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domingo, 16 de agosto de 2015

Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?-Dehonianos



21/08/2015
Tempo Comum - Anos Ímpares - XX Semana - Sexta-feira
Lectio
Primeira leitura: Rute 1, 1-2a.3-6.14b-16.22
1No tempo em que os Juízes governavam, uma fome assolou o país. Certo homem de Belém de Judá emigrou para os campos de Moab com sua mulher e seus dois filhos. 2Esse homem chamava-se Elimélec; sua mulher, Noemi; e os dois filhos, Maalon e Quilion. 3Entretanto, Elimélec, esposo de Noemi, morreu, deixando-a com os seus dois filhos. 4Eles tomaram para si mulheres moabitas, uma chamada Orpa e outra Rute. Viveram ali cerca de dez anos. 5Morrendo Maalon e Quilion, Noemi ficou só, sem os seus dois filhos e sem o marido. 6Então levantou-se, na companhia das duas noras, para regressar dos campos de Moab, pois ouvira dizer que o Senhor tinha visitado o seu povo e lhes tinha dado pão. 14Entretanto, Orpa beijou a sua sogra e retirou-se, mas Rute permaneceu na sua companhia. 15Noemi disse-lhe: «Vês, a tua cunhada voltou para o seu povo e para os seus deuses. Vai tu também com a tua cunhada.» 16Mas Rute respondeu: «Não insistas para que te deixe, pois onde tu fores, eu irei contigo e onde pernoitares, aí ficarei; o teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus. 22Foi assim que Noemi voltou, e com ela a sua nora, Rute, que era originária dos campos de Moab. E chegaram a Belém, no início da colheita da cevada.
O livro de Rute é, não só um cântico à providência divina, mas também uma resposta a possíveis dúvidas e escrúpulos sobre a origem de David. É certo que na sua ascendência há uma mulher moabita, mas o livro insinua que esse facto foi querido e disposto por Deus.
A narrativa leva delicadamente o leitor a seguir os passos interiores de Rute, as opções que a levam a partilhar a fé de Noemi e do seu povo. Rute dará uma descendência à família de Elimélec. Esta “estrangeira” será antepassada de David, porque o seu filho, Obed será pai de Jessé, pai de David. Mateus insere Rute na geneologia que leva a José: «o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus chamado Cristo» (Mt 1, 5.16). Tudo nasce do respeito e do amor de duas criaturas, Rute e Noemi, quase sinal do resto de Israel fiel ao seu Senhor, e da decisão de Rute de abandonar o seu povo para ir para onde o Senhor a conduz: «o teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus» (v. 16).
Rute causa-nos admiração pela sua dignidade como pessoa, mas também pelo seu amor para com Noemi. É também sinal do amor universal de Deus, que todos envolve na realização do seu projecto de salvação.

Evangelho: Mateus, 22, 34-40
Naquele tempo, os fariseus, ouvindo dizer que Jesus reduzira os saduceus ao silêncio, reuniram-se em grupo. 35E um deles, que era legista, perguntou-lhe para o embaraçar: 36«Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?» 37Jesus disse-lhe:Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente. 38Este é o maior e o primeiro mandamento. 39O segundo é semelhante: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. 40Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.»
Depois da questão sobre o tributo a César (22, 15-22), da questão sobre a ressurreição dos mortos (22, 23-33), postas pelos saduceus, ricos e poderosos, entram em cena os fariseus, doutos e observantes. Estes perguntam qual é o maior mandamento da Lei. Perdidos na floresta das leis, aparentemente, queriam saber qual o princípio supremo que tudo justifica e unifica. Mas eram movidos por uma intenção que não era recta: interrogaram Jesus «para o embaraçar» (v. 35). Tinham resumido as muitas leis da Tora em 613 preceitos, 365 proibições e 248 mandamentos positivos. Mas, ainda assim, fazia sentido procurar saber «qual é o maior mandamento da Lei» (v. 36). Na sua resposta, Jesus não se coloca na lógica da hierarquia dos mandamentos. Prefere ir à essência da Lei, orientando para o princípio que a inspira e para a disposição interior com que deve ser observada: o amor, na sua dupla vertente, isto é, para com Deus e para com o próximo (vv. 37ss.). Jesus refere-se a Dt 6, 5, onde são sublinhadas a totalidade, a intensidade e a autenticidade do amor a Deus: «com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente» (v. 37). Ao lado do amor a Deus, e ao mesmo nível, Jesus coloca o amor ao próximo. Não se podem separar as duas dimensões do mandamento que sintetiza «toda a Lei e os Profetas» (v. 40).

