos da história da Salvação, que não são ouvidos e muitas vezes maltratados e até mortos.

Mas Deus não desanima e manda convidar “Todos os que encontrardes...” O convite é geral. Deus quer realizar a festa, seu desejo é que a sala do banquete fique cheia de convidados. Por isso, é preciso sair para as “encruzilhadas e caminhos” por onde passam tantas pessoas errantes, que vivem sem esperança e sem futuro. Deus quer que todos os homens se salvem e dá a todos os meios necessários para isso. Ninguém está excluído desse banquete, por isso manda convidar todos.

Saindo pelas ruas, seus servidores reuniram todos que encontraram. A sala ficou repleta de bons e de maus. Quando o rei chegou, notou uma pessoa sem a veste nupcial e então mandou que o retirasse da festa.

Qual o significado da veste nupcial? Ela representa a graça santificante que recebemos no batismo e conservamos pela prática das virtudes, o compromisso com o Reino, a vivência dos ensinamentos de Jesus. Sem essa veste é impossível permanecer na festa.  Nossa religião não pode ser só de aparência. Sem estar revestida da graça e das bem aventuranças, a mensagem de Jesus não entra na nossa alma, continuamos os mesmos, sem mudança, sem conversão, sem compromisso com Jesus e nos tornamos merecedores do inferno. Quando Jesus se refere ao lugar de trevas e ranger de dentes, designa tradicionalmente o inferno. O fogo e ranger de dentes são um jeito de explicar a ausência de Deus.

Nessa parábola, Jesus quer ensinar que os primeiros convidados foram os judeus, o antigo povo de Deus, escolhido, cuidado por Ele (a vinha), mas não aceitaram os contínuos convites que o Senhor lhes fez para que entrassem no Reino, que Jesus veio instalar. Em seu lugar, foram chamados aqueles que não faziam parte do povo eleito e que aceitaram o convite, mas há uma exigência: praticar boas obras e hábitos puros. A fé exige compromisso e a prática do bem. “A fé sem obras é morta”.

A Igreja Católica, que significa Universal, é para todos os povos, raças, nações, como disse Jesus aos apóstolos: “Ide pelo mundo inteiro e pregai o Evangelho à toda criatura” (Mt 28,19). Jesus a fez para abrigar, acolher os homens de todos os tempos e de todos os lugares. Sua doutrina é sempre a mesma. Ela está espalhada em todo o mundo. Não exclui ninguém. O convite é para todos os povos e nações. O   Salvador Jesus morreu por todos, sua Igreja foi instituída para acolher todos que desejarem ser seus discípulos, que O amarem como seu Salvador e Senhor de sua vida.

O banquete que Jesus se referia era a Aliança de amor com o Reino. Para isso é necessário nos revestirmos do “homem novo”, veste que recebemos no nosso batismo. Precisamos nos revestir de Jesus, de sua graça, ser como Ele: amoroso, justo, misericordioso, bondoso, solidário, fiel, puro, verdadeiro, modesto, humilde, saber perdoar. Para participarmos da festa, desse banquete, devemos estar vestidos com essa veste. É o traje da justiça, do amor, e quem não se vestir com esse traje não poderá participar da festa. Quando Jesus diz “muitos são os chamados, poucos os escolhidos”, não quer dizer que Ele exclui, somos nós que negamos o seu convite ou nos recusamos a nos comprometer com Ele, recusamos trabalhar na messe do Senhor para que todos escutem e acolham a mensagem de Salvação trazida por Jesus.  A Igreja de Jesus, que somos nós, deve anunciar com fé e alegria o convite de Deus proclamado no Evangelho de Jesus.

 

Abraços em Cristo!

Maria de Lourdes