O que mais
atrai sobre nós a benevolência do Alto é a nossa solicitude para com Jesus na
pessoa do próximo. Foi por isso que Cristo o exige de Pedro: Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes? A
resposta de Pedro por outro lado não esconde a sua satisfação e opção por
Jesus. E então responde: Sim, Senhor, tu bem sabes que
eu te amo. E Jesus lhe diz: Apascenta as minhas
ovelhas.
Por que, deixando os outros apóstolos de lado, Jesus se dirige a Pedro?
É que Pedro era o primeiro entre os apóstolos, o que falava em nome deles, o
chefe do seu grupo, tanto que o próprio Paulo vem consultá-lo um dia, e não aos
outros. Para demonstrar a ele que podia confiar plenamente. E porque que
sua negação fora anulada, Jesus lhe dá agora a primazia entre os seus irmãos.
Não menciona que o negou, nem o envergonha com o seu passado. “Se tu me amas, diz ele, Tome conta das minhas ovelhas que
também são os teus irmãos. Ou seja, permanece à frente de teus irmãos; e dê
provas, agora, daquele amor apaixonado que sempre demonstraste por mim, com
tanta alegria! A vida, que dizias estar pronto a dar em meu favor, eu quero que
a dês pelas minhas ovelhas. Está exigência é feita também a ti e a mim meu
irmão. Se amamos a Deus devemos manifestá-lo em nossos irmãos e irmãs.
Interrogado uma primeira vez e depois uma segunda, Pedro apela para o
testemunho daquele que conhece o segredo dos corações. Interrogado uma terceira
vez, ele se perturba, e o temor o domina. Lembra-se de que outrora fizera
afirmações solenes, que os acontecimentos haviam desmentido. E é por isso que
procura, agora, apoiar-se em Jesus: O senhor sabe tudo e sabe que
eu o amo, Senhor! É como se dissesse Senhor, Tu conheces tudo, o
presente quanto o futuro. Vede como se tornou melhor e mais humilde, como
perdeu sua arrogância e seu espírito de contradição! Perturbou-se ao pensamento
de que podia ter a impressão de amar, sem amar realmente. Tanto estava seguro
de mim mesmo no passado, pensa ele, como agora me sinto confuso. Jesus o
interroga três vezes, e três vezes lhe dá a mesma ordem: Apascenta as minhas ovelhas. Demonstra assim o apreço que
tem pelo cuidado de suas ovelhas, pois faz, de tal cuidado, a maior prova de
amor para com ele.
Depois de ter falado a Pedro deste amor, Jesus prediz o martírio que
lhe está destinado. Manifesta desse modo toda a confiança que deposita nele.
Para nos dar um exemplo de amor e mostrar a melhor forma de amar, diz
ele: Quando você era moço, você se aprontava e ia para onde queria. Mas
eu afirmo a você que isto é verdade: quando for velho, você estenderá as mãos,
alguém vai amarrá-las e o levará para onde você não vai querer ir.
Era, aliás, o que Pedro tinha querido e desejado outrora; por isso é
que Jesus lhe fala assim. Pedro dissera, com efeito: Eu darei a minha vida por ti! (Jo 13, 37). E também: Ainda que eu tenha de morrer contigo, não te negarei! (Mt
26, 35; Mc 14, 31). Jesus consente o seu desejo. Fala-lhe desse modo não para
amedrontá-lo, mas para reanimar seu ardor. Conhece seu amor e sua
impetuosidade; pode anunciar-lhe o gênero de morte que lhe reserva no futuro.
Pedro sempre desejara enfrentar perigos por Cristo. Tem confiança, diz Jesus,
teus desejos serão satisfeitos; o que não suportaste em tua mocidade suportará
na velhice. E, para nos chamar a atenção, São João acrescenta: Jesus disse isso para dar a entender com que morte Pedro iria
glorificar a Deus. E esta palavra nos ensina que a nossa honra e glória
está em dar a nossa vida por Cristo em nossos irmãos e irmãs que lutam por um
lugar ao sol.
Pai torna cada vez mais consistente meu amor por
teu Filho Jesus na pessoa do pobre, do órfão, da viúva, do abandonado, do
doente, do drogado, da prostituta, do homossexual, deficiente e de todos aqueles
que por esta ou outra razão estão privados da sua dignidade de ser criado à
Imagem e semelhança vossa e confirma minha condição de discípulo e missionário
do vosso Filho para que no poder e a força do Espírito Santo todos tenham vida
e a tenham em plenitude. Amén!
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