FESTA DA TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR – 06/08/2015
1ª Leitura Daniel 7, 9-10.13 ou 2Pedro 1,16-19
Salmo 96 (97) 1a 9 a “O
Senhor Reina! Vós, Senhor, sois o
soberano de toda a terra”
Evangelho Marcos 9, 2-10
“TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR
- A CERTEZA DA VITÓRIA”
Nem tudo o que reluz é ouro – Lembro-me bem deste
provérbio que finalizava uma história no meu livro do antigo primário,
ensinando-nos que nesta vida confundimos muita coisa com ouro valioso, mas que
no fundo não passam de simples bijuteria.
Há pessoas que passam esta vida correndo atrás de
quinquilharias, sem nunca descobrir o tesouro que Deus quer nos dar.
Os apóstolos pensavam que o Reino que Jesus havia
implantado, era igual aos reinos deste mundo, e que ele seria um Rei muito rico
e poderoso que iria dominar a todas as nações fazendo de Israel a mais
importante de todas as nações da terra. Eles tinham muitos planos em seus
corações e mentes, por causa de serem seguidores de Jesus, que naquele momento
estava desacreditado, mas que em um futuro bem perto iria manifestar toda a sua
força e poder. Muitas vezes como os apóstolos, buscamos um Jesus que atenda as
nossas necessidades e realize os nossos sonhos neste mundo, essa fé tão
distorcida nos impede de conhecer realmente quem é Jesus e para onde a sua graça
nos leva.
Podemos afirmar que esta narrativa da
transfiguração do Senhor está no coração do evangelho de Marcos porque se trata
de um momento de profunda comunhão dos discípulos com Jesus, que ao
transfigurar-se diante deles os introduz no mistério de Deus, que por sua vez
revela quem é Jesus: O filho amado do Pai!
Ele não é simplesmente um profeta poderoso na
linha de Elias, que foi arrebatado ao céu, nem um Líder como Moisés, principal
protagonista da libertação do Povo da escravidão do Egito, esses dois
personagens que aparecem ao lado de Jesus naquele momento representam todo o
antigo testamento que preparou o coração dos homens para o tempo da plenitude
inaugurado por Jesus.
Quando a voz se fez ouvir do meio da nuvem que os
envolveu, os discípulos olharam e só viram a Jesus, que estava sozinho. As
escrituras antigas apontam para Jesus, pois nele Deus irá falar diretamente aos
homens, sem intermediários.
Pedro queria construir três tendas, uma para
Jesus, outra para Moisés e outra para Elias, que estavam ali no monte Tabor
onde poderia ser instalado o QG do grupo, de onde partiriam as ordens dadas por
eles. Fazer tendas significa acomodar-se e interromper a caminhada porque já se
alcançou o objetivo. Na verdade o apóstolo não sabia bem o que estava falando
pois o Reino de Deus, requer planejamento e não se pode queimar etapas. Jesus
transfigurado, tendo Moisés e Elias ao seu lado, era tudo o que Pedro queria,
não precisaria enfrentar as cruzes do caminho, nem tribulações ou desencantos,
sofrimentos e tribulações, o Reino já chegara e era uma realidade bem ali
diante dele.
A humanidade toda iria se render à força do Reino
de Cristo! Mas o brilho que seus olhos iriam contemplar no alto do monte, não
seria do ouro e nem da prata com que talvez sonhasse mas à luz de Deus presente
em Jesus, algo nunca visto, suas vestes ficaram brancas , de uma brancura
jamais vista.
No Cristo transfigurado e proclamado solenemente
Filho amado do Pai, descobrimos o nosso destino, Deus nos quer transfigurados,
com vestes brancas resplandecentes, envolvidos pela sua Santidade que em Jesus
eles nos dá.
Somos uma multidão de filhas e filhos amados do
Pai que já participamos da vida de Deus ainda neste mundo, que um dia chegará
para nós em plenitude. Jesus antecipou a glória que o envolveria na
ressurreição, porém, nunca escondeu o que viria antes: a cruz da rejeição, o
sofrimento e a paixão no calvário, e a morte na cruz. É disso que Pedro quer
fugir ao construir as três tendas, é isso que às vezes nos causa angústia e
medo.
Compreender a cruz e aceitar o calvário de cada
dia, percorrer os caminhos desta vida que parecem tortuosos, mas sem tirar o
olhar da glória Futura, como o profeta Daniel na primeira leitura dessa
liturgia, pois na perspectiva da ressurreição vivemos esta vida em uma Igreja
que não se fundamenta em fábulas ou lendas, mas sim no relato do apóstolo
Pedro, segunda leitura desse domingo, que foi testemunha ocular do Cristo
Transfigurado, que segundo ele, fez clarear o dia e nascer a estrela da manhã
em nossos corações antes envolvido pelas trevas do pecado.
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