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de Novembro-Sexta - Evangelho - Lc 16,1-8
Bom dia!
Certo dia sai com a intenção de comprar um par de
tênis. Andei em várias lojas procurando um que se adequasse a duas condições
importantes: BOM e BARATO. E como bem sabemos, isso não existe ( por favor nem
me falem dos falsificados).
Entrei por fim numa loja e indo a um vendedor
solicitei um par que gostei, no entanto não era aquele que o vendedor queria
que eu comprasse… Sim! Quando entramos numa loja o vendedor já escolheu o que
vamos comprar, portanto, tínhamos um problema: Eu não queria pagar o dobro do
preço por um que eu não gostei!!
A conseqüência disso foi que saí da loja sem
comprar o que eu queria, pois tomei birra da insistência. Seguindo, numa outra
loja encontrei dois pares tênis que me agradaram e foi lá que eu decidi
comprar. O duro foi entender o porquê não querer comprar na outra loja o tênis
que custava o dobro, mas acabei comprando dois pares que somados seus valores
eram um pouco maiores que o preço que o primeiro vendedor queria “me empurrar”.
Aonde essa conversa tem haver com evangelho de
hoje? Espere um pouco!
Talvez o vendedor da segunda loja tenha entendido o
que eu procurava, ou seja, os dois “Bs” e conseguindo me agradar, ou seria
melhor dizer encantar, acabou tirando ainda mais do que eu vim procurar, fato
este que passou por despercebido no olhar do primeiro vendedor que só estava
interessado na sua comissão.
Quando as pessoas vêm a igreja, a um grupo ou
pastoral estão a procura de algo que não necessariamente é o melhor para elas e
sim o que DESEJAM encontrar e que talvez não esteja a nosso alcance dar ou
conceder, mas as palavras certas podem levá-las a ganhar muito mais do que
tinham em mente.
Comportamo-nos com administradores infiéis quando
vendemos o que elas procuravam mesmo sabendo que tinha algo ainda melhor a
esperando. Um exemplo está nos insistentes encontros que prometem milagres,
curas, prodígios aos que participarem; somos administradores infiéis quando
empurramos “goela abaixo”, ou melhor, sem seu consentimento, algo que ainda não
estão preparados para “pagar”. Refiro-me, por exemplo, a exigências de mudanças
drásticas de comportamento e conduta (fala, jeito); ou na implicância
assoberbada com as roupas que vestem ou as tatuagens e piercings que usam e
esquecer de saber o que comem, se trabalham,…
Não estou aqui dizendo que devemos abolir as regras
e convenções, mas é preciso voltar no exemplo da inteligência real do segundo
vendedor que acabou cumprindo seu objetivo (fazendo sua comissão), agradando o
cliente e não vendendo o que ele não precisava.
Quem vai a missa deve voltar de lá satisfeito. Ele
então satisfeito poderá ouvir a mais dura das exortações, mas saberá que fez
uma bela compra; uma mãe ou pai que repreende um filho que volta pra casa após
um erro deve saber dosar a bronca e o carinho para que ele deseje ficar e não
mais fugir; Deve aprender que por trás de tatuagens e piercings pode estar
alguém clamando em silêncio, por atenção, para ser visto…
Deus nos ensina e nos da liberdade e a sabedoria
necessária para fazermos o que é melhor, mas acabamos no fim fazendo o que
queremos, ou seja, insistimos em “vender” o que quero e nem sempre o que Jesus
semeou e ainda “achamos” que somos espertos. Recordo da parábola do semeador,
quando mesmo presentes a tantos sinais, os apóstolos continuam a não entender o
que Jesus quer dizer
“(…) Mas, quanto a vós, bem-aventurados os vossos
olhos, porque veem! Ditosos os vossos ouvidos, porque ouvem! Eu vos declaro, em
verdade: muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não o viram,
ouvir o que ouvis e não ouviram“. (Mateus 13, 16-17).
Se para ter o reino de Deus faço apenas o que
quero, que penso, que acho e o que gosto serei cobrado assim na mesma medida.
“(…) Feliz o homem que não procede conforme o
conselho dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores, nem se assenta entre
os escarnecedores Feliz aquele que se compraz no serviço do Senhor e medita sua
lei dia e noite. Ele é como a árvore plantada na margem das águas correntes: dá
fruto na época própria, sua folhagem não murchará jamais. Tudo o que empreende,
prospera. Os ímpios não são assim! Mas são como a palha que o vento leva. Por
isso não suportarão o juízo, nem permanecerão os pecadores na assembleia dos
justos. Porque o Senhor vela pelo caminho dos justos, ao passo que o dos ímpios
leva à perdição “. (Salmo 1)
Um imenso abraço fraterno.
Alexandre Soledade
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