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de Dezembro - Quarta - Evangelho - Jo 1,1-18
E
a Palavra se fez carne.
Nós
estamos no último dia do ano. Vamos olhar para trás e agradecer. Agradecer a
vida nossa e de nossos queridos, agradecer a saúde, a família, as amizades e
tantas outras coisas. Não nos esqueçamos de agradecer a Redenção, que é o maior
presente que ganhamos. Jesus é “Emanuel”: Deus conosco.
O
Evangelho da Missa de hoje, além de introdução ao Evangelho de S. João, é
também síntese deste Evangelho. A página tem sublime altura teológica e nos
relata o nascimento histórico de Jesus com a Encarnação de Deus, eterno e
criador de todas as coisas. Por isso, Jesus é chamado de Palavra, pois a
palavra manifesta algo que não vemos, que é a idéia de quem fala.
O
Evangelho contém três partes, entre as quais se intercala o testemunho de João
Batista sobre Cristo, a Luz do mundo: 1) A existência eterna da Palavra
criadora de Deus. 2) A vinda dessa Palavra ao mundo, a força transformadora
dela no meio do mundo pecador, e a resposta deste mundo a ela, que tem duas
direções opostas: “O mundo não quis conhecê-la... Mas aqueles que a
receberam...” É a incredulidade e a fé que se opõem. 3) A Encarnação é um modo
novo de presença de Deus entre os homens, mais próxima e pessoal do que a
criação. É isto que celebramos no Natal.
Também
está aqui o mistério mais profundo e o ponto inicial do seguimento de Jesus: a
fé cristã.
O
versículo 14: “E a Palavra se fez carne e habitou entre nós” constitui o cume
do Novo Testamento. A Palavra se fez carne, isto é, sujeitou-se à debilidade, á
mortalidade e impotência humana. O imenso e eterno criador do mundo com suas
galáxias, torna-se uma criatura que chora, que tem fome e sede. É assim que
Deus consegue uma total proximidade com o homem. É o mistério do amor de Deus
por nós, tão grande que nunca o entenderemos plenamente. A partir de agora, Jesus
Cristo, a Palavra viva do Pai, será o lugar de encontro entre Deus e os homens,
pois é igual a nós em tudo, exceto no pecado.
Deus
se serviu da condição humana para salvar o homem. Hoje, ele continua se
servindo da nossa condição humana para levar a todos essa salvação. Cabe a nós
beber com alegria desta fonte de Água Viva, que começou no Natal, e levá-la aos
outros.
“Veio
para o que era seu, mas os seus não o receberam.” É uma síntese da triste
resposta a Deus, não só por parte do povo judeu mas do mundo inteiro. Se a
mensagem libertadora da Encarnação de Deus ainda não mudou a face do nosso
planeta, ninguém pode julgar-se isento de responsabilidade no conflito entre a
luz e as trevas.
Por
causa das trevas do nosso coração, ainda não captamos o mistério de amor e a
mensagem de conversão a Deus e aos irmãos que o Natal nos transmitiu. “A Luz
veio, mas os homens preferiram as trevas à Luz, porque suas obras eram más”.
Quem age errado prefere as trevas para que suas obras não sejam manifestas. O
certo é que ainda não acolhemos direito a divina visita que bateu à nossa
porta. “De tal modo amou Deus ao mundo que lhe deu seu Filho único” (Jo 3,16).
Certa
vez, um jovem rei, durante uma caçada no campo, travou conversa com um jovem
pastor que lhe parecia simpático. Depois do bate papo, o príncipe quis fazer
amizade com o rapaz. Mas este, consciente da distância social que os separa,
recusou tal amizade. Então o jovem rei arranjou uma maneira mais eficaz. Foi
para casa e voltou disfarçado em pastor, como se fosse da mesma classe social
do simpático jovem. E surgiu a amizade.
Deus
fez conosco como este jovem: tornou-se igual a nós para que lhe sejamos amigos
e amigas. Mas, infelizmente, ele está conosco, igualzinho a nós, e não nos
tornamos seus amigos, nem o conhecemos.
“Quando
se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher”
(Gl 4,4). Nós agradecemos a Maria sua valiosa colaboração na nesse plano
salvador de Deus, e pedimos a ela que nos ajude a acolher bem a visita que Deus
nos faz.
E
a Palavra se fez carne.
Padre
Queiroz
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