TERÇA FEIRA DA 33ª SEMANA DO TC 18/11/2014
1ª Leitura Ap. 3, 1-6, 14-22
Salmo Ap. 3,21 “Ao Vencedor
concederei assentar-se comigo no meu trono”
Evangelho Lucas 19, 1-10
Há um verbo interessante
nessa narrativa do evangelista São Lucas, carregado de sentido teológico:
Zaqueu subiu em uma árvore, para poder ver Jesus. Como se tivéssemos em baixo
de nós um grande espelho, esse ato na verdade é invertido, e quando, como
Zaqueu, subimos, na verdade descemos.
Na História da Salvação,
desde o antigo Testamento até o tempo da Plenitude em Jesus Cristo, as muitas
“subidas” significam a “Ascese espiritual” onde, referências geográficas como
montes e montanhas, e nomes de forte simbolismo como Sinai e Horeb, entre
outros, apontam para esse Ver, conhecer e experimentar a Deus, que se revela
aos homens. Essa teologia rica em sinais Teofánicos, continua com maior
intensidade no Novo Testamento, no Sermão da Montanha, Tabor, Getsêmani e por
fim o Monte Gólgota ou Calvário.
Entre os Salmos, formas da
devoção popular para expressar seus pedidos, desejos, angústias e alegrias, temos
o Salmo das Subidas, que se refere a peregrinação do Povo Judeu ao templo,
lugar do encontro e da experiência com o Deus da Aliança, e nos anos 60
lembro-me de um canto de entrada que lembrava essa ascese “Com a Igreja
subiremos, no altar do Senhor....” .É preciso subir, elevar-se, quem quiser
ver, ouvir e experimentar a Jesus, terá de subir, Como Pedro Thiago e João que
viram a transfiguração do Senhor no alto do Monte Tabor, mas esse SUBIR supõe
um DESCER.
Zaqueu , antes de subir
naquela árvore, teve de descer de si mesmo, do seu posto de chefe dos
cobradores de impostos, do seu Status de pessoa importante, se sua posição
social, por que e para que? Porque tinha ouvido falar de Jesus e queria
conhecê-lo, mas havia duas coisas que o atrapalhavam nesse seu desejo, de um
lado a multidão que se aglomerava em torno de Jesus e o ocultavam dos demais, e
de outro, uma deficiência física: era baixinho, mas o maior empecilho estava no
fato de que era “alto” em poder, em riqueza e importância social, o que Zaqueu
tinha de baixa estatura, tinha de grandeza na sociedade, era muito rico, nos
lembra o Evangelista....Rico não precisa subir em árvores para ver uma
celebridade, possivelmente estará junto com a celebridade no palco ou palanque
montado. Rico não precisa espremer-se em meio a multidão, pois tem o melhore
lugar, reservado junto com a sua comitiva.
Mas o coração de Zaqueu
andava inquieto há muito tempo, não foi coisa de momento pois esse pensamento
vinha sendo gestado em seu coração, exatamente como Maria, que antes de acolher
Jesus em seu ventre, já o tinha acolhido em seu coração.
E como o coração tem
razões, que a própria razão desconhece, naquele momento Zaqueu esqueceu do seu
cargo, da sua posição, da sua importância, do decoro que deve pautar as ações
de alguém que ocupa um cargo importante,
e subiu na figueira para ver Jesus passar e assim, acabou sendo
encontrado por Jesus. Quando desejamos vê-lo Ele já nos encontrou, o Deus
Poderoso e Onipotente, não entra em nossa vida sem o nosso consentimento, não
força, não exige, mas chama e propõe.
Por isso que a vida de
Zaqueu mudou naquele dia, antes de acolhê-lo em sua casa já o tinha acolhido em
seu coração e daí a Salvação aconteceu. “Hoje a Salvação entrou nessa casa,
isso é, no coração e na vida de Zaqueu. Quem conhece e experimenta Jesus movido
por um desejo profundo, não conseguirá mais ser o mesmo, a vida é transformada
e renovada, a conversão de Zaqueu e o seu desejo sincero de devolver ao próximo
o que havia fraudado, é apenas consequência da sua adesão a Jesus, o Filho de
Deus, adesão que vem do kerígma provocado pelo primeiro anúncio, e que só é
possível quando, a exemplo do nosso Mestre e Senhor, também tenhamos a
humildade de descer de nós mesmos, para poder com Ele subir, COMO ZAQUEU...
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