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sexta-feira, 25 de março de 2016

Comentários Prof.Fernando

Comentários Prof.Fernando*  PÁSCOA              PÁSCOA 
                                                                                              27 de março 2016
isso nós vos anunciamos: O que vimos e ouvimos,
o que nossas mãos tocaram (cf.1ª.João1)

1)    Memorial dos mortos: protesto e sede de justiça
·                    O povo é sempre sensível à dor e ao mistério da morte. Após as tragédias surgem lugares destinados a lembrar os mortos, por assassinos ou em acidente. Viram pontos de reunião de familiares, amigos ou desconhecidos para trazer suas lágrimas, flores, mensagens em cartazes, bilhetes de saudade. Podem ser praças, muros de uma escola, ou uma cruz plantada à beira do cruzamento de uma rua ou estrada. Dão espaço à dor, ao protesto e à vontade de ver justiça.
·                    Por isso também a piedade cristã inventou cantos de lamentação nas semanas santas, procissões do Senhor morto e sua Mater dolorosa, a mãe das muitas dores. A arte dos gênios da pintura, da escultura e da música foi capaz de Pietàs saindo do mármore, das vias crucis e crucificados em afrescos e telas. Os compositores clássicos, inclusive brasileiros, traduziram a dor humana e a paixão de Cristo em seus Requiens, Misereres e Sinfonnias Fúnebres.
·                    Impressiona, porém, a dificuldade maior de expressar o mistério complementar da Ressurreição. Talvez por estar já embutido e subjacente à saudade das pessoas que se juntam nos locais transformados em memorial, ou implícito na tristeza e encenações da paixão na semana santa celebrada conforme diferentes ritos e tradições em muitas cidades pelo mundo afora. A “Ressurreição”, ao contrário, contrasta com o realismo da cenas de flagelação e dor, e a arte sacra parece mais carregada de surrealismo, onde a imaginação mostra um Cristo pairando no ar entre anjos e luzes. Talvez pinturas e ícones ortodoxos consigam manter o mesmo tom na ressurreição, pois na toda representação ortodoxa tende a mostrar sempre a figura humana transformada pelo Espírito. Seja como for, é certo que têm mais força de impacto as imagens da guerra e da violência, ao passo que não é possível fazer imagens e vídeos da vida e da ressureição. A dor e o mal podem virar imagens públicas. Vida e ressurreição só podem ser reconhecidas no segredo das células ou intimidade entre pessoas.
2)    O túmulo vazio
·                    O texto de hoje (João, cap.20) mostra as três primeiras testemunhas do Cristo ressuscitado como três estágios na reação frente ao novo Mistério. Madalena pensa que roubaram o corpo do Mestre; Pedro emudece e apenas “vê”: panos no chão, o lenço que cobria a cabeça, dobrado. Reação diferente teve o “outro discípulo” (chamado “discípulo amado” talvez por ter sido o amigo mais íntimo e constante. Ficou até o fim, ao lado de Maria e das outras mulheres, ao pé da cruz. Só um discípulo “viu e acreditou”, como narra o escritor do evangelho.
3)    Esperança, Fé e Caridade
·                    O túmulo vazio não é, portanto, “prova” da ressurreição, embora indício forte que se realizara a promessa do Mestre. A ausência do corpo no sepulcro pode despertar sempre a hipótese do roubo. Aliás Mateus (cf.cap.28) refere que os sacerdotes e chefes do povo (que tinham conseguido uma guarda romana para o sepulcro) logo pensaram nisso. E subornaram os soldados. Estes estavam apavorados pelo tremor de terra, relâmpagos e luzes que referiram (a ponto de perder os sentidos conforme verso4 do cap.28). Eles não viram o Ressuscitado, mas testemunharam seu pavor, pois viram removida a pesada pedra da entrada do sepulcro. O suborno servia para espalhar o boato: Dizei: Vieram de noite os seus discípulos e, dormindo nós, o furtaram. E, se isto chegar aos ouvidos do governador [Pilatos], nós o persuadiremos, e vos poremos em segurança.E eles, recebendo o dinheiro, fizeram como estavam instruídos. E foi divulgado este dito entre os judeus, até hoje. (Mt28,13-15). Só mesmo a propina para os idiotas aceitarem esta confissão de culpa a contradição na frase: dormiam, mas viram os ladrões...
·                    Nós não fazemos ideia do que seja Ressuscitar. O ser humano só tem experiência da morte (vendo os outros morrerem e sabendo que passarão pelo mesmo). “Ressurgir, ressuscitar” refere-se em várias línguas a: levantar-se (do sono, da cama, da morte), pôr-se de pé. O mesmo sentido em português e outras línguas derivadas do latim: ressurgir é surgir de novo, voltar à vida. Só nos resta Crer, como o “discípulo amado. Ele, que tinha ido ao enterro do amigo, agora precisava encontrar uma resposta para o túmulo vazio. Terá certamente pensado: não é possível aceitar que o Criador da Vida fique para sempre dominado pela morte. O discípulo amado se lembraria também das promessas do seu Mestre referentes à ressurreição.
·                    A fé é certeza, construída de Esperança. A confiança é tal que gera as forças necessárias para seguir fazendo o bem, ultrapassando a dor e o desespero, tragédias, acidentes e perseguições. Cerca de 7 mil muçulmanos foram massacrados recentemente no “genocídio da Bósnia”. E todos nós já levamos parentes ou amigos ao cemitério. Poucos ou milhares de todos deploramos a morte. O ser humano não pode simplesmente desaparecer. Nosso protesto não é só contra os responsáveis por guerras na Bósnia, ou nas ruas de nossa cidade. Nunca nos conformamos na tristeza e na saudade de nossos mortos. Eles gritam para ter suas vidas devolvidas, seja porque assassinados como Abel, seja porque mortos por acidente ou por causas naturais. Com eles clamamos por uma nova “justiça”.
4)    Feliz Páscoa!
·                    Entre nós os costumes sociais às vezes nivelam tradições religiosas ao folclore social. Dizemos Feliz ou Boa Páscoa, do mesmo modo como Boas Festas/Feliz Natal. Em outras línguas os cristãos misturaram, na linguagem, a Páscoa com antigas celebrações pagãs do renascimento trazido pela primavera (outono, no Brasil). Os ortodoxos guardara a saudação essencial da Páscoa: Christós anésti : Cristo ressuscitou (núcleo central da fé cristã): sua ressurreição é a garantia da nossa. Certamente não cremos numa espécie de garantia de “prosperidade” infelizmente objeto da pregação de falsos profetas. Porque, diante do túmulo vazio não cabem fogos de artifício nem os aplausos do domingo de ramos. Ou o silêncio da dor de Madalena que imagina terem levado “o corpo de meu senhor” (cf;João20,13), ou o espanto mudo de Pedro, ou a confiança silenciosa do “outro discípulo” que “compreendeu” tudo num único olhar amoroso.


ooooooooooo ( * ) Prof. (Edu/Teo/Fil,1975-2012) fesomor2@gmail.com

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