Padre
Antonio Queiroz
Este Evangelho começa
com o pedido de um homem a Jesus para que dissesse ao seu irmão que repartisse
com ele a herança. Jesus não atende o pedido e explica que essa não é função
dele. Em seguida, conta a parábola do homem rico que teve uma grande colheita.
“Tomai cuidado contra
todo tipo de ganância.” Ganância é sinônimo de ambição. É o desejo exagerado de
possuir bens materiais. Ela cega a pessoa; quanto mais tem, mais quer. A sede
de possuir bens é insaciável. A ganância endurece o coração, tornando a pessoa
insensível diante do sofrimento alheio. Ela tira o sentimento de compaixão. Ela
divide a família. Veja o homem que pediu a Jesus que mandasse seu irmão dividir
com ele a herança. Sinal que os dois não chegaram a um acordo.
“A vida de um homem
não consiste na abundância de bens.” A riqueza traz uma felicidade ilusória. A
felicidade não depende do acúmulo de bens materiais, mas depende, em primeiro
lugar, de Deus. É ele que nos dá a paz, a saúde do corpo, da alma e do
espírito. É Deus que nos dá o amor fraterno que une a família, os amigos, os
namorados e casais... A nossa felicidade depende, portanto, da graça de Deus.
O pior problema do
ganancioso é que, do domínio dos bens materiais, ela leva ao domínio das
pessoas quebrando a fraternidade. E vai aos poucos colocando tudo a seu
serviço, inclusive Deus. O ganancioso ou gananciosa quer colocar Deus como seu
empregado.
Já o pobre é
diferente; ele não se basta a si mesmo e está acostumado a depender dos outros
em muitas coisas. Por isso não tem nada a exigir. O pobre não domina as
pessoas.
Na parábola do rico
que teve a grande colheita, Jesus o chama de louco, e explica: “Ainda nesta
noite pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?” De
fato, o ganancioso é louco. E quantos caem nessa loucura! Por causa dos bens
materiais, ele perde os amigos, sacrifica a saúde, a família e principalmente a
vida eterna. Sendo que não precisava nada disso, porque Deus cuida dos seus
filhos e filhas mais que das flores do campo e das aves do céu, às quais não
falta nada.
Quanta injustiça se
comete, quanta dor, quanta lágrima, quanto sangue é derramado por causa da
ganância!
S. Jerônimo dizia:
“Todo rico é injusto ou herdeiro de um injusto. Porque ninguém ajuntaria
fortuna, se outros não tivessem sido espoliados”.
E Sto. Ambrósio dizia:
“Ao ajudares os pobres, não dás do que é teu, mas do que é deles”. De fato,
Deus criou o mundo, com todos os bens que nele existem, para todos os seus
filhos e filhas. Quando um tem de sobra, o que lhe está sobrando pertence a
quem não tem o necessário para viver.
E Jesus termina o
Evangelho de hoje pedindo para sermos ricos diante de Deus, isto é, sermos
ricos dos valores que Deus aprecia: o amor, a sabedoria, a justiça, a verdade,
a fé...
Ser rico diante de
Deus é fazer como aquele homem da parábola do tesouro. Ele vendeu tudo o que
possuía para adquirir o tesouro. Depois que adquiriu o tesouro, ele recuperou
tudo o que antes possuía, e muito mais. Na verdade, os filhos de Deus são
herdeiros do mundo, pois o mundo é de Deus. Tornar-se rico diante de Deus é o
melhor investimento que uma pessoa pode fazer.
Certa vez, um jovem
casal estava hospedado em um hotel numa cidade turística, fazendo sua lua de
mel. Numa noite, eles resolveram jantar em um restaurante. Era simples mas parecia
muito acolhedor. Gostaram da comida e do ambiente.
Quando terminaram a
refeição, dirigiram-se ao caixa para o pagamento. A senhora responsável, de
alguma forma percebeu que eram recém casados e perguntou-lhes se aceitariam um
presente. Eles responderam que sim e ela abaixou no balcão, pegou uma pequena
casa de porcelana. Ao lhes entregar o presente, ela disse: “Façam de sua casa
um lar sempre aquecido pelo amor”.
Quantos casais brigam
por questões financeiras! O amor está acima de todos os bens materiais. Mesmo
que seja para morar debaixo de uma ponte, o casal não deve desunir-se por causa
de dinheiro.
A maior riqueza de
Maria Santíssima era o seu Filho Jesus. Que o amor a ele seja para nós também a
maior riqueza.
E para quem ficará o
que acumulaste?
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