24/08/2015
S. Bartolomeu,
Apóstolo
S.
Bartolomeu é um dos Doze escolhidos por Jesus (cf. Mt 1, 11ss.; Lc 6, 12) para
andarem com Ele, serem dotados dos seus poderes e enviados em missão.
Identificado com Natanael, amigo de Filipe (cf. Jo 1, 43-51; 22, 2), era
natural de Caná. Pouco sabemos sobre Bartolomeu e sobre a sua missão. De acordo
com Jo 1, 43ss., era um homem simples e reto, aberto à esperança de Israel.
Diversas tradições colocam-no em diferentes regiões do mundo, o que pode
indicar um raio de ação muito vasto. Segundo uma dessas tradições, foi esfolado
vivo na Pérsia, coroando a sua laboriosa vida missionária com a glória do
martírio.
Lectio
Primeira
leitura: Apocalipse 21, 9b-14
O Anjo falou-me
dizendo: Vou mostrar-te a noiva, a esposa do Cordeiro.» 10E transportou-me, em espírito,
a uma grande e alta montanha e mostrou-me a cidade santa, a nova Jerusalém, que
descia do céu, de junto de Deus. 11Tinha
o resplendor da glória de Deus: brilhava como pedra preciosa, como pedra de
jaspe cristalino; 12tinha
uma grande e alta muralha com doze portas; nas portas havia doze anjos e em
cada uma estava gravado o nome de uma das doze tribos de Israel: 13ao oriente havia três
portas, ao norte três portas, ao sul três portas e ao ocidente três portas. 14A muralha da cidade
tinha doze alicerces, nos quais estavam gravados doze nomes, os nomes dos doze
Apóstolos do Cordeiro.
A Igreja, no
Apocalipse, é a cidade santa, que recolhe as doze tribos de Israel, isto é, o
novo Israel de Deus. Os seus muros apoiam-se sobre doze colunas, que são os doze
apóstolos. No nosso texto, a Igreja é também chamada “noiva”, “a noiva, a
esposa do Cordeiro” (v. 9), para evidenciar o vínculo de amor com que Deus Se
ligou à humanidade, e Cristo se uniu à Igreja. Cada um dos apóstolos participa
e testemunha este amor no seu ministério e, finalmente, no martírio. Por isso,
os Doze são também chamados “Apóstolos do Cordeiro” (v. 14). De fato, não só
exercem o ministério que Jesus hes confiou, mas também, e principalmente,
participam no seu mistério pascal, bebendo com Ele o cálice (cf. Mt 20, 22).
Evangelho:
João 1, 45-51
Naquele tempo, Filipe
encontrou Natanael e disse-lhe: «Encontrámos aquele sobre quem escreveram
Moisés, na Lei, e os Profetas: Jesus, filho de José de Nazaré.» 46Então disse-lhe Natanael:
«De Nazaré pode vir alguma coisa boa?» Filipe respondeu-lhe: «Vem e verás!» 47Jesus viu Natanael, que
vinha ao seu encontro, e disse dele: «Aí vem um verdadeiro israelita, em quem
não há fingimento.» 48Disse-lhe
Natanael: «Donde me conheces?» Respondeu-lhe Jesus: «Antes de Filipe te chamar,
Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira!» 49Respondeu Natanael: «Rabi, Tu és o Filho de Deus! Tu
és o Rei de Israel!» 50Retorquiu-lhe
Jesus: «Tu crês por Eu te ter dito: ‘Vi-te debaixo da figueira’? Hás-de ver
coisas maiores do que estas!» 51E
acrescentou: «Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os anjos
de Deus subindo e descendo por meio do Filho do Homem.»
