Domingo - 26 de Outubro - Evangelho - Mt 22,34-40
Em Jerusalém, as lideranças religiosas representadas pelos
fariseus, saduceus, anciãos do povo e doutores da Lei, entram em conflito com
Jesus. Eles não queriam mudanças, estavam agarrados as suas verdades e
tradições, temiam perder seus privilégios e
achavam que Jesus, com suas novas ideias, colocava em perigo a religião.
Queriam que tudo ficasse como estava, pois era vantajoso para eles, viviam bem,
dinheiro não faltava, tinham status, tudo estava muito bom, queriam conservar a
vida como estava. Por isso, sempre procuravam um jeito de envolver Jesus em
alguma “cilada” para poderem condená-lo à morte.
Os fariseus eram observantes
rigorosos de todos os detalhes da Lei. O desejo maior de um fariseu era o de
ser chamado “irrepreensível”. A própria palavra “fariseu” mostra como eles se
imaginavam: amigos de Deus, “separados” do povo pecador e ignorante que,
desconhecendo a Lei e suas exigências, só podia ser considerado maldito tanto
por Deus quanto por eles.
Os fariseus teriam que seguir
com rigor a Lei, pois a amizade com Deus dependia disto 613 mandamentos: 365
proibições (não se deve fazer) e 248 prescrições (é preciso fazer). As mulheres
tinham que observar somente as proibições. Portanto, só os fariseus, “os
separados”, poderiam ter acesso a Deus porque só eles cumpriam todos os
mandamentos, prescrições e proibições. O povo não era alfabetizado, não
conhecia a lei, era considerado impuro e maldito.
E Jesus? Vivia no meio do
povo e não participava da vida das elites. As elites se sentiam incomodadas por
Jesus e por isso tentavam minar a autoridade Dele, que ensinava e promovia o
povo. Organizados em grupo querem fazê-lo cair numa armadilha.
Os fariseus esperavam uma
resposta definitiva do Mestre da Justiça a respeito do maior mandamento da Lei.
Que Jesus dissesse que todos os mandamentos eram iguais em importância. Jesus
responde, citando uma passagem do Deuteronômio: “Amarás ao Senhor teu Deus de
todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento”. Como
amava e defendia o povo pobre e sofrido, acrescenta outro mandamento: “Amarás
ao teu próximo como a ti mesmo”. E conclui afirmando que “toda Lei e os
profetas dependem desses dois mandamentos”. Esses dois mandamentos são a
expressão maior da vontade de Deus. São o resumo de toda a Bíblia.
Não existe, pois, como
desejavam os fariseus, um amor a Deus e outro ao próximo, pois amar as pessoas
como a si mesmo é amá-las “de todo o coração, de toda a alma, e de todo o
entendimento”. E isso os fariseus não admitiam, porque consideravam o povo
maldito, impuro e merecedor de desprezo. Mas, para Jesus, amar a Deus é amar o
povo.
Jesus e o Pai nos amam de
modo extraordinário. E amar o próximo “como a si mesmo” é amar com o mesmo modo
extraordinário como fomos e somos amados por Deus. Jesus põe no mesmo plano o
amor a Deus e ao próximo. Quando trato bem e amo o meu irmão, Deus se alegra
porque todos são seus filhos. Qual pai não fica contente quando alguém agrada
seus filhos?
Os fariseus imaginavam que
seria possível ser fiel a Deus sem ser fiel ao povo, que eles desprezavam. Mas
Jesus ensina que é necessário amar a Deus e ao próximo com a mesma intensidade.
O maior mandamento é o Amor a
Deus e ao próximo. Jesus une a observância do amor a Deus à vivência do amor ao
próximo. Somos amados por Deus e a nossa resposta de amor deve ser uma atitude
prática e generosa do bem para com os outros. Só podemos amar a Deus amando o
próximo, porque nós, seres humanos, não podemos alcançar a Deus diretamente, só
através de seus filhos. Todo bem ou todo mal que fazemos ao irmão, é a Deus que
fazemos.
O catecismo dos cristãos não
é difícil, pode ser aprendido por inteiro numa só lição. Quem cumpriu o
mandamento do amor já cumpriu toda a Lei. O Amor é o resumo da Lei. Tudo quanto
Deus faz é por amor. O amor é a característica do agir de Deus. Assim deve ser
o nosso agir. Se nossos gestos não forem por amor, mesmo os gestos grandiosos
de fidelidade a Deus não terão o devido valor, por falta de amor.
Jesus teve sua vida pautada
no amor. Só assim é possível compreender o testemunho de vida de Jesus, nosso
amado salvador, a quem devemos seguir suas pegadas para chegarmos ao Pai na
eternidade.
Oração: Pai, que toda minha
vida, nos passos de teu filho, seja pautada pelo amor, pois, só assim, terei a
certeza de estar no caminho que me leva a ti. Amém!
Lourdes
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