Dia
01 de novembro de 2014
Evangelho
de Mt 5, 1-12
As Bem-aventuranças (Mt
5,1-12) se encontram dentro do Sermão da Montanha (Mt 5 a 7).
O Sermão da Montanha é um resumo do ensinamento de Jesus a respeito
do Reino e da transformação que esse Reino produz. Elas anunciam a vinda do
Reino através da palavra e ação de Jesus. Elas tornam presente no mundo a
justiça do próprio Deus. Justiça para aqueles que são inúteis ou incômodos para
uma estrutura de sociedade baseada na riqueza que explora e no poder que
oprime.
Jesus vivia de
acordo com o que Ele anunciava. A Sua mensagem de esperança, de justiça, de
igualdade, e, principalmente de amor foi atraindo multidões. A mensagem de Jesus
não tinha fronteiras, Ele falava às pessoas vindas de todas as regiões, porque
Sua Boa-Notícia é para todos os povos.
Jesus anuncia o
Reino e vem provar, por palavras e ações, que o Reino de Deus tinha chegado e
estava se realizando na Sua Pessoa.
Neste texto vemos
como Jesus mexe profundamente com a maneira de ver, de agir e de viver de todos
nós. Aquilo que Deus ama é o que os homens desprezam. O que constrói
o Reino é o que os homens colocam de lado.
Jesus ensina que
onde estão os verdadeiros valores, está a verdadeira felicidade. Esses valores
que Jesus mostra, não são os mesmos valores da sociedade. Por isso, Jesus é um
sinal de contradição. Ele diz e vive os valores que a sociedade despreza. A
sociedade está cada vez mais preocupada com lucros e não pensa, nem procura
ajudar aqueles que nada têm.
Jesus condena os egoístas,
os exploradores, os fingidos e os violentos.
Jesus elogia e diz que são bem-aventurados, isto quer dizer, que
são felizes: os pobres, aqueles que agora têm fome, aqueles que agora choram,
aqueles que sofrem por causa das coisas de Deus..., mas, essas pessoas
pertencem ao Reino de Deus.
Com essas palavras
Jesus quer mostrar que a felicidade não está na riqueza, nos lucros e em
outros bens que são passageiros, que não fazem as pessoas felizes, fraternas e
justas.
Jesus fala, no
Sermão da Montanha, das alegrias que teremos no céu. Ele nos fala dos valores
do Reino que garantem nossa felicidade eterna.
Quando Jesus veio ao
mundo, Ele encontrou: o Templo e a Lei.
Os fariseus faziam a cabeça do povo. A Aliança era vivida assim: presença no
Templo, observância da lei, oração, jejum, esmola, pureza nos ritos (pureza
externa, física; doentes e defeituosos não podiam frequentá-los).
Certo dia, vendo a
multidão, Jesus sobe a montanha, que simbolicamente é o lugar de Deus. Ele
recorda o Monte Sinai, onde Deus deu à Moisés os 10 mandamentos e onde foi
selada a Aliança com o povo
hebreu que saiu da escravidão egípcia. Subindo ao monte, Jesus nos
parece um novo Moisés, promulgador da nova lei, no novo Sinai. É a nova constituição do povo de Deus. Jesus deixa bem claro que não veio modificar
a lei, mas sim aperfeiçoá-la.
O Sermão da Montanha
é um sermão revolucionário. Jesus “vira a mesa”. É uma inversão dos valores
tradicionais. Os hebreus cultivavam a convicção de que prosperidade material, o
sucesso eram sinais de bênçãos de Deus; a pobreza, a doença, a esterilidade
eram sinais de maldição.
Jesus constata a
realidade do povo que o segue: pobres, aflitos, mansos, famintos, Ele percebe
os esforços que fazem para mudar a situação, conhece as dificuldades e as
perseguições que enfrentam para criar a nova sociedade, e os proclama felizes,
depositários do Projeto de Deus.
As Bem-aventuranças são propostas de felicidade, e Jesus chama de
bem-aventurados os pobres e humildes. Agora os bem-aventurados não são mais os
ricos deste mundo, os saciados, os favorecidos, mas os que têm fome e choram,
os pobres e perseguidos.
O que nos diz as Bem-aventuranças hoje?
Vivemos numa
sociedade onde as palavras: honestidade, moral, verdade, respeito, justiça e
amor, perderam o seu sentido original. O Ter
tem mais valor que o Ser.
