04/09/2016
Neste Evangelho, Jesus nos
previne: “Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser
meu discípulo!” E ele cita algumas coisas: se não renunciar pai, mãe, esposa,
marido, filhos, irmãos ou irmãs... e até a própria vida, não pode ser discípulo
dele.
É um alerta que ele faz.
“Rapadura é doce mas não é mole.” Ser discípulo ou discípula de Jesus é bom,
tem vantagens, mas não é fácil.
Jesus começa citando os
parentes, porque entre eles podemos encontrar alguém da turma do “deixa disso”,
e nós não podemos dar ouvidos, mesmo que seja pai, mãe, esposa, marido...
E há muitos outros obstáculos;
por isso que Jesus resume com a expressão “renunciar a tudo”.
E há situações em que o
cristão, movido pela fé e pela confiança em Deus, arrisca a própria vida. Foi o
caso dos mártires.
“Quem não carrega a sua cruz e
não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo.” Não caminhar na frente
ou ao lado dele, mas atrás, isto é, seguir a Jesus sem tentar mudar o seu
Evangelho. As seitas são exatamente a busca de um caminho mais fácil para
seguir a Jesus.
As duas parábolas são uma
chamada de atenção a nós para a responsabilidade. Assim como não é bom nem
bonito começar uma coisa sem ter condições de terminar, o mesmo acontece com a
vida cristã, o seguimento de Jesus. Jesus nos deixou todos os meios e recursos
para levar até o fim esse caminho, mas se alguém não está disposto nem a usar
esses recursos, é preferível não começar a segui-lo. Fazer como o jovem rico:
virar as costas e ir embora.
O exemplo da torre, que hoje
seria um prédio muito alto e caro, seria uma enorme imprudência começar a obra
e pará-la no meio. O sol e a chuva vão estragar tudo e o prejuízo será enorme.
O certo, diz Jesus, é planejar bem os gastos antes, para ter condições de
terminar a obra. Do contrário, nem começar, porque assim evita as caçoadas dos
outros.
Outro exemplo pior ainda é o da
guerra. Se prevê que não vai vencer o inimigo, é mil vezes melhor fazer um
acordo com ele, estabelecendo as condições de paz. Porque depois de uma guerra,
a parte derrotada perde tudo mesmo, até o povo.
A torre e a guerra são dois
exemplos de empreendimento difíceis, que só devemos começar se temos condições
de terminar. Seguir a Jesus é outro empreendimento difícil, e súper difícil.
Jesus é uma pessoa franca e
sincera. Ele abre o jogo para que não comecemos a segui-lo e depois termos de
parar, ou escolher um meio termo, o que ele detesta. Ser cristão pela metade,
além de imprudência, é uma coisa ridícula.
Nós precisamos ser realistas.
Para quem segue a Jesus, a cruz é inevitável. É bom saber disso antes e contar
com isso, porque a desistência no meio do caminho vira um contra testemunho
pior do que não começar.
Quanta gente começa as coisas e
não termina! Um curso, uma faculdade, o trabalho em uma pastoral, o próprio
casamento... Por outro lado, quantas pessoas começam e perseveram!
"Meu filho, come este
rolo" (Ez 3,3) disse Deus ao Profeta Ezequiel. Era o livro da Palavra de
Deus. O profeta comeu e depois comentou: Na boca, era doce como o mel, mas,
quando chegou ao meu estômago, tornou-se amargo como o fel. Boa figura da vida
cristã.
Havia, certa vez, um menino que
tinha uma cicatriz no rosto e, na escola, as pessoas não falavam com ele nem se
sentavam ao seu lado. Na realidade, quando os colegas o viam franziam a testa
devido a cicatriz ser muito feia. Então seus colegas de classe começaram a
reclamar com a professora, pedindo que aquele menino da cicatriz não
freqüentasse mais o colégio. A professora levou o caso à diretora. Esta ouviu e
chegou à seguinte conclusão: Que não poderia tirar o garoto do colégio, e que
conversasse com o menino e ele fosse seria o último a entrar em sala de aula, o
primeiro a sair, e fosse sentar-se na última carteira da classe. Desta forma,
nenhum aluno via o seu rosto, a não ser que olhassem para trás.
A professora levou ao
conhecimento do menino a decisão e ele aceitou prontamente. Mas pediu se podia
explicar para os colegas a origem da cicatriz. A professora permitiu e ele
disse o seguinte:
“Quando eu tinha por volta de
sete a oito anos de idade, um dia pegou fogo na minha casa. Estávamos eu, meu
irmão mais novo, minha irmãzinha de berço e minha mãe. Eu, minha mãe e meu
irmão conseguimos sair. Minha mãe queria entrar para pegar o nenê, mas os
vizinhos a seguraram e não deixaram, porque o fogo já havia tomado conta de
toda a casa. Foi nessa hora que eu saí entre as pessoas e, quando perceberam,
eu já tinha entrado na casa. Havia muita fumaça e estava muito quente. Eu fui
ao quarto, peguei minha irmãzinha que estava chorando e saí com ela nos braços.
Na saída, caiu no meu rosto uma madeira em brasas que me queimou, de onde
surgiu esta cicatriz. Hoje, quando chego em casa, a primeira pessoa que vem me
receber é minha irmã. E ela dá um beijo nesta cicatriz, que a salvou.”
A turma ouviu quieta, atenta e
envergonhada. Quando o garoto terminou de falar, toda a classe estava chorando.
O mundo está cheio de pessoas
com cicatrizes, físicas ou não, visíveis ou não. Mas o amor fraterno é central
no seguimento de Jesus. Se alguém não topa, como queriam aqueles alunos, é melhor
nem ser batizado. Ou, se foi, é melhor não renovar, na primeira comunhão e na
crisma. Ou, se já fez tudo isso, é melhor largar a Comunidade duma vez.
Maria Santíssima foi atrás de
Jesus, como sua discípula fiel. Ela não foi frente nem ao lado, isto é, não
quis facilitar um pouquinho o Evangelho do Filho. Pelo contrário, colaborou com
ele, por exemplo, na cruz e, após a subida dele ao céu, ela permaneceu junto
com a Igreja nascente. “Ó Mãe da perseverança, teus volve a nós!”
Qualquer um de vós, se não renunciar
a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!
Que bom que o senhor voltou a escrever suas belas mensagens! Continue!
ResponderExcluirsua Bençao Padre <Deus abençoe a vida do Senhor,para continuar a nos 0rientar com palavras de sabedoria.
ResponderExcluirPadre linda reflexão!! Depois das suas palavras comecei até achar bom quando muitas vezes ouvimos que estamos muito radicais, servir a Cristo é decidir-se ser radical.
ResponderExcluirParabéns padre, pela reflexao!
ResponderExcluirParabéns padre, pela reflexao!
ResponderExcluirJosé Salviano; obrigado por ter nos lembrado desta grande pessoa que tanto nos ensinou neste blog. Até hoje pesquiso algum trabalho dele. Que ele tenha um bom lugar nos reinos dos Céus.
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