Domingo,
21 de Dezembro de 2014
Quarto Domingo do
Advento
Pedro Canísio,
presbítero e doutor da Igreja (1597)
2Samuel7,1-5.8b-12.14a.16:
O reino de Davi durará para sempre na presença do Senhor
Salmo 88: Cantarei
eternamente tuas misericórdias, Senhor
Romanos 16,25-27: O
mistério, mantido em segredo durante séculos, agora se manifestou
Lucas 1,39-45. Bendita
és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre.
COMENTÁRIO
A
leitura do segundo livro de Samuel conta que Davi deseja edificar uma casa a
Javé em Jerusalém. Javé se comunica ao profeta Natan: não seria Davi o
construtor de uma casa Javé, mas que Javé edificaria uma casa a Davi. Naquele
tempo “casa” era entendida de várias maneiras: templo, morada, ou descendência,
isto é, a permanência da linhagem de Davi no trono de Israel. Esta é a promessa
que Javé faz a Davi e que a tradição posterior interpretará em relação ao
Messias como filho-descendente de Davi. A primitiva Igreja entendeu estas
palavras em relação a Jesus como o verdadeiro Messias. Mateus e Lucas se
esforçam em apresentar em suas genealogias a Jesus como descendente de Davi, e
várias vezes o chamam filho de Davi. É claro, Jesus é o Messias esperado, nele
se cumprem as promessas de Deus.
Nos
versículos do Salmo 88 podemos perceber a relação de Jesus com Deus. O salmo é
um hino ao Criador, seguido de um oráculo messiânico. Nesse oráculo o salmista
coloca na boca de Deus estas palavras: eu o nomearei como meu primogênito,
altíssimo entre os reis da terra. É uma referência ao Messias, ao salvador
esperado, porém que nós como cristãos, o lemos claramente referido a Jesus. Ele
é o Filho, a primícias da nossa salvação, o primogênito entre todos os homens.
Por sua pregação, por sua simplicidade e serviço aos pequenos, por seu sim
incondicional a Deus até a more, Deus os ressuscitou, fazendo-o altíssimo entre
os reis da terra.
A
segunda leitura, da carta de Paulo aos Romanos, apresenta uma oração de louvor
a Deus (doxologia) com a qual conclui toda a carta. A oração é dirigida a Jesus
Cristo, no qual se revela o mistério de Deus, mantido oculto pelos séculos, e
que agora foi dado a conhecer a todos e, em especial, aos gentios para a
obediência da fé. Finaliza com uma bênção, tomadas dos costumes judaicos.
Reconhecemos que o mistério oculto durante séculos, é Jesus mesmo que agora
revela o rosto do Pai e que se converte em salvação para todos os homens.
No
evangelho o anjo anuncia a Maria o nascimento de Jesus, e assim ela se converte
na primeira discípula e evangelizadora: escuta a palavra de Deus, é capaz de
reconhecer que a ação de Deus passa pelos mais pequenos e humildes. Maria era
uma mulher jovem e pobre de um pequeno povoado situado ao norte do país. Ela
recebe o anúncio do anjo, que a surpreende,
Mas
sabe reconhecer a ação de Deus no anúncio. Ela o confirma e diz sim a Deus.
Diferentemente de Zacarias, o sinal que Maria pede da parte de Deus não se
relaciona à incredulidade, mas à necessidade de colocar em prática as palavras
do anjo.
O
evangelista Lucas coloca, de maneira consecutiva, o anúncio a Zacarias e o
anúncio a Maria para ressaltar que a ação de Deus se manifesta fora do Templo,
fora do lugar sagrado, em meio aos pobres e abandonados, como o é Maria,
triplamente excluída: por ser mulher, por ser pobre e por ser jovem. E é nesse
lugar de pobreza e exclusão onde o projeto de Deus para a humanidade vai
frutificar, por meio do sim consciente de Maria e de todos os que se
identificam com ela.
A
criança que nascerá de Maria será o Salvador, o Messias, um “Filho de Deus”,
que se faz humano na pessoa de Jesus para que, sendo como ele, os seres humanos
sejamos semelhantes a Deus. Porém, não o faz contra a vontade dos homens.
Maria, com seu “sim” ao projeto de Deus, introduz Jesus na história, fazendo-se
homem pobre e crente.
Advento
é tempo de preparação, de espera da festa da Natividade, da manifestação do
Messias. Participar desta festa é assumir a mesma dinâmica de Maria que diz sim
a Deus e a mesma atitude de Deus que se faz pobre para nossa salvação na pessoa
de Jesus de Nazaré.
Oração:
Ó Deus, que em outros tempos e de muitas formas, falaste por teus profetas a
todos os povos e nações e que para nós em nosso irmão Jesus de Nazaré, fizeste
brilhar teu amor de um modo inefável, faze que à luz de tua Palavra,
disseminada por todo o mundo, todas as religiões acolham o dom de tua Palavra e
a pratiquem na fraterna-sororidade universal que a todos nos prometeste. Tu que
vives e fazes viver, amas e fazes amar, pelos séculos dos séculos. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário