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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

MENSAGEM DE NATAL-Prof. Fernando Soares

Natal 2014 - COM A PALAVRA: TRÊS “MÍSTICOS” DE NOSSO TEMPO
A todos os amigos de Salviano e das Páginas Homilia Dominical e Liturgia diária comentada desejo um Natal de paz. Prof. Fernando

Sal me pede para escrever uma Mensagem de Natal. Escolhi então selecionar algumas palavras que foram escritas e ditas por três místicos que são líderes de igrejas cristãs que buscam a unidade que se constrói na escuta das carências atuais do  ser humano. O Patriarca ortodoxo lembra que a Igreja de Cristo existe para o mundo e para o ser humano. Papa Francisco diz haver “3 vozes” para ouvir:  a dos pobres, a das vítimas de conflitos e a dos jovens. Irmão Alois (pronunciar Aloíí) diz: o Senhor nos trouxe Luz, Liberdade e Amor.

[1] BARTOLOMEU

Em visita (28-30 novembro) ao Patriarcado ortodoxo de Constantinopla, em Istambul, na Turquia, Francisco, bispo de Roma e papa da Igreja Católica, participou da Divina Liturgia celebrada pelo Patriarca Ecumênico Bartolomeu Iº na festa do apóstolo André, o irmão de sangue de Pedro. Segundo cada qual fundou o cristianismo num centro importante daquele tempo: Constantinopla e Roma.
Em sua homilia, Sua Santidade o Patriarca Bartolomeu Iº diz:
(...) de que serve permanecer fieis ao passado se isto não significar nada para o futuro? Que adianta nosso orgulho por tudo o que recebemos se isto não se traduzir em termos de vida para o ser humano e para o mundo de hoje e de amanhã? “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre (Hebreus 13,8). E sua Igreja é chamada a ter os olhos voltados não tanto sobre o passado, senão para o hoje e o amanhã. A Igreja existe para o mundo e para o ser humano, e não para ela mesma. (...)
Os problemas que a conjuntura histórica levanta hoje diante de nossas Igrejas nos impõem que superemos a introversão para enfrentá-los com a mais estreita colaboração que for possível. Não temos mais o luxo de agir separadamente. Os modernos perseguidores dos cristãos não perguntam a que Igreja pertencem suas vítimas. (...) Estendamos juntos a mão ao ser humano de nosso tempo, a mão do único que pode salvar por sua Cruz e sua Ressurreição.

[2] FRANCISCO

Na segunda parte de seu discurso, Francisco também insistiu:
No mundo atual, erguem-se com intensidade vozes que não podemos deixar de ouvir, pedindo às nossas Igrejas que vivam plenamente como discípulos do Senhor Jesus Cristo.
A primeira destas vozes é a dos pobres (...) sofrem por desnutrição grave, pelo desemprego crescente, pela alta percentagem de jovens sem trabalho e pelo aumento da exclusão social.  (...) Uma segunda voz que brada forte é a das vítimas dos conflitos em muitas partes do mundo. (...) violência, especialmente contra pessoas frágeis e indefesas, é um pecado gravíssimo contra Deus, porque significa não respeitar a imagem de Deus que está no homem. (...) Uma terceira voz que nos interpela é a dos jovens. (...) As novas gerações não poderão jamais adquirir a verdadeira sabedoria e manter viva a esperança, se nós não formos capazes de valorizar e transmitir o autêntico humanismo, que brota do Evangelho e da experiência milenar da Igreja. São precisamente os jovens – penso, por exemplo, nas multidões de jovens ortodoxos, católicos e protestantes que se reúnem nos encontros internacionais organizados pela comunidade de Taizé [pronunciar: Tezê] – são eles que hoje nos pedem para avançar rumo à plena comunhão.

[3] ALOIS LOESER (pronunciar: aloíí lêser)
         
A comunidade citada por Francisco – Taizé – também tem uma história de busca ecumênica da unidade e do serviço, na oração e proximidade junto aos pobres, aos perseguidos e aos jovens. Foi fundada em Taizé, França, pelo “Irmão Roger”, um protestante suíço que, inicialmente fez, de uma velha casa, abrigo para refugiados de guerra (1940) e esconderijo para judeus perseguidos. Com um grupo de amigos o grupo inicial passou a cuidar (1944) de órfãos. Entre 1952 e 53 escreveu a Regra da Comunidade, na qual ele e 7 amigos fazem um compromisso de vida comunitária, oração e trabalho.
Hoje Taizé (“uma parábola de comunidade” com gosta de repetir Irmão Alois) reúne uma centena de Irmãos, protestantes, na maioria, de diversas origens evangélicas, mas também católicos, vindo muitos de quase trinta países diferentes. Ganham a vida com seu próprio trabalho, não aceitando donativos. Referência mundial de espiritualidade, ecumenismo e serviços, fundaram Fraternidades em outros países, inclusive no Brasil. Promovem retiros e encontros de jovens, que participam de programas de oração comunitária e momentos de silêncio, oração individual e confraternização. O prior atual da comunidade, Irmão Alois, escolhido pelo fundador segundo os estatutos para ser seu sucessor é católico e entrou na comunidade em 1974, assumindo sua direção após a morte de Roger (16/08/2005). Para o nosso Natal cito algumas de suas reflexões:
· Longe de nos tornar subservientes ou sufocar a realização pessoal, a fé em Deus nos torna livres (...) Comentando as palavras do apóstolo Paulo «livre em relação a todos, fiz-me servo de todos» (1 Coríntios 9,19), Martinho Lutero escreveu: «O cristão é um homem livre, senhor de todas as coisas; não está submetido a ninguém. O cristão é um servo cheio de obediência e submete-se a todos.» (Lutero, em A liberdade do cristão).
· O que é e permanecerá a grande novidade, surpreendente, é que Jesus comunicou a luz de Deus através de uma vida muito simples. A vida divina tornava-o ainda mais humano – Jesus não era um grande asceta. Fazia milagres e, sobretudo, curava doentes, mas no momento decisivo em que teve de provar que era o enviado de Deus, na cruz, houve um silêncio de Deus, silêncio que ele aceitou partilhar com todos os que sofrem. (...) Ao aceitar uma morte violenta sem responder com violência, Jesus levou o amor de Deus onde só havia ódio.
· Na cruz, ele recusou o fatalismo e a passividade. Até ao fim, ele amou e, apesar do caráter absurdo e incompreensível do sofrimento, manteve a confiança de que Deus é maior do que o mal e de que a morte não teria a última palavra. Paradoxalmente, o seu sofrimento na cruz tornou-se o sinal do seu amor infinito – Perante o incompreensível sofrimento dos inocentes, ficamos muitas vezes desconcertados. E a pergunta, o grito, que atravessa a história humana toca o nosso coração: onde está Deus? Não temos uma resposta pronta, mas podemos confiar--nos a Cristo, que venceu a morte e que nos acompanha no sofrimento.
É nesta Fé que vamos celebrar a festa do Natal.
Texto integral:
1)   saudação de Bartolomeu 1º, em várias línguas:
2)    saudação de Francisco, texto em português:
3)   Reflexões do Irmão Alois:
·       Sobre a Comunidade de Taizé:  http://www.taize.fr/pt_article16292.html

·       Sobre o encontro de jovens (28dez14-2jan2015 – este ano em Praga (República Tcheca) – ver no Facebook: http://www.facebook.com/TaizePrague2014

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