30 de Novembro - DOMINGO - Evangelho - Mc 13,33-37
Entramos
em novo tempo litúrgico, o tempo do Advento e as palavras VIGIAI e ORAI
constituem uma constante da Igreja ontem e hoje. Eis alguns exemplos: Marcos,
no Getsêmani, põe nos lábios de Jesus a repreensão dirigida a Pedro: Simão
estás dormindo? Não foste capaz de vigiar por uma hora? Vigiai e orai para que
não entreis em tentação: pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca
(Mc 14,17). A mesma recomendação a encontramos em Mateus 26, 41.A vigília sem a
oração é inútil ou prejudicial. Os banquetes da época celebravam-se durante as
horas noturnas. Tanto romanos como judeus vigiavam, porém, de forma diversa à
dos cristãos. Eram célebres os banquetes entre fariseus ao entardecer da sexta
feira, ou seja, ao iniciar-se o sábado ( Lc 14, 13 ).
Assim entendemos a explicação de Lucas, em que
Jesus admoesta os discípulos para ficarem de sobreaviso, para que seus corações
não fiquem atordoados pela embriaguez, pelas orgias e pelos cuidados da vida,
de modo a cair sobre vocês esse dia, repentinamente, como uma cilada (Lc
21,34). Daí também a oração que se pede que acompanhe a vigília.
Em 1 Tes
5,4-9: Vós, porém, meus irmãos, não andeis nas trevas, de modo que esse dia vos
surpreenda como um ladrão , pois que todos vós sois filhos da luz, filhos do
dia. Não somos da noite, nem das trevas. Portanto não durmamos, a exemplo dos
outros; mas vigiemos e sejamos sóbrios. Quem dorme, dorme de noite. Nós, pelo
contrário, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestidos da couraça da fé e da
caridade, e do capacete da esperança da salvação. Sem dúvida que os que vigiam
ou estão despertos são os que não dormem à noite. A sobriedade é porque os
banquetes celebravam-se à noite e geralmente demoravam durante todo o período
numa espécie de orgia de vinho e luxúria. Com o raciocínio anterior, as
metáforas usadas por Paulo permitem entender melhor o texto de Marcos e o de
Lucas, que sem dúvida contêm certas explicações explícitas (Lc 21,34-36) e que
temos explicado anteriormente. Por isso, Lucas exorta a ficar acordado, orando
em todo momento, para ter a força de escapar de tudo o que deve acontecer e de
ficar em pé diante do Filho do Homem. Esta oração-vigília, é recomendada por
Paulo em Ef 4,2: Perseverai na oração, vigilantes, com ação de
graças. A impressão que temos hoje após a história iluminar as palavras de
Jesus é de que os primeiros cristãos foram dominados pelo estilo apocalíptico,
de medo e apreensão, o que acontece também agora em grande número de cristãos e
é aproveitado, sobretudo por determinadas seitas. Os apóstolos tiveram, porém,
que acalmar os ânimos de modo a devolver paz e confiança, deixando uma porta
aberta a um saudável temor.
Que mensagem encontramos neste evangelho para
os dias de hoje? Tendo como fundo a segunda vinda em majestade ou poder de
Jesus, vista do ângulo do castigo divino a Jerusalém, podemos refletir em três
idéias chaves no Evangelho de hoje. A primeira é de que na ausência do Mestre,
todos e cada um dos seus discípulos em particular receberam um poder para
realizar o seu trabalho na propagação do Reino. Uma segunda recomendação é a
vigilância. Significa estarmos atentos para que o dia da volta do Senhor não
encontre seus servos despreparados, dormindo, como poderia ser o caso do
porteiro que não sabia a hora da volta de seu amo. A vigilância era necessária
porque a vinda era um castigo como foi o dilúvio nos tempos de Noé (Gn 7) ou o
incêndio das cidades pecadoras de Sodoma e Gomorra (Gn19).
Quando as forças humanas tanto intelectuais
como biológicas pareciam insuficientes, temos a força divina que sempre nos
acompanha, mas que é necessário pedir. Deus não age primária e solitariamente.
Ele espera ser rogado, porque assim nós encontramos em nossa impotência a
poderosa presença de Deus. A oração confirma nossa insignificância e afirma
nossa fé.
Nos tempos
atuais a proximidade de um juízo e castigo divinos parecem estar fora do marco
da História. Mas não é verdade. As muitas guerras, as violências de todo
gênero, as calamidades dos fenômenos da natureza exigem que pessoalmente
estejamos preparados por meio da vigilância que o apóstolo pedia (1 Ts 5) e a oração
que sempre é companheira e guia de nossas vidas. A nossa morte é sempre incerta
e será o início de nosso julgamento final. Portanto, vigiai e orai que o Senhor
em breve chegará.
Senhor Jesus, que eu esteja vigilante à tua
espera, para ser encontrado perseverante no amor e cheio de esperança de ser
acolhido por ti.
-Canção Nova
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