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Outubro 2020
Tempo Comum - Anos Pares
XXX Semana - Quarta-feira
Lectio
Primeira leitura: Efésios 6, 1-9
1Filhos, obedecei a vossos pais, no Senhor, pois é isso que é justo: 2Honra teu
pai e tua mãe - tal é o primeiro mandamento, com uma promessa: 3para que sejas
feliz e gozes de longa vida sobre a terra. 4E vós, pais, não exaspereis os
vossos filhos, mas criai-os com a educação e correcção que vêm do Senhor.
5Escravos, obedecei aos senhores terrenos, com o maior respeito, na
simplicidade do vosso coração, como a Cristo: 6não para dar nas vistas, como
quem procura agradar aos homens, mas como escravos de Cristo, que fazem a
vontade de Deus, do fundo do coração; 7servi de boa vontade, como se servísseis
ao Senhor e não a homens, 8sabendo que cada um, escravo ou livre, será recompensado
pelo Senhor, conforme o bem que fizer. 9E vós, os senhores, fazei o mesmo para
com eles: deixai-vos de ameaças, sabendo que o Senhor, que o é tanto deles como
vosso, está nos Céus e diante dele não há acepção de pessoas.
Não só os esposos, mas também os pais e os filhos hão-de viver em recíproca
submissão na comum obediência a Cristo (cf. 5,21). Os filhos hão-de lembrar-se
do mandamento: «Honra pai e mãe» (Ex 20, 12ª). A obediência aos pais está
relacionada com a obediência a Deus, que a ela liga a bênção, expressa em
termos de fecundidade (v. 3; cf. Ex 20, 12b). Aos pais é confiada a tarefa da
educação dos filhos. Devem realizá-la com suavidade e cuidado, como servidores
da obra de Deus (v. 4). É Ele que dá inspiração e orientação a essa educação.
Também as relações entre os escravos e os seus senhores recebem nova luz da
mensagem cristã. Trata-se de relações entre pessoas «ambas» submetidas ao mesmo
«Senhor» (v. 9b) que, sem qualquer favoritismo, reconhece e aprecia o bem
realizado por cada um, e não o estado social que ocupa (v. 8). Para escravos e
senhores vale a palavra do Senhor: «Sempre que o fizestes a um dos meus irmãos
mais pequenos, foi a Mim que o fizestes» (Mt 25, 40). Quando o escravo,
obedecendo ao dono obedece a Cristo, o seu serviço adquire um valor religioso,
que exclui o servilismo ou a busca de ambíguas recompensas (vv. 5-7). O dono,
por seu lado, deve tratar o escravo como trataria a Cristo, isto é, com o
coração animado pela caridade, sem arrogância nem autoritarismo (v. 9ª).
Evangelho: Lucas 13, 22-30
Naquele tempo: 22Jesus percorria cidades e aldeias, ensinando e caminhando para
Jerusalém. 23Disse-lhe alguém: «Senhor, são poucos os que se salvam?» Ele
respondeu-lhes: 24«Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos
digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir. 25Uma vez que o dono da casa
se levante e feche a porta, ficareis fora e batereis, dizendo: 'Abre-nos,
Senhor!' Mas ele há-de responder-vos: 'Não sei de onde sois.' 26Começareis,
então, a dizer: 'Comemos e bebemos contigo e Tu ensinaste nas nossas praças.'
27Responder-vos-á: 'Repito-vos que não sei de onde sois. Apartai-vos de mim,
todos os que praticais a iniquidade.' 28Lá haverá pranto e ranger de dentes,
quando virdes Abraão, Isaac, Jacob e todos os profetas no Reino de Deus, e vós
a serdes postos fora. 29Hão-de vir do Oriente, do Ocidente, do Norte e do Sul,
sentar-se à mesa no Reino de Deus. 30E há últimos que serão dos primeiros e
primeiros que serão dos últimos.»
