13 de Março - DOMINGO - Evangelho - Jo 8,1-11
No Evangelho de hoje, a pergunta dos mestres da lei tinha uma resposta clara segundo a Torá e a tradição. Porém existiam umas conclusões que podiam colocar em situação crítica aquele que respondesse legalmente à pergunta solicitada. Caso Jesus desse uma resposta afirmativa, ele seria condenado pela autoridade romana como executor de uma sentença de morte, à qual não tinha direito; e, portanto seria punido como um assassino. Caso sua resposta fosse negativa, Jesus seria condenado como quem despreza a lei pátria e seu desprestígio seria máximo entre os judeus ortodoxos, com uma reputação totalmente negativa que o aniquilava como mestre em Israel.
Por
isso, como bom Mestre, Jesus nada responde e se inclina para escrever no chão
como quem desenha letras sem sentido na terra. Ele se desentende de um problema
que não é seu e que não tem por que responder, pois ele não tinha testemunhado
o adultério e não era juiz no caso, que como caso de morte seria o sinédrio
quem o julgaria. Eram as testemunhas que deviam atuar através da denúncia ao
juiz e atirando as primeiras pedras, para que o povo respondesse e assim evitar
o mal que do contrário, contaminaria todo o povo (Dt 22, 22). È costume entre
os árabes fazer traços com o dedo quando o que estão escutando não é de seu
interesse. É possível que Jesus atuasse em consonância com esta última
suposição. Por isso os acusadores insistem.
Para
entendermos a resposta de Jesus, devemos buscar precedentes na tradição e na
Lei. Já disse que são as testemunhas que deveriam ser as primeiras pessoas a
atirar as pedras que deviam ser dirigidas ao coração da vítima para acabar de
imediato com sua vida. Quem estiver sem pecado entre vós atire a primeira
pedra. Pela resposta de Jesus e venho que naquele tempo os homens adúlteros
eram tantos que se deixou de aplicar a lei. E então, suas atitudes estavam em
confronto com a posição do Mestre: O sem pecado entre vós seja o primeiro a lhe
atirar a pedra. Ninguém esperava esta resposta que respeita a lei e não é um
mandato, mas um aviso e uma lição.
Meu irmão minha irmã, nós que gostamos de julgar
e condenar os outros por pouco que façam de errado. Não podemos e nem temos o
direito de julgar e condenar se somos culpados do mesmo delito. Veja que os
mestres da lei atacaram a Jesus com a lei. Mas Ele os contra-ataca com a
consciência, que é a lei suprema para todo homem em particular. O que aconteceu
ontem se repete em nossos dias. Que aconteceu dentro da consciência dos
acusadores? Por que começaram a desfilar, a começar pelos mais velhos? Eles
ficaram com a consciência pesada de tantos pecados e por isso fora saindo um
por um. Os mais velhos foram os primeiros. Efetivamente os jovens são como
discos novos em que o pecado inicia seu caminho de vício e raia com a ação
repetitiva a consciência do indivíduo. Os mais velhos não são
mais pecadores, mas os que acumulam maior número de pecados. Os mais velhos
entenderam por experiência que agora eram eles, as testemunhas, as que passavam
de declarantes a juizes e o processo e a condenação estava transferido de Jesus
a eles mesmos. Jesus não poderia ser incriminado nem pela relaxação da lei de
Moisés, nem pela execução de uma pessoa que a lei romana não permitia na época.
A
morte da adúltera não era o motivo principal da denúncia, pois o que pretendiam
era a implicação de Jesus na morte da mesma. Faltando este último, o teatro
urdido desmoronava como um castelo de cartas.
Falando
do perdão S Agostinho, diz que no fim duas pessoas estavam presentes na cena: a
miséria e a misericórdia. Se ninguém a condenava, Jesus tampouco a condena. A
lei divina foi transformada por esta sentença: sempre que o arrependimento seja
sincero e o acompanhe o propósito de não pecar mais, o perdão será absoluto O
passado é apagado e o futuro só depende do presente e das disposições do
momento. A memória servirá para enaltecer a bondade de Deus que perdoa, sem
exigir compensações e reditos pelo passado.
É assim que Deus faz conosco quando erramos e
Jesus nos ensina a fazer quando os nossos nos ofendem. Portanto, a sabedoria de
Jesus dá um xeque-mate a quem pensava tê-lo apanhado. E é precisamente por meio
de uma consciência que aparentemente não funcionava que os mais velhos
reconhecem seu erro e retiram sua denúncia. Como está a tua consciência quando
censuras o teu marido, esposa, filho, filha, pais, vizinho, colega, funcionário
ou qualquer um com quem te encontras pelo caminho pelos mesmos delitos que nós
usualmente cometemos e talvez até mais graves do que os que consegues enxergar
dos outros? Lembro-te que muitas falhas erros que os outros cometem teriam
solução na tua casa se nós os assumíssemos como nossos e nos empenhássemos a
resolve-los. Até porque neles somente os contemplamos para criticá-los e não
para ajuda na solução. Verdade ou mentira?
Levante
os olhos e veja que o perdão divino é mais amplo do que nós geralmente
acreditamos. Só exige que tenhamos a vontade de não optar mais pelo mal. Pare
de olhar para o pecado do outro e de formular um juízo de condenação, pois os
teus são maior do que os do outro. A única diferença é que os teus são
invisível e dificilmente os vês com os teus olhos ao passo que os dos outros
consegues ver. Mas se te colocas no lugar do outro e te propões a ajudar para
que o outro se levante e caminhe. Terás ganhado o seu irmão e tu terás a tua
recompensa nos céus.
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