Comentários-Prof.Fernando* preparando o Natal/4 = 21 dez.
2014
4º
dos 4 domingos de preparação: de (G)graça
[2Samuel
7,1-5.8-12.14.16; Romanos16,25-27; Lucas 1,26-38]
Do rei
famoso, Davi a uma mulher, chamada Maria
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No 1º domingo dos 4 de
preparação do Natal, meditamos sobre Criador que se faz Carne. Depois: Caminhos. No 3º: a Alegria. Hoje, bem perto da
Festa, contemplamos o dom de Deus que se entrega. Alegra-te Maria, pois recebeste a Graça (de graça). Todas as
religiões procuram “subir” até os céus. Aqui, porém é Ele que “desce” até nós. Conversou
com Abraão e Moisés, trouxe ao povo Liberdade.
·
Davi (segunda leitura
de hoje) preocupa-se em construir uma casa digna de Deus (o templo). Mas, diz-lhe
um profeta: Não és tu quem me edificará
uma casa para eu habitar. Davi pensava – dentro da estabilidade alcançada por
seu reino – que já era tempo de construir uma habitação digna para Deus (um Templo
será feotp. Mas por seu filho, Salomão). Não é preciso “fazer” nada para Deus,
mas ele é quem vai construir uma “Casa” para Davi, de cuja descendência virá o
Messias e seu reino que não terá mais fim
(Lucas1,33). Deus não quer ser prisioneiro de uma Arca ou de um Templo. Mais do
que em qualquer “espaço sagrado” (preocupação da Religião), sua presença é a do
pastor de Israel: ele quer estar
próximo de cada um. Davi é escolhido na Graça.
·
Não há, da parte do
ser humano, nenhuma possibilidade de fazer um dom a Deus, mas este vem morar
dentro do próprio ser humano (é o fundamento maior dos Direitos Humanos: o “sagrado”
da Pessoa). Nisto se resume o Evangelho: tudo o que está a nosso alcance para
responder ao dom de Deus é cuidar do outro ser humano, “templo” da divina
presença, que é mais importante que qualquer sacrifício ou oferta. Parece que vemos
aqui a Bíblia andar na contramão de certa pregação de dízimos e distribuição de
objetos sagrados, onde estaria a cura e prosperidade, “amuletos” de Deus...
·
Davi prefigura Maria.
A que recebe a Graça (gratuita!). A longa caminhada do povo de Israel é
contínuo aprofundamento da compreensão do Dom. Deus quer evitar a absolutização
do sacrifício ou do templo (isto é, da Religião – cf., por ex., o diálogo de
Jesus com a mulher samaritana – João 4). Maria “escuta” e aceita a Palavra do
Mensageiro. É o protótipo da Fé.
O
que fazer com o Dom recebido?
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O dom que nos foi
dado (a graça recebida no Natal, vida, morte e ressurreição de Jesus) é um presente
tão grande que não podemos guardá-lo só para nós. Toda “anunciação” que nos é repetida
em inúmeros momentos da vida quer dizer: ele conta conosco para “nascer” no
coração dos seres humanos. Precisa de nossas mãos para trabalhar, de nossa boca
para anunciar, de nossos olhos para ver o sofrimento humano que vamos aliviar
até curar. O diálogo entre Maria e o Mensageiro (=Anjo) de Deus não podia ser
mais simples. As perguntas não são para “interpretar” os planos divinos, mas
para saber como agir a fim de que se realize a proposta celeste.
·
Diante da Palavra que
diz “a Deus nada é impossível” ela aceita, na confiança da Fé, o dom. Em Maria
este Dom tornou-se, literalmente, Carne vivente em seu seio. Como Abraão, Davi
e os Profetas, Maria também compreendeu que só precisava aceitar a presença. A “força
do Altíssimo” – como é comum dizer-se no Antigo Testamento – é como nuvem que
nos envolve: nosso ‘invólucro’.
·
Ele não está na Arca: ele é a Arca que nos
guarda, um Templo que nos protege. Eis o caminho inverso do querer fazer uma
habitação para Deus, como pensava inicialmente Davi, ou, nas palavras do
profeta: Vou preparar um lugar para o meu
povo: eu o implantarei de modo que possa lá morar sem jamais ser inquietado. Os
homens violentos não voltarão a oprimi-lo como antigamente (...) Eu suscitarei,
um teu filho, e confirmarei a sua realeza. Eu serei para ele um pai e ele será
para mim um filho. Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de
mim, e teu trono será firme para sempre” (verso 10 e 12-16 – segunda
leitura).
·
Diante da pretensão
de se fazer grandes Templos para Deus, ele se fez, para o ser humano, um
“invólucro”, abrigo protetor, um pai. Palavra de embaixador: O
Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua
sombra.
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( * ) Prof.(1975-2012:filos/educ;teol/ética) fesomor2@gmail.com
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