26- Quarta - Evangelho - Mt 23,27-32
Bom dia!
Sexta ou Sábado quando assistia a programação da TV Aparecida vi
padre Zezinho fazer uma colocação muito pertinente a todos nós. Perguntava ele:
O quanto usamos da bíblia? Fazia ele este comentário baseado no fato que muitas
vezes “sorteamos” versículos para enfatizar uma afirmação ou uma convicção, mas
diversas vezes não observamos o contexto ou a exegênese daquele texto bíblico.
Um exemplo para firmar essa idéia é a mensagem exortativa que nas
ultimas duas semanas os evangelhos têm apresentado. Muitas vezes não
conseguimos assimilar ou aceitar que eles, por mais duros que sejam, são para
nós. Às vezes, ao invés de lê-los e refleti-los, preferimos a fuga ao
confronto. Preferimos imaginar alguém (que não seja eu) que pudesse se
“encaixar” esse trecho (um irmão, um parente, uma amigo,…) ou buscar em outro
texto que “ai sim” seja pra mim.
Já presenciei pessoas que vem para reuniões armados de versículos
bíblicos para se defender de possíveis ataques (risos). Tive uma chefe que ao
sentir acuada, sacava o versículo “olho por olho dente por dente”. Esse gesto é
repetido por muitas pessoas. O fato mais interessante é que Jesus citou esse
versículo o substituindo por “ofereça a outra face”, mas na hora do aperto, só
lembramos-nos do que nos convém.
“(…) Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês
são como túmulos pintados de branco, que por fora parecem bonitos, mas por
dentro estão cheios de ossos de mortos e de podridão. Por fora vocês parecem
boas pessoas, mas por dentro estão cheios de mentiras e pecados”.
-É perigoso sortear versículos – dizia padre Zezinho! Imaginem esse
texto acima “usado” numa reunião de lideranças? Pois é! Eu já vi acontecer!
Quanto aos “copiar e colar” para incrementar e justificar a direção
de um texto, um argumento, uma direção, (…) Padre Zezinho não se vê contrario,
mas que precisamos enaltecer o cuidado com a exegênese.
Reparemos esse trecho do novo livro do Padre Fábio e do Gabriel
Chalita: “(…) Escuto absurdos sobre Deus, quando pessoas movidas por boas
intenções resolvem explicar as fatalidades do mundo. Frases simplórias e
descomprometidas com a verdade não resolvem; ao contrário, agravam ainda mais o
sofrimento, porque geram orfandade, descrença e abandono. Justificam as
tragédias humanas como “vontade divina”, retirando assim a responsabilidade
humana dos acontecimentos, fruto das escolhas que fazemos. Respondem a tudo e a
todos como se o desvelamento do mistério pudesse resolver as questões”. (Padre
Fábio de Melo e Gabriel Chalita – Cartas entre amigos)
Temos às vezes intenções boas, mas precisamos aprofundar mais no
grandioso mistério que é ver sob a ótica de Deus. Precisamos ler mais, refletir
mais, partilhar mais antes de falarmos para as pessoas. Quando digo ler mais
não estou falando de apostilas, livretos de auto-ajuda, (…) refiro-me a textos
mais densos como as encíclicas, documentos da igreja, filosofia, teologia, (…).
Nossa! Esses dias vi um colega pregador dizer: ”coloquemo-nos aos pés de Maria
em adoração para que ela interceda por nós” . Conseguimos encontrar o problema
na expressão usada por ele? Sou devoto de Maria, mas reparem que ADORAR somente
a Deus!
Além do “investimento” em estudo, devemos investir no material
humano, ou seja, em nós e nos irmãos. Que adianta conhecer ao pé-da-letra as
escrituras se não procuro vive-las, seriamos hipócritas. A começar em mim!
“(…) Enquanto eu não chegar, aplica-te à leitura, à exortação, ao
ensino. Não negligencies o carisma que está em ti e que te foi dado por
profecia, quando a assembléia dos anciãos te impôs as mãos. Põe nisto toda a
diligência e empenho, de tal modo que se torne manifesto a todos o teu
aproveitamento. Olha por ti e pela instrução dos outros. E persevera nestas
coisas. Se isto fizeres, salvar-te-ás a ti mesmo e aos que te ouvirem”. (I
Timóteo 4, 13-16)
Um imenso abraço fraterno.
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