Tudo isso nos traz
uma angústia, porque estamos lutando contra a maré. À vista disso somos
tentados a desanimar e, às vezes, até deixar tudo. Mas, vale a pena continuar?
A sociedade é um grande desafio para nós.
Qual a atitude de Jesus diante disso? O que Jesus valoriza? As
palavras que Ele proferiu no Sermão da Montanha há mais de 2.000 anos atrás vêm
de encontro a essa angústia e são válidas hoje e sempre, porque são palavras de
vida eterna. Devemos retomar as Bem-aventuranças para não deixar morrer em nós
o desejo de evangelizar e transformar a sociedade...
Felizes...
1- os pobres em espírito – porque deles é o Reino dos Céus.
2- os que choram – porque serão consolados.
3- os mansos – porque possuirão a terra.
4- Os que têm fome e sede de justiça – porque serão saciados..
5- Os misericordiosos – porque alcançarão misericórdia.
6- Os puros de coração – porque verão a Deus.
7- Os pacíficos – porque serão chamados filhos de Deus.
8- Os que sofrem perseguição por amor à justiça – porque deles é o
Reino dos Céus.
Os pobres em espírito: Também chamados de coração pobre. São pessoas que reconhecem o
seu nada e aprendem que tudo o que têm, vem direta ou indiretamente de Deus.
São abertas para Deus, acolhem, não julgam, perdoam, partilham seus bens, o
serviço, a vida, são solidários. Ser pobre em espírito é despojar-se das
atitudes próprias de coração rico como a arrogância, a ambição, a autossuficiência,
o domínio, a discriminação, o orgulho.
Os que choram: São pessoas que têm capacidade de se arrepender e aquelas que são
solidárias com o sofrimento do outro, isto é, sempre faz algo pelo outro.
Os mansos: (virtude apostólica) São pessoas compreensivas, ponderadas,
prudentes, pacientes e gentis com o próximo. “Aprendei de mim que sou manso e
humilde de coração”(Mt 11,29). Possuir a terra é possuir o coração do irmão
para levá-lo até Cristo.
Os que têm fome e sede de
justiça: São pessoas que desejam realmente fazer a
vontade de Deus, construindo uma sociedade justa, sem corrupção. São os que
mais se identificam com Jesus, que proclamou, até à morte, a justiça do Reino e
não se acomodam e nem concordam com a injustiça das pessoas, e da sociedade,
das estruturas. “Meu alimento é fazer a vontade de meu Pai” (Jo 4,34)
Os misericordiosos: São pessoas que têm a coragem de perdoar e pedir perdão. Vivem o
amor. São solidários, sabem partilhar, repartir, viver em comum união com o
próximo e não quer tudo para si, não são egoístas.
Os puros de coração: São pessoas bondosas, leais, de coração honesto e sincero. Que
têm uma conduta reta e única, que é transparente, coerente, que tem moral,
sinceridade, firmeza, ausência de hipocrisia. Vive em perfeita harmonia com o
Reino. Têm mãos inocentes, sem crimes, sem mal. “Se o seu olho é puro, tudo em
você é luz.”(Mt. 6,22).
Os pacíficos: São pessoas que promovem a paz, se esforçam para viver a paz.
Viver em paz não é cruzar os braços, mas é lutar. É transformar. A paz exige
luta e perseverança. Querem construir um mundo onde haja paz para todos.
Constroem o Reino de Paz entre as pessoas que vivem numa sociedade violenta e
destruidora dos valores e da natureza. São os pacificadores ativos que Jesus
quer no mundo.
Os que sofrem perseguições: São pessoas que se desinstalam, saem de si, para lutar por um
mundo melhor, um mundo novo. Querem implantar a justiça do Reino e por isso são
perseguidos, caluniados e muitos são martirizados.
As Bem-aventuranças
são o ponto alto e o coração do Evangelho. Resumem todo o programa do Reino.
Elas são o ideal cristão que todos devem buscar. Viver as Bem-aventuranças é
seguir o que Jesus ensinou e nos mandou viver.
Elas são a Boa-Nova (Mt 5,3-12) que os
cristãos devem difundir pelas suas boas ações (Mt 5,13-16). Vós sois o sal da
terra.... Elas são também o anúncio da felicidade e condição para possuir o
Reino dos Céus.
Abraços em Cristo!
Lourdes
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