21- Sexta - Evangelho - Mt 22,34-40
Amarás o Senhor teu Deus e ao teu próximo como a ti mesmo.
Este Evangelho conta que os fariseus fizeram uma pergunta a Jesus
para experimentá-lo porque, no pensar deles, a pergunta era muito difícil de
ser respondida: “Qual é o maior mandamento da Lei?” A provocação foi muito
benéfica a nós, porque assim Jesus nos explicou qual é o maior mandamento de
Deus: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração... e ao teu próximo como
a ti mesmo”. Não é só mandamento, é vida e felicidade para nós. Fomos criados
para isso, e só encontramos paz amando a Deus e ao próximo.
Havia uma eterna discussão entre eles sobre qual é o principal
mandamento de Deus; se é amar a Deus ou amar o próximo. Jesus une os dois.
Deus merece ser amado, devido à criação, através da qual ele
demonstra um infinito amor a nós; devido à sua providência, cuidando de nós nas
vinte e quatro horas do dia. Deus é o nosso criador e é ele que nos mantém com
vida, a cada instante. Se ele retirasse sua mão de sobre nós, voltaríamos ao
nada, de onde saímos. O nosso pai carnal é uma pálida figura do nosso grande
Pai que é Deus.
A Redenção é o maior gesto de amor de Deus a nós. Um amor que
perdoa e sabe relevar as nossas fraquezas, não deixando de nos amar quando o
ofendemos. Ele vai atrás, insiste, sempre respeitando a nossa liberdade.
Deus nos criou para conhecê-lo, amá-lo e servi-lo na terra, e gozar
com ele no céu. Feliz de quem entende essa frase do catecismo e a vive. Os
egoístas invertem: Deus nos criou em primeiro lugar para gozar aqui na terra.
Isso porque os egoístas não entendem o mistério da cruz. Quando deixam a Igreja
e partem para alguma seita, porque ali podem usufruir mais de Deus aqui na
terra! A indústria da fé é uma das maiores invenções do homem moderno.
Precisamos amá-lo sobre todas as coisas, colocando os seus
mandamentos acima de tudo: de pessoas, de bens materiais, até da nossa vida
material. Amar a Deus sobre todas as coisas é amar a Jesus Cristo, que hoje
está presente em seu Corpo Místico. “O segundo é semelhante a esse: Amarás ao
teu próximo como a ti mesmo”. Apesar de o fariseu ter perguntado “qual é o
maior mandamento da Lei”, isto é, perguntado sobre um mandamento, Jesus citou
dois, porque os dois são intimamente unidos e não se separam. Eles se
entrelaçam de tal modo que ninguém consegue praticar um sem praticar o outro.
Eles são desdobramentos de uma só realidade, o amor. “Deus é amor: quem
permanece no amor, permanece em Deus e Deus permanece nele” (1Jo 4,16). O amor
é a maior força que existe no mundo, pois é o próprio Deus.
“Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus
permanece em nós e seu amor em nós é perfeito” (1Jo 4,12).
“Se alguém disser: eu amo a Deus, mas odeia seu irmão, é um
mentiroso, pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a
quem não vê” (1Jo 4,20). A ligação íntima entre o amor a Deus e ao próximo
desautoriza certas formas alienantes de “espiritualidade” que muitas vezes não
passam de uma busca disfarçada de auto-realização, mas que jamais leva a um
compromisso com a transformação do mundo em que vivemos. Não é possível amar a
Deus sem amar o próximo.
S. João Evangelista nos explica o que é amor: “Jesus deu a vida por
nós. Portanto, também nós devemos dar a vida pelos irmãos. Se alguém possui
riquezas neste mundo e vê o seu irmão passar necessidade, mas diante dele fecha
o seu coração, como pode o amor de Deus permanecer nele?” (1Jo 3,16-17).
Quem ama só faz o bem e só deseja o bem. Quem ama lê no coração o
que as palavras não conseguem expressar.
O pecado rebaixa, avilta e corrói o amor, desviando-o do seu
sentido autêntico. Basta ver a expressão “fazer amor” e o sentido da palavra
amor na maioria das novelas e filmes.
Nós passamos a vida toda correndo atrás do amor. Ele é a motivação
fundamental de todos os nossos atos. É o amor que traz alegria e gosto de
viver. Para quem ama, não existe monotonia. Pode viver cem anos ao lado de
alguém, que cada dia é novo e nunca se cansa. Cada dia o vê diferente, como um
filme. Isso porque o amor é infinito.
O amor é difusivo; ele não fica só na pessoa que ama nem só na
pessoa que é amada, mas passa para os demais e vai criando uma Comunidade de
amor, que chamamos de ágape.
Está portanto diante de nós o desafio de amar sempre, tanto a Deus
como ao próximo, e através do amor transformar o mundo.
Certa vez, na antiguidade, havia um rei que não acreditava na
bondade de Deus. Tinha, porém, um servo que sempre o lembrava desta verdade. Em
todas as situações, o servo dizia: “Meu rei, não desanimes, porque Deus é bom”.
Um dia, o rei saiu para caçar, e levou aquele servo. Lá no mato, uma fera atacou
o rei. Ele lutou, lutou e conseguiu livrar-se do animal, mas perdeu um dedo da
mão. O rei, furioso pelo que havia acontecido, perguntou ao servo: “E agora, o
que você me diz? Deus é bom? Se fosse bom não teria permitido que eu perdesse
este dedo!” O servo respondeu: “Meu rei, isso é para o seu bem!” Irritado, ao
voltarem para o palácio, o rei mandou prender aquele servo. Após algum tempo, o
rei voltou novamente à mata para caçar. Aconteceu que desta vez foi atacado por
índios, que o levaram para a aldeia. Aqueles índios costumavam oferecer
sacrifícios humanos para as suas divindades. Sem saberem que era o rei, pois
não entendiam a sua língua, resolveram oferecer aquele prisioneiro em
sacrifício. Mas, quando estava tudo preparado, e o rei já estava diante do altar
do sacrifício, o pajé, ao examinar a vítima, disse a todos: “Este homem não
pode ser sacrificado, pois é defeituoso. Falta-lhe um dedo”. E o rei foi
libertado. Quando chegou ao palácio, muito alegre e aliviado, o rei libertou o
seu servo, abraçou-o afetuosamente e lhe disse: “Meu caro, Deus foi realmente
bom para mim. Você tem razão!”
Deus é muito bom para nós, por isso merece ser amado sobre todas as
coisas. O seu amor está demonstrado em cada criatura e em cada acontecimento da
nossa vida.
Maria Santíssima cumpriu com generosidade esses dois mandamentos.
Mãe do Belo Amor, rogai por nós!
Amarás o Senhor teu Deus e ao teu próximo como a ti mesmo.
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