27- Quinta - Evangelho - Mt 24,42-51
Este texto de Mateus é a conclusão do “discurso
escatológico”, sobre o fim dos tempos. Este “discurso” é uma coleção de textos
que se constituíram como tradição das comunidades de discípulos de Jesus. Tais
textos escatológicos estão presentes, também, nos evangelhos de Marcos e Lucas.
No de hoje, encontramos os temas da vigilância e do julgamento final, com a
condenação de alguns em contraposição à salvação de outros. Esta visão
escatológica tem origem no Primeiro Testamento, em que prevalece a figura do
Deus poderoso e punitivo. O estímulo à ação é o temor. Com a revelação do Deus
de amor, em Jesus, predomina a perspectiva da sedução pela ternura e mansidão
do coração. Com a encarnação, realiza-se a presença do Deus de amor no tempo
presente.
Trazemos dentro de nós um desejo e um anseio de eternidade. Por
isso nos confundimos achando que permaneceremos para sempre instalados aqui
neste mundo. Jesus nos exorta para que fiquemos vigilantes quanto ao fato da
brevidade da nossa vida. Na verdade, estamos aqui apenas estagiando e
necessitamos ter consciência do valor do nosso tempo e das descobertas que, a
todo o momento, nós fazemos em relação ao projeto de Deus para bem vivermos a
nossa existência terrena. Por isso, precisamos então todos os dias pesar, medir
e contar os nossos atos, as nossas intenções, pedindo ao Senhor graças para que
sejamos encontrados no nosso posto quando Jesus voltar. Nunca chegará o dia em
que nós poderemos descansar e nos refestelar achando que já cumprimos toda a
nossa missão. A cada dia o Senhor nos mostra algo novo para vivenciarmos e nos
renova a fim de que possamos assumir a obra que Ele nos destinou. O nosso
compromisso com Deus é em relação ao nosso irmão e o amor que vivermos será o
parâmetro da fidelidade da nossa vida. “Por isso, também, fiquemos preparados,”
porque é esta a mensagem do Senhor hoje para nós!
Você costuma se perturbar quando lhe falam da morte? Você tem
desejo de eternidade? Será que seria bom viver somente aqui para esta vida: o
que você acha disso? Você é vigilante? O que você espera do seu futuro? O que
você acha que Deus ainda vai entregar a você, como compromisso?
Lembre-se! Para nós cristãos a vigilância tem um novo sentido. É
estar atento às necessidades dos irmãos, particularmente os mais carentes, na
busca da justiça. No serviço e na partilha da vida, entra-se em comunhão com o
próprio Jesus, hoje presente entre os irmãos. Hoje temos duas parábolas na
forma comparativa, exortando à vigilância. A motivação é a expectativa da volta
do Senhor. Enquanto é aguardada esta volta deve-se vigiar, para não ser pego de
surpresa. Esta expectativa da “volta do Senhor” foi se frustrando com o tempo,
dando lugar à visão mais realista do encontro com Jesus, já presente entre nós,
no nosso próximo e irmão, principalmente nos mais carentes e necessitados.
Vigiar é estar atento à vontade do Pai que quer que todos sejam um, sem
privilegiados e excluídos. Temos aqui um texto típico de Mateus sobre o fim dos
tempos. E por isso, devemos estar sensível, ou seja, atentos às necessidades de
nossos irmãos, sobretudo os mais simples, humildes e excluídos, de modo a
assumirmos o serviço como realização pessoal e partilha da vida para com eles,
a fim de que eles nos venham a receber no reino dos Céus.
Pai, faça de mim um servo fiel e prudente, disposto a pautar toda a
vida pelos ensinamentos de teu Filho Jesus. Que eu jamais seja insensato!
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