9 Junho
2020Tempo Comum - Anos Pares
X Semana - Terça-feiraLectioPrimeira leitura: 1 Reis 17, 7-17Naqueles dias, 7a torrente secou, pois não
chovia sobre a terra. 8Então o Senhor disse-lhe: 9«Levanta-te, vai para Sarepta
de Sídon e fica lá, pois ordenei a uma mulher viúva de lá que te alimente.»
10Ele levantou-se e foi para Sarepta; ao chegar à entrada da cidade, eis que
havia lá uma mulher viúva que andava a apanhar lenha; chamou-a e disse-lhe:
«Vai-me arranjar, te peço, um pouco de água numa vasilha, para eu beber.» 11Ela
foi buscar a água e Elias chamou-a e disse-lhe: «Traz-me também um pedaço de
pão nas tuas mãos.» 12Então ela respondeu: «Pela vida do Senhor, teu Deus, não
tenho pão cozido; tenho apenas um punhado de farinha na panela e um pouco de
azeite na ânfora; mal tenha reunido um pouco de lenha entrarei em casa para
preparar esse resto para mim e para meu filho; vamos comê-lo e depois
morreremos.» 13Elias disse-lhe: «Não tenhas medo; vai a casa e faz como
disseste. Disso que tens faz-me um pãozinho e traz-mo; depois é que prepararás
o resto para ti e para o teu filho. 14Porque assim fala o Senhor, Deus de
Israel:'A panela da farinha não se esgotará, nem faltará o azeite na almotolia
até ao dia em que o Senhor mandar chuva sobre a face da terra.'» 15Ela foi e
fez como lhe dissera Elias: comeu ele, ela e a sua família, durante alguns
dias. 16Nem a farinha se acabou na panela, nem o azeite faltou na almotolia,
conforme dissera o Senhor pela boca de Elias.Na Palestina, a chuva e as boas colheitas
estão em proporção directa (cf. Dt 11, 10-15). Jezabel tinha introduzido em
Israel o culto de Baal, deus da chuva. E queria impô-lo a todos. Mas teve que
haver-se com a oposição frontal de Elias. A multiplicação milagrosa da farinha
e do azeite mostra que o verdadeiro Deus da fertilidade e das boas colheitas é
Javé, e não Baal, incapaz de mandar chuva para interromper a seca proclamada
por Elias. Ao fazer o milagre, em nome de Javé, Elias mostra que a poderosa
rainha Jezabel, e todos os baalistas, não têm razão. Quem a tem é a pobre e
indefesa viúva de Sarepta, que confia em Javé. O facto de ser uma estrangeira
abre uma perspectiva universalista da salvação, que será completa no Novo
Testamento. A viúva de Sarepta é tipo dos pagãos convidados para a mesa do
Reino. Este episódio compreende-se plenamente à luz da citação que Cristo faz
dele na sinagoga de Nazaré (Lc 4, 24-26): o profeta, que os seus recusam a
escutar, é ouvido e acreditado entre os pagãos. Podemos também comparar a viúva
de Sarepta com aquela de que nos fala o Evangelho (Mc 12, 41-44; Lc 21, 1-4),
para sublinharmos a generosidade de ambas. Esta viúva, generosa com Elias,
também se contrapõe a Jezabel e à sua avidez insaciável (cf. 1 Rs 21, 1ss.). O
milagre de Sarepta, à semelhança do da torrente de Quarit (1 Rs 17, 1-6),
manifesta a solicitude e a providência de Deus em favor dos profetas.Evangelho: Mateus 5, 13-16Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
13«Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se corromper, com que se há-de
salgar? Não serve para mais nada, senão para ser lançado fora e ser pisado
pelos homens. 14Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade
situada sobre um monte; 15nem se acende a candeia para a colocar debaixo do
alqueire, mas sim em cima do candelabro, e assim alumia a todos os que estão em
casa. 16Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo as
vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu.»Quem vive a nova lei das Bem-aventuranças,
proclamada por Jesus Cristo, o novo Moisés, torna-se sal e luz do mundo. Os
dois provérbios parabólicos, do sal e da luz, definem a vida e missão dos
discípulos, em contraste com a dos fariseus e pagãos: «Vós sois o sal da terra
... Vós sois a luz do mundo». O sal dá sabor aos alimentos, e ainda é usado
para evitar a sua corrupção. O sal também era usado na confecção dos
sacrifícios (Lv 2, 13) e, portanto, assumia um papel «consacratório» e, se
perdesse a capacidade de salgar, era «pisado pelos homens», num gesto
dessacralizante. O sal, finalmente, também lembra a sabedoria (Mc 9, 50):
devemos condimentar com ele o nosso falar (Cl 4, 6).