O sumário lucano do v. 22 introduz uma nova etapa da viagem de Jesus para
Jerusalém. Jesus não responde directamente à pergunta com que abre a nova
secção (v. 23), indicando o número dos que se salvam. Mas exorta a estar
prontos e solícitos para acolher o Reino que vem. É urgente um compromisso total
de todo o nosso ser e forças, como faríamos, se tivéssemos de entrar por uma
porta estreita (v. 24). «Hoje» é o momento para esse compromisso: a salvação é
o dom de Deus a que se adere fazendo o bem, e não simplesmente reclamando laços
familiares com Jesus (vv. 25s.).
A imagem do banquete escatológico, em que participam todos os povos da terra
(v. 29), manifesta a salvação oferecida a todos os homens e acolhida por muitos
pagãos. Estes, os «últimos» a receber o anúncio do Evangelho, serão os
«primeiros» a entrar no reino de Deus, enquanto Israel, o primeiro a ouvi-lo,
se verá excluído dele, se não o acolher (v. 30). A salvação não é questão de
pertença étnica, mas de fé em Jesus. Não é o ser filhos de Abraão que assegura
a salvação, mas o realizar as obras de Abraão (cf. Jo 8, 39) que, na esperança
da redenção futura, acreditou e, pela fé foi reconhecido como justo (cf. Tg 2,
23).
Meditatio
No tempo de S. Paulo, a situação social não era melhor que a de hoje: havia
escravos e senhores. E não se punha a questão social como se põe hoje, isto é,
não se procurava melhorar a condição das classes mais miseráveis e maltratadas,
como eram os escravos. De vez em quando, havia revoltas de escravos que eram
simplesmente esmagadas. E tudo continuava como dantes. Hoje, pelo contrário,
procura-se melhorar a sociedade.
S. Paulo não pensou em novas estruturas sociais, mas procurou transformar as
existentes do modo mais profundo. E, se pensarmos bem, o seu método ainda
continua a ser o mais decisivo. O papel da Igreja não é criar novas estruturas
sociais e económicas, mas introduzir em todos os homens um espírito novo,
animado pela consciência da igual dignidade de todos os homens e do amor de
Cristo.
Na carta ao Efésios, Paulo prega uma igualdade de fundo. Diz aos escravos: «cada
um, escravo ou livre, será recompensado pelo Senhor, conforme o bem que fizer»
E diz aos senhores: «Vós, os senhores, fazei o mesmo para com eles... sabendo
que para o Senhor...não há acepção de pessoas».
À igualdade fundamental corresponde a igualdade de comportamento. Depois de ter
dito aos escravos que sejam obedientes aos senhores como a Cristo,
prestando-lhes de boa vontade os serviços, como ao Senhor e não aos homens,
Paulo exorta os senhores: «Fazei do mesmo modo para com eles» (v. 9). Esse modo
é o «serviço». Os escravos devem servir alegremente os senhores e os senhores
devem servir alegremente os escravos. Se assim não for, não terão feito algo de
bom e serão julgados e condenados.
É uma verdadeira reviravolta. Paulo não prega a liberdade por meio das
reivindicações: quer suscitar em todos a vontade de servir, de prestar um
serviço que, no fundo, é serviço de Deus: «servi de boa vontade, como se
servísseis ao Senhor» (v. 8). Se assim for, toda a sociedade mudará
naturalmente e concretizar-se-á uma igualdade fundamental.
Esta é uma pregação mais difícil do que a da violê
;ncia e das reivindicações. Mas é esta a perspectiva cristã, a única que
corresponde à caridade divina: amar a todos, também aqueles contra quem temos
de lutar. É esta a «porta estreita» pela qual Jesus nos convida a entrar: a
porta estreita da caridade, que exige renúncia mas se abre à verdadeira vida,
onde o coração se dilata até às dimensões de Deus.
Estes ensinamentos de Paulo podem servir à nossa vida religiosa. Na Congregação:
«São todos iguais na mesma profissão de vida religiosa, sem qualquer distinção
a não ser a dos ministérios» (Cst. 8). Esta igualdade é unidade na diversidade
dos ministérios, e, portanto, dos carismas dados pelo Espírito. O importante é
que todos se amem reciprocamente, levando «fraternamente os fardos uns dos
outros numa mesma vida comum» (Cst. 8), que é um dom do Pai. As nossas
comunidades, onde há vários ministérios, onde há superiores e súbditos, hão-de
ser um reflexo da família trinitária (cf. Jo 17, 21-23). Vivendo o «sint unum»,
tão caro ao Pe. Dehon, realizaremos pessoal e comunitariamente a nossa missão
de "Oblatos" (Cst. 6) na Igreja, em favor de Cristo "Para que o
mundo creia que Tu (Pai) me enviaste" (Jo 17, 23).
