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Outubro 2020
Tempo Comum - Anos Pares
XXIX Semana - Quinta-feira
Lectio
Primeira leitura: Efésios 3, 14-21
Irmãos: 14Eu dobro os joelhos diante do Pai, 15do qual recebe o nome toda a
família, nos céus e na terra: 16que Ele vos conceda, de acordo com a riqueza da
sua glória, que sejais cheios de força, pelo seu Espírito, para que se
robusteça em vós o homem interior; 17que Cristo, pela fé, habite nos vossos
corações; que estejais enraizados e alicerçados no amor, 18para terdes a
capacidade de apreender, com todos os santos, qual a largura, o comprimento, a
altura e a profundidade... 19a capacidade de conhecer o amor de Cristo, que
ultrapassa todo o conhecimento, para que sejais repletos, até receberdes toda a
plenitude de Deus. 20Àquele que pode fazer imensamente mais do que pedimos ou
imaginamos, de acordo com o poder que eficazmente exerce em nós, 21a Ele a glória,
na Igreja e em Cristo Jesus, em todas as gerações, pelos séculos dos séculos!
Ámen.
Depois de ter anunciado as maravilhas de Deus,
Paulo irrompe numa oração vibrante de amor. Ajoelha diante do Pai, origem de
toda a paternidade no céu e na terra (v. 15), e pede-lhe que os Efésios sejam
fortificados interiormente pelo Espírito Santo (v. 16). No fundo, pede para
eles uma fé robusta, para que Cristo habite nos seus corações e, desse modo,
cresça neles o sinal típico de pertença a Cristo: a caridade.
O Apóstolo sabe que, só quando estiverem «enraizados e alicerçados no amor» (v.
17), em comunhão com os outros crentes, serão capazes de compreender «a
largura, o comprimento, a altura e a profundidade» daquele amor que ultrapassa
todas as categorias humanas (v. 18). Assim é porque é de Deus e só com a força
de Deus podemos realizar a nossa vocação: receber «a plenitude de Deus» (v. 19).
Com entusiasmo, Paulo louva a Deus porque é capaz de realizar maravilhas muito
maiores do que possamos pensar e desejar. Sentimos em todo o texto que o
conhecimento do mistério de Deus não é fruto do nosso esforço intelectual, mas
de amor admirado, que brota de uma atitude profundamente interior e
contemplativa.
Evangelho: Lucas 12, 49-53
Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: 49«Eu vim lançar fogo sobre a
terra; e como gostaria que ele já se tivesse ateado! 50Tenho de receber um
baptismo, e que angústias as minhas até que ele se realize! 51Julgais que Eu
vim estabelecer a paz na Terra? Não, Eu vo-lo digo, mas antes a divisão.
52Porque, daqui por diante, estarão cinco divididos numa só casa: três contra
dois e dois contra três; 53vão dividir-se: o pai contra o filho e o filho
contra o pai, a mãe contra a filha e a filha contra a mãe, a sogra contra a
nora e a nora contra a sogra.»
Se a oração de Paulo nos levasse a um
espiritualismo aéreo, o texto do evangelho encarregar-se-ia de nos fazer
aterrar. Não estamos "naturalmente" prontos para acolher «toda a
plenitude de Deus». Tal não acontece por uma dilatação espontânea do nosso
coração às dimensões da vocação cristã. Só pelo combate espiritual se chega a
tal plenitude. Jesus, que se declarou pela paz, é contra o pacifismo, aquele
pacifismo falso e filho do equívoco, da confusão, da vilania e da tristeza.
Vim estabelecer «a divisão» (v. 51). Como é possível? Não foi Jesus que, na
última ceia, rezou para que todos tivessem «um só coração e uma só alma»? (cf.
Jo 17). Não de trata de uma contradição mas de um aprofundamento. Para abrir o
coração e o meio em que vive à paz de Cristo, o discípulo deve dissociar-se de
todos quantos, na mente e no coração, pertencem ao mundo que «jaz sob o poder
do Maligno» (1 Jo 5, 19). «Não é possível servir a Deus e ao dinheiro» (Mt 6,
24). Jesus usa o termo «mamona» que não significa só o dinheiro, mas todo e
qualquer ídolo, anichado na mente e no coração de quem O quer seguir e fazer
parte do Reino de Deus, fonte de paz e de amor.
Meditatio
No mundo cheio de confusão, de barulho e de superficialidade, precisamos de ser
fortalecidos pelo Espírito. Corremos sempre o risco de nivelar por baixo os
nossos ideais pessoais e comunitários, caindo numa vida opaca que pouco
corresponde ao magnífico chamamento a sermos cheios da plenitude Deus. Sem o
espanto e a alegria que provoca em nós a grandeza da nossa vocação, sem o
Espírito - a pedir na oração perseverante - dar-nos-emos conta de que já não
vivemos como filhos, mas como escravos.
