14 de Março - Segunda - Evangelho - Jo 8,1-11
Os escribas e fariseus trouxeram ao Senhor uma mulher, surpreendida em flagrante adultério. Segundo a lei mosaica, insinuam capciosamente a Jesus que esta mulher deve ser apedrejada. Cristo guardou silêncio, enquanto escrevia com o dedo no chão. Como insistiam na pergunta, ergueu-se e disse-lhes: “O que tiver sem pecado, atire a primeira pedra”.
Esta resposta não a esperavam eles. Um após o
outro foram-se afastando, começando pelos mais velhos. O fato é que Cristo e a
acusada ficaram sós. “Mulher – perguntou-lhe Jesus -, ninguém te
condenou? Também eu não te condeno. Vai e daqui em diante não voltes a pecar”.
Deve ter chorado de emoção e agradecimento aquela
pobre mulher. O olhar de perdão do Mestre tinha-lhe devolvido a vida e,
sobretudo, a sua dignidade pessoal. Sentia-se regenerada, porque o perdão de
Deus reabilita a pessoa. Por sua vez, os hipócritas queriam fazer recair
discriminadamente sobre a adúltera – tal como os dois velhos obscenos sobre a
casta Suzana – todo o peso de uma lei que era igual para ambos os cúmplices.
Aproxima-se já a Páscoa, isto é, o juízo salvador
de Deus, a vitória definitiva de Cristo sobre o pecado e a morte. Jesus sabe-o.
Por isso, renunciando condenar a mulher adúltera e desmascarando os acusadores
dela, Cristo vai ganhando a pulso a Sua própria condenação.
Nós, porém, temos uma tendência muito grande de julgar os outros.
Lançar a culpa para os outros parece-nos o mais natural. No
entanto, todos somos pecadores e imperfeitos diante de Deus. E, contudo, o
Todo-poderoso não nos rejeita se O reconhecemos e tentamos converter-nos,
abandonando o pecado. Então o Senhor nos restaura na nossa dignidade de pessoas
e filhos Seus, sem interrogatórios e reprimendas – como Jesus com a adúltera -,
mas, abrindo-nos à alegre confiança do que se sente querido e convidado para
uma vida própria de quem renasceu para o perdão.
Aqueles falsos puritanos não eram muito piores
que nós, que vemos com precisão o cisco no olho alheio, sem nos importar com a
trave no nosso. É absurdo constituirmo-nos juízes dos nossos irmãos. Isso é
competência de Deus, o único que conhece a fundo as pessoas com seus
condicionamentos psicológicos e as suas limitações de liberdade e, portando, a
responsabilidade e culpabilidade de cada um.
Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova.
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