Jesus dirige a
Natanael um elogio que o deixa surpreendido: “Aí vem um verdadeiro israelita,
em quem não há fingimento.” (v. 47). Com efeito, as palavras de
Jesus incluíam a verificação que nos deixa entrever um pouco mais o
espírito de Natanael: o seu amor pela verdade. O apóstolo era um homem que
procurava a verdade. A sua inteligência abre-se ao mistério que se revela. É o
que também se verificará quando da primeira aparição de Jesus ressuscitado. Da
procura passa à fé. Por isso, este apóstolo é um ícone do verdadeiro crente
que, iluminado pela Palavra, agudiza a sua capacidade visiva interior e que,
pela fé, reconhece em Jesus o Salvador esperado.
Meditatio
Jesus conhece o
coração do homem. Por isso, pode chamar, com autoridade, aqueles que quer mais
perto de si. O Senhor chama para pôr os homens em relação com o céu, para
revelar o seu ser, que está em completa relação com o Pai e connosco, ponto de
convergência do movimento de Deus rumo aos homens e do anseio dos homens por
Deus: Filho do homem e Filho de Deus. Na verdade, quem se aproxima de Jesus vê
o céu aberto e os anjos de Deus subir e descer sobre o Filho do homem.
Os Doze estão com
Jesus porque devem ver o Pai agir e permanecer no Filho do homem, numa união
que se manifestará plenamente na paixão de Jesus, quando for erguido na cruz e
novamente introduzido na glória do Pai. Então se realizará p sonho de Jacob.
Todos somos chamados a
esta profunda revelação. Na Eucaristia revivemos o mistério da morte e da
glorificação de Jesus, sacerdote e vítima da nova aliança entre o Pai e os
homens. E, com Ele, queremos ser também sacerdotes e vítimas fazendo a oblação
de nós mesmos, para glória e alegria de Deus e para salvação da humanidade. O
Senhor revela-se a nós como aos Apóstolos, os doze alicerces, sobre os
quais se apoia a muralha da cidade, “a noiva, a esposa do Cordeiro” (v. 9).
Oratio
Senhor, reacende a
nossa fé na contemplação dos mistérios que nos revelas, na festa do apóstolo
Bartolomeu. Nós te agradecemos por nos teres reunido na Igreja. Nós te
agradecemos por todos aqueles e aquelas que, de coração sincero, continuam a
difundir no mundo inteiro, apoiados pelo teu Espírito Santo, a fé e o amor dos
Apóstolos. Ámen.
Contemplatio
Deus compraz-se
naqueles que caminham diante dele na simplicidade do seu coração (Prov. 11).
Deus detesta os corações duplos e hipócritas. Aqueles que usam a dissimulação e
a astúcia provocam a sua cólera (Job 36). O Espírito Santo retira-se daqueles
que são duplos e dissimulados (Sab 1, 5). Natanael ganhou o coração de Nosso
Senhor pela simplicidade e retidão do seu coração (Jo 1, 47). Deus não
desprezará nunca a simplicidade, diz Job. Não rejeitará aqueles que se aproximam
dele com simplicidade (Job 8,10). O Espírito Santo assegura-nos que os cumulará
com os seus dons e as suas bênçãos (Prov. 28,10). O simples é bem sucedido nos
seus desígnios e Deus abençoa-O. Segue os caminhos de Deus; pode caminhar com
confiança (Prov. 10,9 e 29). Deus frustrará os que são dúplices e dará as suas
graças aos humildes (Prov. 3,34). Os simples são acarinhados, estimados por
Jesus, como aquelas crianças do Evangelho que Jesus atraía apesar dos seus
apóstolos. «É imitando esta inocência e esta candura de crianças, dizia Jesus,
que vos haveis de tornar agradáveis ao meu coração» (Mt 18). Como é que havemos
de hesitar em amar e em praticar a simplicidade? (Leão Dehon, OSP 3, p.
48s.).
Actio
Repete muitas vezes e
vive hoje a palavra:
“Rabi, Tu és o Filho
de Deus! Tu és o Rei de Israel!” (Jo 1, 49).
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S. Bartolomeu,
Apóstolo (24 Agosto)
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