Por outro lado, para que brilhe em nós o tesouro adquirido e anunciado, é
preciso que a dimensão contemplativa da Palavra, respirada e vivida, se torne
realmente possível no nosso dia a dia. Só assim será possível não nos deixar
seduzir pela mentalidade corrente, tantas vezes em contradição e em oposição
aos princípios do Evangelho. É preciso cortar com essa mentalidade, como nos diz
Jesus, ao falar de espada. Se a paz não for pacifismo, teremos, por vezes, que
enfrentar contradições e oposições. Teremos que desagradar aos homens, para
agradar a Deus. Mas se alinhamos num estilo de vida idêntico ao de quem não tem
fé, se deixamos que os nossos projectos sejam construídos sobre princípios
mundanos, podemos não ter que enfrentar dificuldades e lutas. Mas não estaremos
em paz... Precisamos de tempos e espaços para o encontro silencioso e adorante
com Cristo. Só assim teremos força para enfrentar a luta e o sofrimento que
certas divisões necessárias para sermos fiéis a Cristo e à nossa consciência
implicam.
Mas, talvez com mais frequência, a espada terá que ser usada dentro de nós
contra a mania de querermos ser sempre os primeiros, o centro das atenções, dos
afectos e dos consensos; terá que ser usada dentro de nós contra a revolta das
paixões que tornam pesados a mente e o coração, impedindo a alegria da
contemplação, da vida verdadeira que, de certo modo, é já na terra
bem-aventurança e experiência daquele amor que, na eternidade, não terá limites.
A luta, exterior e interior, pode, por vezes, ser dura, mesmo usando a Palavra
de Deus. Há que não esquecer que não estamos sós. Com a Palavra, torna-se
presente o próprio Deus, para nos apoiar, com a força do seu Espírito. É o que
sugere Paulo: «Àquele que pode fazer imensamente mais para além do que pedimos
ou imaginamos (isto é, Deus), de acordo com o poder que eficazmente exerce em
nós, a Ele a glória» (vv. 20-21ª). É Deus que nos guia no caminho para a
plenitude e nos apoia «de acordo com o poder que eficazmente exerce em nós».
Esse poder é o da Graça que já infundiu em nós pelo Espírito. Por isso podemos
caminhar confiantes, e abrir-nos ao seu projecto de amor. Deus está em nós e
orienta-nos firmemente para
o conhecimento do amor de Cristo, que ultrapassa todo o conhecimento. É Ele
próprio, pelo seu Espírito, que nos conduz ao conhecimento da Pessoa de Cristo
e do mistério do seu Coração (cf. Cst 17).
Oratio
Eu Te bendigo e adoro, ó Pai, senhor do céu e da terra, porque me enches de
todos os bens. Quero, hoje, pedir-te especialmente um, o teu santo Espírito,
para que anime a minha fé-adesão a Cristo, teu Filho, e assim possa conhecer a
sua Pessoa e o mistério do seu Coração. Assim compreenderei também o teu amor,
que ultrapassa toda a capacidade humana de compreensão, e serei capaz de
testemunhá-lo com firmeza e fidelidade na Igreja e no mundo, apesar das
contrariedades e lutas.
Cada dia procurarei admirar e venerar o teu amor sem limites. Dá-me a certeza
de que Tu, pela força que já actua em mim e na Igreja, estás a realizar a tua
glória. Que, pela fidelidade ao teu Espírito, eu próprio possa contribuir para
a tua glória e alegria. Amen.
Contemplatio
Como fazer amar Jesus, sem fazer conhecer as razões que temos para o amarmos?
Estas razões, expomo-las bem aos outros, mas friamente e sem nos preocuparmos
bastante de as saborearmos nós mesmos. Ou então concedemos a Jesus um amor de
razão, ou mesmo de vontade, no qual o coração não tem nenhuma parte, como se
fosse possível a alguém amar sem dar o próprio coração. Muitos permanecem
assim, embora com boas intenções, frios servos, quando Jesus queria ver neles
amigos. Porque se Jesus quer encontrar amigos em todos os seus discípulos, foi
particularmente aos seus apóstolos e aos seus padres que disse: «Já não sois
meus servos, mas amigos». As relações íntimas e diárias do Salvador com os seus
padres, particularmente no santo altar, exigem esta amizade. O padre representa
Jesus e continua a sua missão, deve haver entre eles esta comunhão de intenções
e de sentimentos que é o próprio da amizade.
O padre deve desposar todos os interesses de Jesus, partilhar todas as suas
solicitudes, alegrar-se com as suas conquistas, entristecer-se com as suas
perdas. Sto. Agostinho disse: «Sacerdos alter Christus», o padre é um outro
Cristo. Dizemos também de um amigo: é um outro eu.
A intimidade de Jesus com os seus apóstolos era o sinal da amizade. Quer ter a
mesma amizade com os seus padres. Mas muitos não o compreendem inteiramente.
Com estes é bem obrigado a contar para lhes dar as suas graças, porque contam
com Ele. Não falamos aqui dos maus padres que fazem a desolação do divino
Coração, mas dos servos exactos, capazes de uma certa dedicação, mas cujo
ministério permanece pouco frutuoso porque lhe falta a vida do coração. (Leão
Dehon, OSP 2, p. 71s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
«Tudo para glória e alegria de Deus» (cfr. Cst. 25).
| Fernando Fonseca, scj |
Eu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, na Bahia da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe(José Salviano, Helena Serpa, Olívia Coutinho, Dehoniamos, Jorge Lorente, Vera Lúcia, Maria de Lourdes Cury Macedo, Adélio Francisco) colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que doaram um pouco do seu tempo para evangelizar, catequizar e edificar o reino de Deus, que o Senhor Jesus Cristo e Nossa Mãe Maria Santíssima continue iluminando a todos. Abraços fraternos.
ResponderExcluirObrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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