25 de Novembro - Terça - Evangelho - Lc 21,5-11
Em meio ao barulho do povo no templo, alguns
admiram a magnificência da construção. O templo, reconstruído depois do exílio,
parece que foi realmente modesto se comparado com o primeiro, construído por
Salomão. Contudo, para a época de Jesus, aquele modesto templo do pós-exílio
era outra coisa totalmente diferente.
Herodes o Grande, com mania de grandeza por
natureza, buscando reconciliar-se com os judeus, havia-se encarregado de
remodelá-lo, com ampliações e com soluções que ainda surpreendem a engenharia
moderna. Isto para entender por que os visitantes se maravilhavam tanto com
aquela obra. Exceto a magnificência do edifício e a pompa da obra como tal,
sabemos que o templo significava tudo para Israel, não somente por sua
convicção de que era o lugar da Presença, lugar onde habitava o Nome de Deus ou
sua Glória (Ezequiel 43, 4), mas porque, como estrutura institucional,
determinava todos os destinos políticos, econômicos, sociais e religiosos da
nação.
Consideremos só o religioso: o templo, como
habitação do Nome, do lugar específico do Santo dos Santos irradiava sua
santidade para os demais lugares do templo: primeiramente para o que estava
mais perto do lugar da Santidade: o altar, em seguida as casas e o pátio dos
sacerdotes de Israel, depois as casas e os pátios dos levitas, pátio dos
israelitas legalmente puros, pátio dos impuros, pátio das israelitas e das
crianças, pátio dos estrangeiros, palácios próximos, o resto da cidade, o país
e o mundo; de modo que a santidade se deduzia pela proximidade ou distância do
lugar da Santidade divina. Nessa medida, o templo era a réplica em miniatura da
sociedade israelita estratificada por razões sociais, econômicas e
contraditoriamente, por razões religiosas.
Aqueles que observam a maravilha arquitetônica
não estão em condições de pôr em questão tudo o que há por trás daquela
estrutura de pedra; unicamente Jesus, que como já vimos se orienta por outros
critérios, com outros parâmetros, é capaz de questionar e até se atreve a
predizer sua destruição: o da ruína material pôde tê-lo dito pela simples
constatação histórica porque já havia ocorrido em 587, mas também porque era um
fato que os detentores do poder procuravam arruinar as construções religiosas
dos súditos para submetê-los com maior crueza. Destruindo os templos,
saqueando-os e, especialmente, retirando deles as estátuas das divindades e
demais símbolos religiosos, os invasores davam por submetidos também os deuses
dos povos conquistados, e estes tinham a obrigação de submeter-se à religião do
conquistador.
Já o templo de Jerusalém tinha sido saqueado
pelos babilônios, pelos gregos, e faltavam os romanos, mas não tardariam.
Contudo, a realidade da destruição do templo Lucas já a devia conhecer e
aproveita aquela imagem para pô-la na boca de Jesus como profecia e como
introdução a seu discurso escatológico que se abre precisamente aqui a
propósito das palavras de uns aterrorizados fiéis diante daquela fortíssima
construção.
Não é necessário, portanto, insistir se Jesus
predisse a destruição de Jerusalém e seu templo em termos literais. O mais
importante é que com a clareza de uma consciência totalmente liberta e
desprovida da alienação religiosa, própria de seu tempo, Jesus manifesta sua
mais profunda convicção e fé na queda de todo o sistema montado ao redor do
templo como estrutura geradora de injustiça institucional. Não seria algo
pacífico nem fácil, com a mesma violência e injustiça com que se tinha
levantado tudo aquilo, seria derrubado também. Não porque Deus interviesse para
que as coisas assim acontecessem, senão como uma espécie de lei da vida.
Pai, teu
Filho Jesus é sinal de tua presença no meio da humanidade. Que eu saiba
acolhê-lo como manifestação de tua misericórdia, e só nele colocar toda a minha
segurança.
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