Oratio
Senhor, faz-me compreender e assumir que a comunhão contigo se realiza desde
já, sobre a terra, e se há-de prolongar para além da morte. Faz-me compreender
e assumir que essa comunhão se realiza fazendo o bem, servindo alegre e
generosamente todos os nossos irmãos, pois a fé se torna necessariamente amor
que caracteriza as nossas relações com os outros. Faz-me compreender e assumir
que a família, a comunidade, a paróquia, são lugares para traduzir a minha fé
em relações e comportamentos verdadeiramente fraternos. Que eu saiba levar os
fardos dos outros; que respeite os carismas dos meus irmãos, e saiba pôr os
meus ao seu serviço. Que, em tudo e sempre, eu contribua para o «sint unum».
Para que o mundo creia! Amen.
Contemplatio
O Coração sacerdotal de Jesus foi particularmente dedicado às classes populares.
Era necessário renovar o mundo. Em Roma, a escravatura era como um animal de
carga. Dez milhões de cidadãos eram servidos por cem milhões de escravos. Na
Palestina, os fariseus eram arrogantes e sem coração.
Só um Deus podia dizer aos homens: «Vós sois todos irmãos» (Mt 23). «Amai-vos
uns aos outros» (Jo 15).
É a missão de Jesus, foi sob este aspecto que os profetas no-lo apresentaram:
«Será totalmente penetrado pelo Espírito de Deus, trará a boa nova aos pequenos
e aos humildes, remediará todos os infortúnios, pregará o grande jubileu, com o
perdão das dívidas e a reabilitação dos pobres» (Is 61).
Toda a reforma económica e social está em germe nos princípios que coloca: a
paternidade divina e a fraternidade de todos os homens.
Dá o exemplo da simplicidade e do trabalho. Escolheu a oficina para sua morada,
os pastores para os seus primeiros adoradores. É operário e filho de operário.
Vede-o em Nazaré com a mesa e os utensílios do carpinteiro. Despreza a riqueza,
o luxo e as honras. Reclama para os operários a justiça, o respeito, a afeição
fraterna.
1º A justiça. - «O trabalhador tem direito ao seu salário, ao seu pão, ao que
exige a sua vida quotidiana: Dignus est operarius mercede sua, cibo suo» (Mt
10; Lc 10).
S. Tiago desenvolve este preceito: «Ricos avarentos, exclama, os vossos
tesouros atrairão a cólera de Deus sobre vós. Os vossos trabalhadores sofreram
nos vossos campos e só lhes destes um salário tardio e insuficiente» (Tg 5).
2º Respeito. - «Bem-aventurados os que são mansos, pacíficos e misericordiosos»
(Mt 5). - «Aquele que não tem cuidado com os seus servos é mais desprezível do
que um pagão» (1 Tm 5).
3º A afeição fraterna. «Vós sois todos irmãos» (Jo 15). «Não deve haver entre
vós distinção entre escravos e homens livres. Non est servus neque liber» (Gl
3). «Amai e praticai a fraternidade» (1 e 2Pd; 1Ts 4). (Leão Dehon, OSP 2, p.
603s.)
Actio
Repete muitas vezes e vive a palavra:
«Amai e praticai a fraternidade» (1 e 2Pd; 1Ts 4)
| Fernando Fonseca, scj |
Eu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, na Bahia da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe(José Salviano, Helena Serpa, Olívia Coutinho, Dehoniamos, Jorge Lorente, Vera Lúcia, Maria de Lourdes Cury Macedo, Adélio Francisco) colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que doaram um pouco do seu tempo para evangelizar, catequizar e edificar o reino de Deus, que o Senhor Jesus Cristo e Nossa Mãe Maria Santíssima continue iluminando a todos. Abraços fraternos.
ResponderExcluirObrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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