Os discípulos são «luz do mundo», tal como Cristo, que é a fonte da luz (Jo 8,
12). Não se acende uma luz «para a colocar debaixo do alqueire» (cf. Mc 4, 21),
caso contrário, apaga-se, como acontece quando se coloca o apagador sobre uma
vela.
«Sal da terra... luz do mundo: a missão dos discípulos tem um horizonte cósmico,
planetário.MeditatioJesus proclama os seus discípulos sal da terra
e luz do mundo. Cada um o deve ser conforme os seus carismas, conforme a sua
vocação. Por isso, há muitos modos de ser sal da terra e luz do mundo. Elias,
de que nos fala a primeira leitura, é sal da terra com o seu zelo pela
verdadeira fé. Mas também a viúva pobre é luz do mundo, pela sua fé, esperança
e caridade. Apenas tinha «um punhado de farinha na panela e um pouco de azeite
na ânfora», para ela e para o filho. Mais um pouco de tempo, e morreriam ambos de
fome. E o homem de Deus, o profeta, em vez de vir trazer alguma coisa,
pedia-lhe um pouco de água e um pedaço de pão. Parecia legítimo negar-lhe o
pedido. Mas a mulher «foi e fez como lhe dissera Elias» (v. 15). Acreditou na
promessa do profeta: «a panela da farinha não se esgotará, nem faltará o azeite
na almotolia» (v. 14). Deu e, por isso, recebeu. Não será rica; mas também não
lhe faltará o necessário.
O homem «foi criado para fazer boas obras» (Ef 2, 10), irradiando a luz que
Cristo derrama sobre ele (cf. Ef 5, 14). O Senhor, que é a luz que ilumina,
transforma-nos em luz iluminada, em luz que se reflecte sobre nós, no dizer de
S. Gregório Magno. A comunidade dos «iluminados» (Heb 6, 4; 10, 13) torna-se
aquele candelabro de ouro, imagem da Igreja, onde Cristo establece a sua morada
(Ap 1, 13). Na tradição hebraica, o candelabro de sete braços simboliza a
totalidade do tempo - a primeira semana genesíaca - e a totalidade da pessoa,
sintetisada nos sentidos superiores, com as suas sete aberturas: dois olhos,
dois ouvidos, duas narinas e a boca. Será útil pensar: em que medida irradiam
luz os meus sentidos, através dos quais interajo com a humanidade?
A generosidade, a que somos chamados, é resposta à generosidade d´Aquele «que,
sendo rico, Se fez pobre por vós, para (nos) enriquecer pela sua pobreza» (2
Cor 8,9). É permitir a Cristo continuar a viver e a realizar em nós a sua
generosidade. Por isso, é um verdadeiro dom, uma «graça» ("karis"),
tal como a pobreza de Cristo (2 Cor 8, 9). Com essas palavras, o Apóstolo
pretende estimular os cristãos de Corinto, para que dêem, com generosidade, aos
pobres da Igreja de Jerusalém:
«Distingui-vos... nesta acção generosa» (2 Cor 8, 7). Esta «graça de Deus», já
foi concedida às Igrejas da Macedónia (2 Cor 8, 1), as quais, apesar das
tribulações e da «sua extrema pobreza», deram com «grande alegria... para além
das suas posses, espontaneamente, pedindo-nos insistentemente a graça de
tomarem parte neste serviço, a favor dos santos» (2 Cor 8, 2-4).
Um ensinamento importante para todos os cristãos, particularmente para aqueles
que fazem voto de pobreza.OratioSenhor, que eu não encontre desculpa para não
dar com genrosidade. Infunde no meu coração o teu Espírito Santo para saiba
gastar o meu tempo, o que tenho e o que sou, em favor dos irmãos,
particularmente dos mais fracos e carenciados. Que não olhe demasiadamente para
os meus limites, e tenha sempre esperança. Dá-me a graça de dar o pouco que
tenho, para que se possa prolongar em mim a tua generosidade. Assim serei realmente
feliz, porque Tu mesmo disseste que há maior alegria em dar do que em receber.
Amen.Contemplatio«Vós sois o sal da terra ... Vós sois a luz do
mundo. Estas comparações aplicam-se em primeiro lugar e particularmente aos
pastores das almas, mas também, de uma certa maneira, a todos os discípulos de
Jesus Cristo, mesmo aos simples fiéis. Não têm todos alguns deveres de
apostolado uns a respeito dos outros?
Todos devem edificar o seu próximo pelo bom exemplo, pelas exortações, pelos
bons avisos e por todos os meios que pode sugerir um zelo sábio e prudente.
Este dever é mais complexo para aqueles que têm alguma autoridade familiar,
patronal ou administrativa. Mas como é mais urgente o dever do apostolado para
o padre! O apostolado é a sua missão, deve despender nele a sua inteligência, o
seu coração, toda a sua actividade. «Despender-me-ei, diz S. Paulo, e
despenderei tudo o que puder pela salvação das almas. O apóstolo não pode
deixar de trabalhar pela salvação das almas sem se perder a si mesmo.
– Todos os cristãos devem ser a luz do mundo pelas suas virtudes. O padre deve
sê-lo particularmente. Tem como missão edificar e evangelizar.
Uma lâmpada não é feita para estar escondida debaixo alqueire, mas para ser
vista, para luzir e para iluminar.
– Se uma lâmpada vem a extinguir-se, tudo recai na obscuridade; o apóstolo deve
ser também uma lâmpada ardente, uma lareira de calor. Este calor é o zelo, é o
amor de Deus e das almas. O apóstolo vai buscar facilmente este calor ao
Coração de Jesus, que é uma fornalha ardente de caridade. O apóstolo fervoroso
arde de amor por Deus e testemunha-lhe este amor por todos os actos da vida
interior, pelos actos de amor e de reparação sobretudo, e aí será facilmente
levado se contemplar o Coração de Jesus, o Coração amante e sofredor do
Salvador, que nos pede o amor recíproco, a consolação e a reparação. Arde
também de amor pelo próximo e alimentá-lo-á aproximando-se da mesma lareira, o
Coração vítima do Redentor (Leão Dehon, OSP4, pp. 48-50, passim).ActioRepete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Vós sois o sal da terra;vós sois a luz do mundo» (cf. Mt 5, 13-14).| Fernando Fonseca, scj | 11 Junho
2020Tempo Comum - Anos Pares
X Semana - Quinta-feiraLectioPrimeira leitura: 1 Reis 18, 41-46Naqueles dias, 41o profeta Elias disse a Acab:
«Vai, come e bebe, pois já oiço o rumor de uma forte chuvada!» 42Acab foi comer
e beber; Elias subiu ao cimo do monte Carmelo, prostrou-se por terra, colocando
a cabeça entre os joelhos; 43e disse ao seu servo: «Sobe e observa para os lados
do mar.» Ele subiu e observou, dizendo: «Não vejo nada!» Por sete vezes Elias
lhe repetiu: «Volta e torna a observar.» 44À sétima vez, o servo respondeu:
«Eis que sobe do mar uma pequena nuvem como a palma da mão!» Disse-lhe então
Elias: «Vai dizer a Acab que prepare o seu carro e desça quanto antes, para que
a chuva não o detenha aqui.» 45Nesse momento, cobriu-se o céu de nuvens negras,
o vento soprou e a chuva começou a cair torrencialmente. Acab subiu para o seu
carro e partiu para Jezrael. 46A mão do Senhor esteve sobre Elias que, de rins
cingidos, ultrapassou Acab e chegou a Jezrael.O profeta Elias anuncia a Acab o fim da seca,
e o fim do jejum ordenado para obter a chuva: «Vai, come e bebe, pois já oiço o
rumor de uma forte chuvada» (v. 41). O alimento pode também simbolizar a
reconciliação entre Acab, Elias e Javé, depois da triunfal vitória do javismo
sobre o baalismo. Em seguida, Elias sobe ao Carmelo e entra provavelmente na
gruta onde costumava recolher-se em oração. A posição, que assume, prostrando-se
e colocando a cabeça entre os joelhos, indica profunda concentração, mas também
o despertar de energias interiores capazes de influenciar os próprios elementos
naturais, como atestam antigas tradições egípcias e mesopotâmicas. Tiago faz
essa releitura, quando recorda o episódio e escreve: «A oração fervorosa do
justo tem muito poder (em grego: energuménê). Elias...rezou com fervor para que
não chovesse, e durante três anos e seis meses não choveu sobre a terra. Depois
voltou a rezar, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto» (Tg 5,
16-18). A formação progressiva das nuvens e a chuva, depois de sete súplicas
insistentes, muito ao estilo semita, ajusta-se à topografia e à meteorologia da
Palestina. Do alto do Carmelo, consegue ver-se o horizonte longínquo do Mar
Mediterrâneo, único manancial de nuvens e de chuva sobre a franja
sírio-palestiniana.Evangelho: Mateus 5, 20-26Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: 20Se a vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos
fariseus, não entrareis no Reino do Céu.» 21«Ouvistes o que foi dito aos
antigos: Não matarás. Aquele que matar terá de responder em juízo. 22Eu, porém,
digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão será réu perante o tribunal; quem
lhe chamar 'imbecil' será réu diante do Conselho; e quem lhe chamar 'louco'
será réu da Geena do fogo. 23Se fores, portanto, apresentar uma oferta sobre o
altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti,
24deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o
teu irmão; depois, volta para apresentar a tua oferta. 25Com o teu adversário
mostra-te conciliador, enquanto caminhardes juntos, para não acontecer que ele
te entregue ao juiz e este à guarda e te mandem para a prisão. 26Em verdade te
digo: Não sairás de lá até que pagues o último centavo.»Jesus afirmou aos seus discípulos que não
vinha ab-rogar a Lei, mas aperfeiçoá-la. Como vontade de Deus, devia ser aceite
na sua totalidade sem a reduzir a árdua casuística, como faziam os doutores e
os fariseus, tergiversando e defraudando a própria Lei. Formulado o princípio,
Jesus deu seis exemplos concretos, começando sempre por «Ouvistes o que foi
dito aos antigos ... Eu, porém, digo-vos». A frase alude a alguma prescrição do
Antigo Testamento, preparando o leitor para a nova interpretação.
A primeira antítese refere-se ao quinto mandamento (Ex 20, 13; Dt 5, 17). Jesus
compara o homicídio intencional ao material. O homicídio intencional pode
conhecer diversas modalidades: a ira, o desprezo (chamar rhaká, isto é,
imbecil) são ofensas para as quais está previsto o «juízo» do tribunal local, a
sentença do sinédrio (o supremo tribunal sedeado em Jerusalém) e, finalmente, o
fogo da Geena, a proverbial depressão a sudoeste da Cidade santa considerada, a
partir do Novo Testamento, lugar de maldição.
Quando alguém se deixa dominar pela ira e pelo desprezo dos outros, não está em
condições para oferecer sacrifícios de acção de graças ou de expiação. Se, por
qualquer razão tiverem sido iniciados nessas condições, apesar da sacralidade
do culto, devem ser interrompidos para recompor a ordem social. Jesus equipara
uma situação de índole moral simplesmente interior, a uma grave impureza legal,
que implicava a suspensão do rito, segundo o ensinamento profético: «Quero misericórdia,
e não sacrifício» (cf. Mt 9, 13; 12, 7). E nem vale a pena presumir o perdão de
Deus, se não perdoarmos aos irmãos (cf. Mt 6, 12). Caso nos atrevamos a
apresentar-nos diante do Senhor, a pedir misericórdia, sem antes a termos
usados com os outros, teremos de pagar até ao último «cêntimo».MeditatioElias anuncia a Acab o fim da seca, que tinha
anunciado como castigo da impiedade geral, e o fim do jejum, que o rei tinha
ordenado, para obter a clemência divina. Deste modo, o profeta demonstra que é
Deus que actua em Acab, e em Israel, no castigo e no perdão. O castigo de Deus
tem sempre uma finalidade pedagógica: levar o pecador a reconhecer os seus
erros e a regressar a Deus, à vivência da Aliança, a dar-Lhe o lugar que Lhe é
devido. E assim, voltará a experimentar a fidelidade e a misericórdia divinas.
O evangelho leva-nos a reflectir sobre o mandamento do amor a Deus e ao
próximo, que são um só amor. Os fariseus quase que só se preocupavam com o amor
a Deus, negando uma justa relação com o próximo. Jesus, pelo contrário,
considerava o amor fraterno uma exigência rigorosa. Por isso, diz aos
discípulos: «Se a vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos
fariseus, não entrareis no Reino do Céu» (v. 20). Chegou mesmo a colocar o amor
ao próximo acima das ofertas a Deus: «Se fores, portanto, apresentar uma oferta
sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra
ti, deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o
teu irmão; depois, volta para apresentar a tua oferta» (v. 23-24). O dom mais
agradável a Deus é exactamente a caridade fraterna. Se ela faltar, tudo o resto
fica sem valor. Uma explicação simples para isto, pode ser a seguinte: como
Jesus vive em nós, pede-nos uma caridade perfeita, que não sufoque a sua vida
em nós, com preconceitos, atitudes, palavras agressivas e maldosas.
A nossa oferta sobre
o altar significa a nossa vida posta à sua disposição. É-lhe agradável se lhe
permitir viver em nós a sua vida. Caso contrário, pode dizer-nos: «A tua oferta
não é sinal de amorosa disponibilidade para com o teu irmão; por isso, vai
primeiro reconciliar-te com ele; depois, vem fazer a tua oferta».
Não podemos separar o amor de Deus do amor aos irmãos, porque Jesus está na
charneira dos dois amores: Ele ama os irmãos porque ama o Pai, e ama o Pai
amando os irmãos.
A nossa capacidade de amar o Pai e de amar os irmãos, não vem de nós, mas de
«mais além do que nós mesmos» (A. Carminatti). Vem de Deus caridade:
«Caríssimos - escreve S. João - amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de
Deus... Nisto consiste o amor: não fomos nós a amar a Deus por primeiro, mas
foi Ele que nos amou...» (1 Jo 4, 7.10). Por isso, «enviou o Seu Filho como
vítima de expiação pelos nossos pecados» (1 Jo 4, 10) e «nos deu o Espírito» (1
Jo 4, 13), o Espírito de amor. É o Espírito de amor que nos leva a amar a Deus,
mas também aos irmãos. Por isso, o amor aos irmãos é possível, mesmo em
situações muito difíceis. A única condição é permanecermos no amor de Jesus
Cristo: «Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros; como Eu vos
amei, assim também deveis amar-vos uns aos outros» (Jo 13, 34). «Permanecei em
Mim e Eu permanecerei em vós... Permanecei no Meu amor» (Jo 15, 4.9; cf. Jo 17,
21.23).OratioSenhor, Tu ensinas-me a apresentar-me diante
de Ti, livre de qualquer rancor, e sem culpa por ter omitido ajuda aos irmãos,
que estão em situações difíceis. Mas, - quantas vezes! -, realizo o meu
«serviço sacerdotal», apresentando-te sacrifícios espirituais sobre o altar de
um coração não reconciliado. Esqueço que afastas o olhar daqueles que estão
separados dos irmãos. Por isso, ainda antes de me levantar para ir ao encontro
dos irmãos, hei-de pôr-me em estado de benevolência e começarei a «falhar-lhes
ao coração» (Jz 19, 3) para lhes oferecer estima, reconciliação e paz.
Envia sobre mim o teu Espírito Santo, que ilumine as minhas relações com os
outros, para que, se for necessário, as reformule à luz dos teus ensinamentos.
Amen.ContemplatioNada de injúrias, diz Nosso Senhor; aquele que
profere injúrias contra o seu irmão deve reparar a sua falta (Mt 5, 22). Nada
de julgamentos injustos, inspirados pela inveja, pela indiscrição, pela
ligeireza, pelo amor-próprio. «Não julgueis e não sereis julgados; não
condeneis e não sereis condenados» (Lc 6, 37).
S. Pedro, conformando-se ao espírito de Nosso Senhor, diz-nos: «Não deis mal
por mal, nem maldição por maldição; mas, ao contrário, abençoai os vossos
irmãos (porque foi para isso que fostes chamados), para possuirdes vós mesmos a
bênção como herança. - Se alguém quer ser abençoado nesta vida e ver dias
felizes, que guarde a sua língua do mal e que os seus lábios se abstenham da
mentira, que se desvie do mal e que faça o bem; que procure e que persiga a
paz; porque o olhar do Senhor se detém sobre os justos e os seus ouvidos
escutam as suas orações» (1Pd 3, 9).
«Não cedais ao demónio, diz S. Paulo: que todo o azedume, toda a cólera, toda a
irritação, toda a querela, toda a maledicência e toda a malícia seja banida do
vosso meio. Sede bons uns para com os outros, sede misericordiosos,
perdoando-vos mutuamente, como Deus vos perdoou em Cristo» (Ef 4, 27).
«Como se faz, diz ainda S. Paulo, que se veja entre vós erguerem-se diferendos
que são levados diante dos tribunais seculares? Porque os santos julgarão um
dia o mundo, poderão muito bem julgar os vossos pequenos diferendos. Os membros
mais humildes da Igreja deveriam bastar para isso, mas em caso de necessidade
tomai de entre vós um homem sábio para julgar os vossos processos, e mesmo para
maior perfeição, sofrei que procedam para convosco injustamente» (1Cor 6, 1)
(Leão Dehon, OSP4, p.66s.).ActioRepete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão » (Mt 5, 24).| Fernando Fonseca, scj |
DEUS te abençoe e te ilumine. Obrigado pela reflexão.
ResponderExcluirSanta Maria, Rio Grande do Sul.