Meditatio
A vida de Rute foi construída nos eventos normais do quotidiano: constituiu uma família, sofreu a perda de pessoas queridas, e tornou-se emigrante em terra estrangeira, como acontecera com Noemi. Deus está presente na sua história, e actua nela como na do povo de Israel e na dos outros povos. Noemi, pelo seu testemunho, torna-se para Rute mediação de um apelo de Deus, para que deixasse as suas tradições, a sua cultura, o seu povo, os seus deuses, para viver uma nova vida, ainda desconhecida, mas que faz parte dos desígnios insondáveis de Deus. Na sua caminhada, Rute irá conhecer novas alegrias e novos sofrimentos, a incompreensão, os conflitos, as incertezas e o sofrimento íntimo de um povo que se tornou seu. Rute acredita, responde e parte, isto é, segue o Deus da aliança a que agora pertence por dom. O Senhor escolheu-a como escolheu outras mulheres de Israel, e de outros povos, para preparar a geração de que havia de nascer o Messias. Rute terá um filho, que será testemunha de que Deus provê o seu povo, porque o ama.
A história de Rute preparou a lição do evangelho, porque demonstra como uma estrangeira, que não fazia parte do povo de Deus, e até pertencia a povo desprezado pelos Israelitas, os Moabitas, movida pelo afecto fiel e generoso pela sogra viúva e desolada, se encontrou, por isso mesmo, em relação privilegiada com Deus, tornando-se antepassada de David e, portanto, de Cristo. O amor do próximo e o amor de Deus encontraram-se estreitamente ligados. A fidelidade generosa de Rute aos afectos humanos pô-la em profunda relação com a fidelidade de Deus. O amor do próximo e o amor de Deus estão indissoluvelmente unidos.

Oratio
Senhor Jesus, contemplando o teu mistério hoje manifestado na vida e na experiência de Rute, brota do meu coração o Pai nosso, a oração que revela a beleza que salvará o mundo, o rosto do Pai, e a beleza da humanidade, onde descubro o teu próprio rosto, e os de tantos irmãos, filhos do mesmo Pai. Dá a graça de viver tudo isto na oração. Que saiba amar-te sobre todas as coisas, e amar os irmãos como a mim mesmo, como a Ti mesmo, porque Tu me amas. Que, na minha carne de filho, viva a tua paixão pelos homens, que, pelo teu sangue, se tornaram meus irmãos. Amen.

Contemplatio
A Igreja faz-nos ler hoje na Missa a genealogia de Nosso Senhor em S. Lucas: todas as gerações desde Adão. O Evangelho cita só as mulheres que representam a humanidade culpável: Tamar incestuosa, Rahab a cananeia, Rute a moabita; Betsabé, a esposa infiel. Mas termina com Maria, cuja incomparável dignidade tem a sua fonte na sua Maternidade divina. Como Mãe do Salvador, Maria devia ser imaculada. Podemos pensar como Nosso Senhor foi feliz com este privilégio de Sua Mãe e como o agradeceu ao Seu Pai celeste. A carne de Maria devia ser a sua carne; o seu sangue devia ser tomado do sangue de Maria. A carne e o sangue que ela dava a Jesus deviam ser os instrumentos da redenção. Podiam ter sido maculados um só instante? Podiam ter pertencido ao demónio? Não, havia uma suprema conveniência a que fossem sempre puros. Deus Pai tinha-o prometido desde o começo: «Estabelecerei uma inimizade entre ti e uma mulher, entre a tua raça e a sua; ela esmagará a tua cabeça» (Gen 3, 15). Deste modo, Deus prometia a nova Eva sobre a qual o demónio não teria qualquer poder. Ao preservar a sua Mãe de toda a mácula, Nosso Senhor preparava o tabernáculo no qual queria descer: «O Altíssimo santificou o seu tabernáculo» (Sl 45). Nosso Senhor devia assim reencontrar, por assim dizer, o céu sobre a terra. A Sua Mãe devia ser para Ele um jardim cerrado, uma fonte selada, um lírio sem espinhos (Ct 4,12). (Pe. Dehon, OSP 4, p. 182).

Actio

Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
«Toda a Lei se cumpre na plenitude do amor» (cf. Gl 5, 14).

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